Camelos são considerados animais símbolo do deserto e além de serem frequentemente explorados em passeios e obrigados a transportar e entreter turistas, são obrigados a participar anualmente de uma festival que dura três dias. Além de serem adornados com indumentárias quentes e pesadas, os animais também têm que participar de uma corrida exaustivas com homens montados em cima, uma atividade que lembra as corridas de hipismo.

Não há nenhuma regra de bem-estar animal ou de segurança. Até mesmo crianças podem participar, pois quanto mais leve for o “jóquei”, há mais chance do animal ultrapassar a linha de chegada. Aldeões contam que essas corridas ocorrem no Saara, o deserto mais quente do mundo, há muitos anos e são uma forma de comemorar as chuvas de setembro. Pessoas de várias partes dos países que cercam o deserto, no norte da África, levam animais para participar da corrida.

O portal britânico Daily Mail fez uma matéria intitulada “Sahara camel race glory brings boy jockey big dreams for his future” (A glória da corrida de camelos do Saara traz grandes sonhos para futuros jockeys, em tradução livre), que romanceia a prática e banaliza totalmente o sofrimento e a exploração dos animais que são forçados a correr sob um calor escaldante em um local cuja umidade do ar pode chegar a apenas 14%. É cruel e nenhum pouco heroico.

A reportagem enaltece a prática e enfatiza como crianças sonham em montar camelos em corridas, ignorando todas as regras de segurança e os perigos que a suposta tradição envolve. O portal ainda informa que as corridas são estimuladas por apostas e prêmios. “As pessoas preferem não falar sobre seus problemas, mas apenas se divertir”, diz a matéria.

Como um dos maiores portais do mundo, é problemático que o Daily Mail banaliza casos graves de exploração e maus-tratos a animais. Em 2019, o The New York Times fez uma grande reportagem especial denunciando a crueldade a que camelos são explorados em passeios no Saara. Muitos animais são chicoteados, têm feridas abertas sem nenhum tipo de cuidado e curativos e não recebem água e alimentação adequadas.

Esses animais são verdadeiros escravos dos interesses humanos. As corridas de camelo enfrentam um problema maior para pressionar sua abolição, pois são é uma prática voltada para a comunidade local e não para atrair turistas. É preciso que ONGs e ativistas conscientizem o governo local que a exploração animal não cabe na evolução das sociedades modernas. Assim como nós, animais nasceram para viver livremente.