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Mais de 1.000 macacos são exportados do Camboja para laboratórios

O Canadá já havia aprovado a importação anual de cerca de 2.500 primatas dos EUA, mas 2020 foi o primeiro ano em que uma quantidade adicional foi importada do Camboja,O Canadá já havia aprovado a importação anual de cerca de 2.500 primatas dos EUA, mas 2020 foi o primeiro ano em que uma quantidade adicional foi importada do Camboja,O Canadá já havia aprovado a importação anual de cerca de 2.500 primatas dos EUA, mas 2020 foi o primeiro ano em que uma quantidade adicional foi importada do Camboja,O Canadá já havia aprovado a importação anual de cerca de 2.500 primatas dos EUA, mas 2020 foi o primeiro ano em que uma quantidade adicional foi importada do Camboja

15 de março de 2021
Juliana Machado | Redação ANDAJuliana Machado | Redação ANDAJuliana Machado | Redação ANDAJuliana Machado | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Imagem de dois macacos
Pixabay

Ativistas em defesa pelos direitos dos animais denunciam que empresas canadenses compraram, no ano passado, 1.000 macacos para fins de experimentação científica de fornecedores do Camboja, afirmando que o país não deveria apoiar o tráfico e tortura de animais.

“Foram levantadas sérias preocupações sobre o bem-estar e as condições de vida desses macacos no Camboja e em países vizinhos, assim como sobre informações enganosas fornecidas por vendedores de lá. E eu acho que o Canadá ser cúmplice disso é bastante preocupante ”, disse Camille Labchuk, uma advogada animalista e diretora executiva do grupo de defesa Animal Justice.

Liz White, chefe da Animal Alliance of Canada, também está preocupada com a saúde das populações de animais no Camboja.

“Esta é uma preocupação séria no sentido de manter uma vida selvagem saudável para os macacos no Camboja”, disse White. “Isso tem grandes implicações em termos de números da população e da saúde da população e dos países de onde eles estão sendo enviados.”

Em 2020, o governo canadense aprovou a exportação de 1.056 macacos da espécie Macaca fascicularis, por conta de interesses privados do Camboja, para uso “científico e de pesquisa” – foi a primeira importação desde pelo menos 2016, de acordo com documentos obtidos pelos Correios canadenses por meio de uma requisição de acesso à informação.

Documentos também mostram que pelo menos uma parte desses macacos, senão todos, foram trazidos para Quebec em nome dos laboratórios Charles River, uma grande importadora de primatas usados para reprodução e testes científicos com sede nos Estados Unidos e várias localidades em toda a província canadense.

De acordo com documentos da Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA, na sigla em inglês), o governo aprovou a importação anual de cerca de 2.500 primatas dos EUA para fins de teste de pesquisa nos últimos cinco anos.

Mas 2020 marcou o primeiro ano em que um número adicional de primatas foi importado do Camboja, país que tem sido alvo frequente de críticas por organizações de proteção animal por conta de supostos maus-tratos aos animais.

Um exemplo: uma investigação de 2008 feita pela União Britânica para a Abolição da Vivissecção descobriu que até 80 por cento dos macacos em cativeiro na selva cambojana morreram antes de chegar a um laboratório devido a um trauma ou tratamento inadequado.

“Camboja, Laos e Vietnã são bastante conhecidos pela criação de macacos e pela captura de macacos na natureza, colocando-os em cativeiros para reprodução”, disse Labchuk.

Nem o governo canadense nem os laboratórios Charles River responderam a diversos questionamentos sobre o tipo de pesquisa em que os macacos seriam usados e quem os comprou.

“A importação de macacos ocorre regularmente e não é um evento incomum”, disse um porta-voz da Agência Canadense de Inspeção de Alimentos por e-mail. “Por motivos de privacidade e confidencialidade, a Agência não está autorizada a compartilhar informações pessoais ou confidenciais sobre importadores com terceiros.”

Um porta-voz dos laboratórios Charles River, Sam Jorgensen, não respondeu a perguntas específicas, como a finalidade da importação dos macacos do Camboja para o Canadá, nem o tipo de pesquisa no qual seriam usados.

Jorgensen também não respondeu a um pedido de comentário sobre episódios anteriores de maus-tratos a macacos nos EUA, como um relatório de 2010 da rede de televisão estadunidense CBS que mostrou que 30 macacos foram cozidos ainda vivos em seu laboratório de pesquisa no estado de Nevada após serem colocados, por engano, em uma máquina de lavar automática .

“Os laboratórios Charles River estão profundamente comprometidos com o bem-estar animal e com a superação dos padrões internacionais de pesquisa durante nossa administração”, disse Jorgensen por e-mail.

Tanto White quanto Labchuk supõem que o aumento repentino nas importações de macacos para o Canadá pode significar que eles estão sendo usados para testar vacinas e tratamentos para a COVID-19 no país.

“Esses animais podem ter sido importados para serem usados no desenvolvimento da vacina para a Covid-19, ou pode haver uma outra empresa que está fazendo testes de medicamentos e demanda primatas para realizá-los”, explicou White, apontando para vários relatórios da imprensa e documentos de indústrias farmacêuticas que mostra que as vacinas foram testadas em macacos.

Labchuk concordou com a teoria de White, mas ambos os ativistas também denunciaram a “total falta de transparência” no Canadá quando se trata de pesquisa animal. “Minha maior preocupação com a pesquisa com animais no Canadá, e especificamente com essa situação, é que ela não é transparente e não é supervisionada por autoridades públicas”, explicou Labchuk.

“O que as pessoas merecem é a possibilidade de saber sobre os experimentos que estão sendo feitos e julgar por si mesmas se são aceitáveis ou não. Mas com este sistema tão obscuro, a maioria das pessoas comuns não tem ideia sobre os testes em animais que estão acontecendo no Canadá”.

 

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