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MAUS-TRATOS

Abandono de animais cresce durante a pandemia

28 de agosto de 2021
Lorena Rocha I Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Durante a pandemia de Covid-19, houve um aumento no número de adoções de animais abandonados, contudo, o número de animais devolvidos para abrigos também subiu.

Roberta Lehane, diretora do abrigo Lar dos Anjos, criado durante a pandemia, explicou para o Correio Braziliense que recebe aproximadamente 50 pedidos por dia de pessoas que querem abrir mão de seus cachorros. O abrigo já está com capacidade máxima. “O animal é sempre descarte”, afirmou Lehane.  “Alguns, simplesmente, falam que vão deixar o cachorro no abrigo. Depois, somem e não conseguimos mais contato. Não deixam nem ração, tampouco se importam se o animal está bem.”

Os custos de administração também acabam se acumulando, já que todos os animais que chegam no abrigo precisam ser examinados, vacinados e aclimatados aos outros animais presentes no local. Casos mais graves, como o da cachorrinha Milagre, que foi amarrada com as quatro patas presas e jogada em uma cisterna ou da Kitana que sofreu diversas agressões físicas, precisam de tratamento veterinário prolongado e a companhia constante de voluntários.

Para Roberta, o aumento nas adoções, seguidas pelas devoluções quase imediatas são consequências do isolamento, que fez com que várias pessoas buscassem um companheiro de quatro patas sem o devido planejamento. “Se o dono do lugar onde a pessoa mora não aceita, se a família tem resistência, se não tem carro para transportar o animal em caso de emergência… Isso tudo precisa ser pensado”, alerta. 

No Lar dos Anjos, de 50 cachorros adotados, 40% deles são devolvidos dentro de uma semana.  “A procura por adoção cresceu porque muitas pessoas quiseram amenizar o sentimento de solidão durante o isolamento. Também consideraram a fase propícia para se adaptar ao novo pet, uma vez que passariam mais tempo em casa”, afirma Cecília Prado, integrante da ONG Clube do Gato, que registrou um aumento de 75% em interessados por adotar um gato, entre março de 2020 e março de 2021.

Mas a instabilidade financeira que afetou a maioria dos brasileiros é também um dos problemas proeminentes que levam à desistência dos animais, segundo a diretora-geral do Pro-Anima, Mara Moscoso: “Muitos se desfizeram de animais que tinham há 15 anos, por exemplo.” Outro fator comum é a mudança física de residência para lugares que não aceitam animais ou até para outros estados. “Ainda assim, a pessoa deve se comprometer com essa vida e tentar inseri-la em possíveis mudanças”, recomenda Cecília.

Um exemplo da responsabilidade e do planejamento necessário para adequar de forma bem sucedida a vida de um animal à de um tutor é da Talita Fernandes, de 34 anos, que decidiu se mudar para a China durante a pandemia, sendo tutora de dois gatos resgatados, Alicia e Chicó, mãe e filho respectivamente. Ela passou por diversos desafios para assegurar a companhia de seus felinos.

Os gatinhos Alicia (E) e Chicó acompanharam a tutora, Talita Fernandes, na mudança para a China. (foto: Arquivo Pessoal/Talita Fernandes)

“Contei com a generosidade de amigos que, por cinco meses, cuidaram deles e de toda a burocracia para a viagem. Foram idas e vindas de incertezas, mas eles chegaram super seguros e saudáveis na nova casa na China. Junto com eles, veio meu conforto de estar um pouco mais perto da minha casa no Brasil e da minha rotina de carinhos”, resumiu Talita.

O que considerar antes de ter um companheiro animal:

– O animal pode viver até duas décadas. Por isso, é necessário planejamento caso haja necessidade de mudanças ao longo desse período

– Organização financeira para gastos mensais, como ração, e despesas eventuais, como idas ao veterinário, vacinas e medicamentos.

– Tempo disponível. O animal depende de apoio humano para realizar algumas atividades e demanda companhia.

–  Compromissos e viagens precisam ser pensados com antecedência. Caso algum familiar ou amigo não possa cuidar do pet na ausência do tutor, o ideal é procurar um pet sitter ou hotel.

 

 

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