O Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Ibama do Rio de Janeiro anunciou que interrompeu as atividades a partir desta quinta-feira (16).
A própria superintendência estadual do instituo decidiu na semana passada o fechamento da unidade. Foi enviada uma nota aos órgãos ambientais estaduais, municipais, a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros do Rio.
O comunicado foi assinado pela diretora técnica Hevila Peres da Cruz, que somente notificou que o CETAS fechará as portas por tempo indeterminado, ou até que sejam restituídos os requisitos mínimos para o íntegro funcionamento do centro. Hevila também afirmou na nota que o Ibama está enviando reforços para solucionar o problema. Não foi informado o que vai haver com os animais que vivem na unidade.
O CETAS abriga cerca de 1,5 mil animais e recebe anualmente até 11 mil espécies silvestres. A maioria deles são resgatados em operações contra o tráfico de animais, ou encontrados pela população nas cidades e encaminhados ao centro pela Polícia Ambiental. Os animais chegam no local com a saúde muito debilitada ou com ferimentos graves, necessitando de auxílio médico, além de enfermaria, higienização dos ambientes e alimentação.
Por ser o único Centro de Triagem do Rio de Janeiro, a única opção que se apresenta seria enviar os animais para outros centros fora do estado. Os CETAS mais próximos ficam em Juiz de Fora, em Minas Gerais, Lorena, em São Paulo, e Serra, no Espírito Santo.
A administração do Ibama do Rio foi denunciada este ano, por viabilizar diversas irregularidades na administração no estado. Uma investigação apontou que o centro estava à beira da falência e que cerca de 600 animais morreram no local por negligência.
Logo após a divulgação do caso pela TV Globo, o superintendente do Ibama do Rio, o contra-almirante Alexandre Dias da Cruz, realizou a contratação de uma empresa terceirizada para atender os animais. Alexandre foi indicado para o cargo pelo ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que foi cercado de controvérsias e polêmicas durante a sua administração na pasta.
Há uma semana, o Ibama notificou através de um comunicado que o bloco principal do CETAS estava sem energia elétrica, e que com isso o setor administrativo estava inoperante, além de que as geladeiras e freezers que conservam as comidas e os medicamentos dos animais, se encontravam inutilizáveis. Além de todos esses problemas, o CETAS afirmou em nota que o instituto trabalhava com apenas um terço dos servidores exigidos para o funcionamento efetivo do centro.
Os Ministérios Públicos Federal e Estadual, encaminharam nessa quarta-feira (15) à Justiça um pedido para que o Ibama assegure a realização de obras em caráter emergencial no CETAS, concedendo até 60 dias para a reabertura do centro de triagem. A ação civil pública, também solicita à Justiça que no prazo de cinco dias o CETAS apresente uma solução para a pane elétrica do abrigo.
É exigido também que os animais sejam reintroduzidos na natureza após os devidos cuidados e que não sejam transferidos para outros centros de triagem.
Para o Procurador da República, Sérgio Suiama, é improcedente o envio de animais para outros institutos. “Um jabuti, um tatu, um passarinho, ou um tucano que seja resgatado na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, teria que viajar 200 quilômetros em uma viatura até o CETAS de Juiz de Fora ou de Lorena, e depois os oficias teriam que voltar. Imagina cerca de 11 mil animais que são resgatados todos os anos precisando realizar essa viagem, imagina o caos dessa situação. Simplesmente não há lugar para que esses animais sejam destinados aqui no estado. É uma situação insustentável”, pontua Sérgio.
A Superintendência do Ibama Rio foi questionada pelo jornal RJ2, se existe um cronograma de obras, e qual o prazo para reabertura do Centro de Triagem, mas não obteve resposta do instituto.