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REVOLTA

'Prisão é pouco': Xuxa repudia eletrocussão de cães no CZZ de Barra (PI)

Vídeo publicado pelo delegado Bruno Lima sobre o caso chegou a 697 mil visualizações e 19,1 mil comentários

23 de julho de 2021
Bruna Galati | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Portal Barras É Notícia

A denúncia de que um Centro de Zoonoses da cidade de Barras, no Piauí, teria sacrificado animais com choque elétrico repercutiu nas redes sociais, após o deputado estadual do PSL-SP e delegado Bruno Lima publicar o caso em seu Instagram. Famosos, como a apresentadora Xuxa Meneghel, o cantor Zezo e o lutador de MMA Fernando Santo Forte comentaram o acontecimento.

Até às 23h30 desta quinta-feira (22), o vídeo publicado pelo delegado tinha mais de 697 mil visualizações e 19,1 mil comentários.

“Como assim? Prisão é pouco para essas pessoas”, diz Xuxa. “Meu Senhor Jesus, Como pode um ser humano fazer ou até ser conivente com tal ato de desumanidade??? Assassinar seres tão inocentes que não têm culpa de estarem vivos??? Como pode meu deus???? Indignado”, escreveu Zezo.

O deputado federal e autor do projeto de lei que aumentou a pena do crime de maus-tratos contra animais para até cinco anos de prisão, Fred Costa (Patriota-MG), deu apoio à denúncia feita por Bruno Lima. “Como autor da lei que Prevê Cadeia Para maus-tratos, estou à disposição para o que precisar, irmão”, comentou em publicação.

Denúncia

A denúncia – de que o Centro de Zoonoses praticava maus-tratos contra animais – foi feita por um vizinho, segundo o site de notícias “Barras é Notícia”. De acordo com ele, o espaço eletrocutava os animais recolhidos da rua.
O vizinho não quis se identificar, mas divulgou imagens que mostram os supostos aparelhos utilizados na prática. Elivelton Luis, veterinário do local afirmou, em entrevista ao veículo OitoMeia, que os animais são sedados antes de serem eletrocutados.

“Quando iniciamos essa nova gestão, foi uma das primeiras coisas a serem feitas. Antes não faziam a sedação, mas hoje todo animal que vai realizar a eutanásia é sedado antes de ser eletrocutado”, afirma Luis.

O delegado Ayslan Magalhães informou ao G1 que o caso está sendo investigado e a polícia tem indícios de que os animais são mortos eletrocutados. “A prefeitura nega, mas o veterinário chegou a confirmar que eles são mortos eletrocutados depois de serem sedados. Nós vamos investigar tanto a conduta deste profissional quanto a situação do Centro de Zoonoses”, informou.

Através de nota a Prefeitura de Barras, com a direção do Centro de Controle de Zoonoses afirmou que a prática é realizada em animais que testam positivo para calazar ou leishmaniose avançada e que o local obedece a um protocolo legal recomendado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Confira a nota da íntegra

A direção do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vem a público esclarecer que, no tocante ao controle do Calazar, o CCZ obedece a um protocolo legal recomendado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, que tem por objetivo evitar que cães que precisam ser sacrificados passem por sofrimentos.

A rotina inclui realização de teste rápido para o calazar. Este dado positivo, a equipe do CCZ juntamente com os agentes de endemias, submetem o cão a um exame mais específico: uma sorologia sanguínea, que é enviada ao LACEN. Dependendo do resultado – positivo ou negativo – e das condições clínicas, o animal pode ser destinado a eutanásia.

No CCZ, a eutanásia é feita, com o animal previamente sedado, anestesiado, através da utilização do pré-anestésico Acepran. Depois com o anestésico Ketamina, composição esta que impossibilita o animal a sentir qualquer dor mínima, como também impede que passe por sofrimento.Nos casos de leishmaniose avançada, o sacrifício é inevitável porque, além dos cães, as pessoas podem ser contaminadas, ficar com sequelas graves e até morrer em decorrência da enfermidade. A propagação precisa ser evitada para proteger a população.

O que diz o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Piauí

O médico veterinário e presidente do Conselho, Anísio Ferreira, diz ao G1 que a prática não é aceita e é considerada maus-tratos. Segundo ele, a eutanásia (sacrifício) de animais com leishmaniose é recomendada pelo Ministério da Saúde e pela Vigilância Sanitária, mas deve seguir um protocolo para que não haja sofrimento do animal.

“O choque elétrico já foi abolido, é maus-tratos aos animais. Nós fiscalizamos isso e há muitos colegas que denunciam, porque muitas prefeituras, não todas, ainda adotam essas práticas, o que não deixa de ser um crime de maus-tratos. Hoje, os medicamentos recomendados pelo manual de eutanásia são primeiro a ketamina (sedação) e depois o cloreto de potássio (que para o coração, mas processo doloroso que deve ser feito depois da anestesia), recomendados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária”, disse.

Para o presidente, a eutanásia por eletrocussão é mais utilizada por ser barata e rápida, comparada com a medicação. Ele afirma que a solução para o controle da leishmaniose em animais e seres humanos é uma “garantia de saúde da sociedade”.

“Para o cuidado com a saúde humana, devemos nos preocupar com saúde ambiental e animal. É um tripé. Muitos aspectos levam à proliferação do mosquito vetor [da leishmaniose]. Com coleta de lixo frágil, sem esgotamento sanitário, isso se agrava. Não adianta continuar sacrificando animais. Ações pontuais só geram resultados pontuais, não sólidos”, alertou ao portal G1.

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