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ALTAS TEMPERATURAS

2025 deverá ser o segundo ou terceiro ano mais quente da história

11 de novembro de 2025
6 min. de leitura
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Foto: Javier Miranda/Unsplash

A sucessão alarmante de temperaturas excecionalmente altas continuou em 2025, que deverá ser o segundo ou terceiro ano mais quente de sempre, de acordo com a atualização State of the Global Climate 2025 da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Os últimos 11 anos, de 2015 a 2025, registaram-se individualmente como os onze anos mais quentes desde que existem registos (176 anos), com os últimos três anos a ocuparem o pódio dos anos mais quentes de sempre. A temperatura média próxima da superfície entre janeiro e agosto de 2025 foi 1,42 °C ± 0,12 °C acima da média pré-industrial, segundo o relatório da OMM.

As concentrações de gases com efeito de estufa e o conteúdo de calor nos oceanos, que atingiram níveis recorde em 2024, continuaram a aumentar em 2025. A extensão do gelo marinho no Ártico após o inverno foi a mais baixa de sempre, enquanto no Antártico manteve-se muito abaixo da média ao longo do ano. A tendência de subida do nível do mar manteve-se, apesar de pequenas flutuações temporárias devido a fatores naturais.

Eventos extremos relacionados com o clima – desde chuvas e inundações devastadoras até ondas de calor intensas e incêndios florestais – tiveram impactos em cadeia na vida das pessoas, nos meios de subsistência e nos sistemas alimentares, contribuindo para deslocações em várias regiões e prejudicando o desenvolvimento sustentável e o progresso económico.

“Esta sequência sem precedentes de temperaturas elevadas, combinada com o aumento recorde dos gases com efeito de estufa no ano passado, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem ultrapassar temporariamente este objetivo. Mas a ciência também é clara: ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até ao final do século,” afirmou Celeste Saulo, Secretária-Geral da OMM.

“Cada ano acima de 1,5 graus afetará economias, aprofundará desigualdades e provocará danos irreversíveis. É necessário agir agora, com rapidez e à escala adequada, para que qualquer ultrapassagem seja mínima, breve e segura – e para que as temperaturas voltem a cair abaixo de 1,5°C antes do final do século,” disse António Guterres, Secretário-Geral da ONU, citando o relatório da OMM na sua declaração durante a Cimeira do Clima de Belém.

O relatório da OMM foi divulgado no âmbito da COP30, em Belém, Brasil, servindo como referência científica para fundamentar negociações com base em dados autoritativos. Destaca indicadores climáticos-chave e a sua relevância para apoiar decisões políticas, funcionando como ponte para relatórios científicos mais detalhados, mas menos frequentes.

O documento apresenta ainda um panorama de como a comunidade da OMM apoia decisores com inteligência sobre o clima e o tempo. Desde 2015, o número de países com sistemas de alerta precoce multirrisco (MHEWS) mais do que duplicou – de 56 para 119 em 2024. No entanto, 40% dos países ainda não possuem MHEWS, sendo necessária ação urgente para colmatar estas lacunas.

Os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais (NMHS) têm um papel crescente nos planos de ação climática, reconhecendo cada vez mais a importância de serviços climáticos, como previsões sazonais, em setores-chave como agricultura, água, saúde e energia. Quase dois terços dos NMHS oferecem atualmente algum nível de serviços climáticos – de essencial a avançado – em comparação com cerca de 35% há cinco anos.

À medida que os fatores climáticos moldam a oferta e a procura de energia renovável, torna-se essencial antecipar estas influências para construir sistemas de energia limpos, fiáveis e flexíveis.

Temperaturas

As condições de El Niño, que aumentaram as temperaturas globais em 2023 e 2024, deram lugar a condições neutras/La Niña em 2025. A temperatura média global próxima da superfície entre janeiro e agosto de 2025 foi 1,42 °C ± 0,12 °C acima da média pré-industrial, ligeiramente inferior a 2024 (1,55°C ± 0,13 °C).

O período de junho de 2023 a agosto de 2025 registou uma longa sequência de recordes mensais de temperatura (exceto fevereiro de 2025). O aquecimento dos últimos três anos está relacionado com a transição de uma La Niña prolongada (2020 a início de 2023), embora a redução de aerossóis e outros fatores também tenha contribuído.

Conteúdo de calor nos oceanos

O calor acumulado nos oceanos continuou a subir em 2025, acima dos valores recorde de 2024. Mais de 90% da energia excedente da Terra é absorvida pelos oceanos, acelerando o aquecimento, a perda de gelo polar, intensificando tempestades tropicais e subtropicais e contribuindo para a subida do nível do mar.

Subida do nível do mar

A taxa de subida do nível do mar quase duplicou desde o início dos registos por satélite, passando de 2,1 mm/ano (1993–2002) para 4,1 mm/ano (2016–2025), devido ao aquecimento dos oceanos, à expansão térmica e ao derretimento de glaciares e mantos de gelo.

Gelo marinho

O gelo marinho do Ártico atingiu o máximo anual mais baixo de sempre (13,8 milhões de km² em março) e manteve-se abaixo da média ao longo do ano. A extensão do gelo antártico registou os terceiros valores mais baixos da história, tanto no mínimo anual (2,1 milhões km² em fevereiro) como no máximo (17,9 milhões km² em setembro).

Glaciares

O ano hidrológico 2023/2024 marcou o terceiro ano consecutivo de perda líquida de massa em todos os glaciares monitorizados globalmente, com uma perda de 450 gigatoneladas, equivalente a 1,2 mm de subida média do nível do mar – a maior perda registada desde 1950.

Gases com efeito de estufa

Em 2024, as concentrações de CO₂, metano e óxido nitroso atingiram níveis recorde. A concentração de CO₂ passou de 278 ppm em 1750 para 423,9 ppm em 2024, com um aumento de 3,5 ppm apenas entre 2023 e 2024, valor recorde recente.

Eventos extremos

Inundações em África e Ásia, incêndios na Europa e América do Norte, ondas de calor globais e ciclones tropicais mortais provocaram enormes perdas económicas, sociais e de vidas.

Energia renovável

O aumento da capacidade global de energia renovável exige integração de dados climáticos em toda a cadeia de valor, da geração à distribuição. Em 2024, a procura de energia global foi 4% superior à média de 1991–2020, chegando a quase 30% acima do normal em algumas regiões de África.

Serviços climáticos e alertas precoces

Serviços climáticos, como previsões sazonais e informações sobre ondas de calor, tornaram-se essenciais na implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas. A cobertura global de sistemas de alerta precoce aumentou significativamente desde 2015, mas 40% dos países ainda carecem destes sistemas, sendo a sua expansão particularmente crítica em países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares.

Fonte: Greensavers

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