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REINO UNIDO

Cães comprados na pandemia são abandonados por tutores

Mais de 3,2 milhões de animais foram comprados no país durante o período de lockdown e abrigos enfrentam superlotação

25 de outubro de 2021
Amanda Andrade | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Reino Unido enfrenta abandono de cães
Cachorrinha Maggie, de um ano, foi abandonada pelos tutores em abrigo

Um dia depois de receber a cachorrinha Maggie, de um ano idade, a equipe do abrigo Hope Rescue Center, em Llanharan, no Reino Unido, encontrou um anúncio na internet em que os tutores tinham tentado vendê-la por 500 libras (quase R$ 3,9 mil).

Como não conseguiram vendê-la, os tutores abandonaram a cachorra da raça English Sheepdog no abrigo dizendo que ela tinha sido encontrada na rua.

A situação contada pelo Hope Rescue ilustra um cenário preocupante e cruel no Reino Unido: o crescente abandono de animais comprados durante a pandemia. O abrigo diz que o número de cães deixados em seu centro de resgate foi o maior em seus 15 anos de história.

Segundo números do governo britânico, mais de 3,2 milhões de animais de estimação foram comprados no país durante o lockdown decretado para combater a pandemia em 2020.

A instituição de caridade acredita que a tendência é que o número continue alto e mostra que o caso de Maggie não é único.

Funcionários do Hope Rescue contaram à BBC que diversos tutores de cães têm fingindo que seus próprios animais de estimação são cachorros sem raça definida encontrados na rua e deixado os animais em abrigos.

“Nós não podemos recusar cães de rua, então cães que tinham tutores estão entrando na fila à frente dos cães que realmente estavam abandonados”, diz Sara Rosser, chefe de bem-estar animal do Hope Rescue Center. “É um número sem precedentes no momento”, afirmou.

Crueldade e abandono

Rosser afirmou que só na semana passada cinco pessoas foram ao centro com cães que claramente eram seus próprios animais de estimação, mas o número “pode ser muito maior”.

O centro agora tem 150 animais abandonados – o maior número que já teve.

“Todos os abrigos estão lotados e os veterinários ligam para nós contando que pessoas abandonaram os cãezinhos na clínica”, diz Rosser. “Eles dizem ‘há alguma chance de vocês abrigarem os animais? Porque estamos preocupados que eles acabem tendo que ser sacrificados’.”

O Hope Rescue disse que recebeu mais de 7 mil pedidos de adoção de cães em 2021, durante a pandemia e teve que suspender os pedidos por causa do volume.

Mas mesmo assim os centros estão lotados por causa do aumento de pessoas que receberam cães durante o confinamento da pandemia e depois perceberam que não podiam cuidar deles quando a vida voltou ao normal.

“No momento, estamos ouvindo de todos os centros de resgate com que trabalhamos que eles também estão lotados e que estão sob enorme pressão”.

Os cães que chegam aos centros de resgate pós-pandemia têm uma incidência maior de problemas de saúde ou de comportamento, ou ambos, tornando mais difícil encontrar um novo lar para eles.

Frequentemente os cães não podem ser transferidos para outros centros de resgate porque eles também atingiram a capacidade máxima.

“Achamos que isso vai durar de dois a três anos, talvez até mais”, diz Meg Williams, gerente de desenvolvimento da Hope Rescue.

Abandono no Brasil

O Brasil também tem sofrido com o abandono de animais de estimação durante a pandemia. No entanto, não há dados oficiais sobre o tema.

No início de 2021 a entidade Ampara Animal divulgou um levantamento com a estimativa de que o abandono cresceu 60% entre julho de 2020 e fevereiro de 2021 em comparação com o mesmo período nos anos anteriores.

Outras entidades, como a Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal, e abrigos vem relatando o mesmo problema.

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