A empresa Sítio do Bem, de moda e acessórios com temática animalista, anunciou sua retirada das plataformas Mercado Livre e Mercado Pago após se deparar com anúncios de venda de animais domésticos. Ao se posicionar sobre o caso, a empresa afirmou que começou a receber ofertas de cães e gatos e que se surpreendeu, já que não tinha conhecimento do envolvimento do Mercado Livre no comércio que explora seres vivos.
A empresa acreditava que o ML funcionava da mesma forma que a maior parte das grandes plataformas que não aceitam anúncios de animais à venda “por considerar a prática uma violação dos diretos animais”.
“Por esse motivo, estamos desativando o Mercado Pago como opção de pagamento e pausamos todos os anúncios que tínhamos no Mercado Livre. Como alternativas de pagamento, você continua tendo o PayPal, PagSeguro, PIX e Depósito Bancário. Todos seguros e bem fáceis de usar”, informou o Sítio do Bem, que também orientou os clientes a denunciar os anúncios envolvendo animais liberados pela plataforma.
“E, se você também se sentir motivado, ou indignado, pode protestar diretamente no Mercado Livre. Faça assim: digite no campo de busca a raça de um animal, por exemplo, Gato Bengal ou Cão Yorkshire. Abra um dos anúncios e role a página até encontrar o botão “Denuncie”. Ele fica bem discreto no lado direito do monitor abaixo dos anúncios”, informou.
A empresa também entrou em contato com o Mercado Livre para fazer uma reclamação formal sobre os anúncios. A plataforma, no entanto, reiterou o compromisso de manter as vendas, apesar da objetificação de vidas inerente a essa prática e dos maus-tratos recorrentes.
Ao responder o Sítio do Bem, o ML afirmou que entende a preocupação da empresa, mas que possui uma política “relacionada a questão dos animais, que seria a Política de Flora, Fauna e derivados”. Embora seja bastante difícil garantir que pessoas que anunciam animais no site não os maltratam, o Mercado Livre afirmou que sua política interna busca “proteger e impedir” que animais domésticos explorados para venda sejam envolvidos em “qualquer indício de maus-tratos”. Disse ainda que essa política também é voltada a banir a venda de animais explorados em rinhas e de acessórios utilizados nessas práticas.
A nota enviada pela plataforma é assinada por Rodrigo, que se denomina funcionário do departamento de Atenção ao Cliente. Segundo ele, as políticas do site buscam “não permitir que venham a fazer mal a nenhum animal, por isso, conto com sua compreensão em relação a esta decisão, que visa manter a segurança e tranquilidade na plataforma”. “Nosso objetivo é oferecer a melhor experiência aos nossos compradores e vendedores, garantindo que os produtos cumpram as políticas do site. Esperamos contar com você em nossa plataforma”, conclui a resposta dada à empresa.
Clientes do Sítio do Bem apoiam boicote
Após o Sítio do Bem anunciar que não venderia seus produtos no Mercado Livre até que a plataforma proibisse anúncios de venda de animais, vários clientes da empresa apoiaram a iniciativa e defenderam o boicote ao ML.
“Gostaria de parabenizá-los por terem saído do Mercado Livre. É inaceitável que uma plataforma como essa ainda trate os animais como objetos! Absurdo! Animais não são coisas. Será que o pessoal dessa plataforma nunca ouviu falar sobre direitos dos animais?! Fora, Mercado Livre! Repensem suas políticas! Sítio do Bem, vocês têm o meu respeito. E, mais uma vez, parabéns pela atitude”, pontuou Leonor Kluber, de Porto Alegre (RS).
Moradora da mesma cidade, Miriam Braz Trindade considerou revoltante a decisão do Mercado de Livre de autorizar que animais sejam vendidos através de sua plataforma. “Alertada por vocês, fui verificar no Mercado Livre essa questão de venda de animais e fiquei pasma com essa atitude deles, indo na contramão com relação aos animais. Um retrocesso sem cabimento. Gente mesquinha que prefere o lucro à ética. É revoltante. Por conta disso, vou evitar a todo o custo comprar seja o que for no Mercado Livre. Grata pelo alerta e gostaria de ver com vocês se podemos tomar alguma atitude a respeito deste fato lamentável”, comentou.
O apoio veio também através de Míriam Sperb, da Associação Torrense de Proteção aos Animais, de Torres, no Rio Grande do Sul. Para ela, a atitude do Mercado Livre demonstra que o site não tem “o menor conhecimento sobre o que está por trás da venda de animais”. Estarrecida com os anúncios de animais sendo comercializados como se fossem mercadorias, Míriam relatou a história de uma cadela explorada para reprodução que foi adotada por uma pessoa próxima a ela.
“Há cerca de um ano, uma amiga adotou uma cachorrinha que era usada como matriz. Além dos problemas de saúde, com os quais minha amiga teve que gastar bastante, até hoje é uma cachorrinha assustada”, contou Míriam, que também relatou outra situação de maus-tratos envolvendo o comércio de animais: “Meu pai comprou um lhasa num canil. Comprou porque iam descartar o filhote doente ou deixá-lo morrer. Teve que ser alimentado por seringa durante um tempo, de tão fraco que estava. Não há argumentos em favor do comércio de animais. Os gatis e canis que tenham critérios confiáveis são exceção e o poder público não tem como fiscalizar”, asseverou.
