O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a suspensão do Festival das Tradições Espanholas da Tauromaquia, uma tourada marcada para o dia 11 de dezembro na cidade de Maracay, capital do estado de Aragua. O juiz se referiu ao evento como “matança pública de animais” e ordenou a retirada de toda publicidade relacionada à atividade.

O evento marcado para acontecer em uma praça portátil de propriedade do toureiro venezuelano Erick Cortez, que cria touros para feiras do gênero em todo o país e foi boicotado, conta com a parceria dos espanhóis Manuel Escribano e David Galán, que assassinam os animais.

A tourada aconteceria no Shopping Parque Los Aviadores, em Palo Negro, uma das regiões mais movimentadas de Maracay. No pôster da exibição era possível ver os seis animais que seriam mortos durante a mostra.

Pela primeira vez na história da Venezuela, um alto representante do governo se posicionou sobre as polêmicas touradas que continuam acontecendo em algumas regiões do país. Para impedir o evento de Araguá, o magistrado emitiu uma nota jurídica de proibição de qualquer manifestação cultural da morte de animais em público.

À frente da Procuradoria-Geral da República, desde 2017, Saab se especializou em leis de proteção dos direitos animais, refreando qualquer prática de maus-tratos ou tráfico da fauna doméstica ou selvagem do país.

Conhecida como ‘Festa Brava’, as touradas eram muito comuns durante o século 20 em toda a Venezuela. Os eventos eram considerados um ‘esporte popular’ com direito a ídolos à nível nacional. Porém, com o surgimento de entidades e ativistas de defesa animal, as cerimônias de tortura começaram a incitar as críticas civis e o questionamento ético sobre a necessidade dos assassinatos, levando as corridas ao declínio.

Embora ausente da capital Caracas, esses eventos continuam sendo populares nas regiões do centro e do oeste do país, especialmente em Valência, Maracay, San Cristobál e Mérida, onde a força dessa tradição arcaica ainda está profundamente enraizada.