Um projeto realizado pelo Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu processo seletivo para a adoção de galos reabilitados após serem explorados em rinhas. Vítimas de extremos maus-tratos, as aves procuram produtores rurais interessados em lhes oferecer uma vida digna para que possam viver felizes após serem submetidos a sofrimento.
Atualmente, cerca de 50 galos são reabilitados pela equipe de profissionais do HVU. Os que estão disponíveis para adoção foram capacitados para atividades cotidianas e socializados com outros galos e galinhas.
“Como eles viveram muito isolados, nem com outros galos e galinhas, eles não sabiam fazer nada além de comer e brigar. E aqui ele está reaprendendo o que é ser um galo, ficar com as galinhas, ciscar e até empoleirar”, explicou ao G1 o gerente clínico do hospital veterinário, Cláudio Yudi.
Embora o projeto autorize que os galos sejam reproduzidos, os adotantes serão proibidos de matá-los. O objetivo é que as adoções sejam feitas por pequenos produtores rurais.
Conforme mencionado por Yudi, o MPMG destinou em julho R$ 40 mil ao projeto. O valor, advindo de medidas compensatórias ambientais, mantém o trabalho em prol dos galos em funcionamento, garantindo a compra de seringas, agulhas, ração e o pagamento de exames que avaliam o nível de estresse das aves.
O projeto realizado em Uberaba é uma extensão de uma experiência similar iniciada na cidade de Formiga. “Todos os galos que eram recolhidos no Triângulo Mineiro eram transportados para Formiga, porém, a distância trazia riscos aos animais e poderia trazer óbitos durante o trajeto. É um projeto piloto e nós estamos em parceria com a UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] para fazermos um grupo de disseminação de outros núcleos no Brasil”, relatou o veterinário.
Interessados em adotar as aves devem solicitar a ficha de cadastro ao HVU através do telefone (34) 3319-8787 ou do endereço eletrônico [email protected]. Ao efetuar a adoção, o produtor rural deve assinar um termo de compromisso de responsabilidade e cuidados.
Nota da Redação: a ANDA aplaude a iniciativa que vida salvar a vida dos galos – já que a maior parte dessas aves exploradas em rinhas são mortas após o resgate -, mas lamenta que o projeto autorize que os animais sejam reproduzidos para serem alvos de ações de melhoramento genético que visam apenas o lucro dos produtores rurais. Essas práticas objetificam as aves, colocando-as na condição de mercadorias. Animais são seres vivos e, portanto, não devem ser vistos como objetos lucrativos.