A cliente Sandra Ramos, de Porto Alegre, também se indignou e afirmou, inclusive, que irá denunciar os anúncios envolvendo animais à venda. “Vou denunciar. Que absurdo anunciar a venda de animais desta forma.
Considero um absurdo vender animais domésticos: cães, gatos, pelo Mercado Livre, são seres vivos e merecem respeito”, disse.
A opinião é a mesma de José Luiz Pinto da Fonseca, morador da capital paulista. Para ele, a atitude do Mercado Livre é “extremamente lamentável”. “Parabenizo vocês por se rebelarem contra essa excrescência, mais uma no nosso país! Se tem gentalha que abusa dos animais para obter lucros sem se importar com a qualidade de vida e cuidados que eles merecem ter, isso poderá gerar ainda mais problemas, justamente porque seria uma nova estrutura profissional para cuidar desse relevante assunto”, comentou.
Cliente frequente do Mercado Livre há alguns anos, Sandra Pacheco, moradora da capital do Rio Grande do Sul, também acompanha o trabalho do Sítio do Bem e, ao saber do boicote, deu seu apoio à iniciativa. Segundo ela, a descoberta de que animais são vendidos através da plataforma lhe ocorreu recentemente, deixando-a horrorizada.
“Animais não são objetos. Na minha nada modesta opinião, deveria ser proibida a comercialização de animais, porque só assim evitariam as fábricas de filhotes, que esgotam as fêmeas, que quando não servem mais para procriar são descartadas de qualquer jeito, e se evitaria que pessoas que acham que por comprar podem fazer com o bichinho o que bem entendem, tal como os abandonos que todos os anos acontecem no fim do período de veraneio quando, depois que as crianças cansaram de brincar com os filhotes que ganharam de Natal, os pais simplesmente os descartam na praia, deixando-os ao Deus dará”, sugeriu Sandra.
“Além de proibir, deveria ser fiscalizado o comércio clandestino, com penalidades rigorosas, não digo de prisão, que as cadeias estão cheias, mas na parte mais sensível do corpo humano: o bolso, ou seja, aplicadas multas severas que deveriam reverter às ações de proteção animal”, completou. Conforme pontuado por ela, ao entrar neste comércio, o Mercado Livre “não fiscaliza quem vende, muito menos responsabiliza quem compra por eventuais maus-tratos ou abandonos. Assim, se o Mercado Livre insistir neste comércio, conclamo a todos os clientes que busquem comprar em outros lugares e boicotem o Mercado Livre”.
Outra moradora da capital gaúcha, Lígia Krummenauer também se mostrou indignada com a postura do Mercado Livre após ter conhecimento dos fatos através do Sítio do Bem. “Venho pedir que alguma providência seja tomada para inibir tais propósitos. Ajudem os que não têm voz para gritar. Parem de estimular esse tipo de procedimento. Contando com o apoio de todos”, pediu.
O apelo de Lígia foi corroborado pela gaúcha Maricê Cramer, que demonstrou seu repúdio à venda de animais. “Para uma empresa que divulga padrões de sustentabilidade e comprometimento é, no mínimo, contraditória e hipócrita a permissão e a divulgação da venda de animais, prática já condenada em todo o mundo. Os milhares de animais resgatados por ONGs de proteção animal e que aguardam em abrigos por um lar é que deviam ser anunciados. O elegante discurso de que as iniciativas do Mercado Livre fortalecem empreendimentos que geram impactos positivos para o meio ambiente, a sociedade e as comunidades onde atuam vai na contramão deste comércio. Parem de estimular este comércio e façam verdadeiramente um trabalho de sustentabilidade social”, afirmou.
Lisiane Becker, também de Porto Alegre, fez questão de pontuar que “a vida não é pautada por cifra” e que, por isso, é inaceitável comercializar animais. “Apoiamos a decisão do Sítio do Bem, visto que a Mercado Livre não tem como garantir o bem-estar do animal não humano, “comercializado”, da criação até sua destinação. Além disto, no caso dos “pets”, há opções mais dignas, como a adoção responsável de animais resgatados. Comércio de reprodutores visa ao lucro de quem vende e de quem compra. Contudo, a vida não é pautada por cifra”, concluiu.
ANDA lança camisetas em parceria com o Sítio do Bem
A ANDA, em parceria com o Sítio do Bem, e-commerce para quem é apaixonado por animais, lançou uma linha de camisetas ilustradas com estampas feitas com exclusividade por designers e artistas plásticos compassivos e solidários à defesa dos direitos animais.
Dentre as camisetas do projeto, estão a que é estampada com um belo lobo policromático, animal representando o símbolo da ANDA, da coleção Pop Art, e a camiseta com a linda e criativa ilustração feita pela artista porto-alegrense Paula Plim, da coleção Artistas da ANDA. Compre aqui.