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Golfinhos encurralados por caçadores se unem antes de serem mortos no Japão

19 de setembro de 2019
6 min. de leitura
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Perseguidos e levados até uma enseada de onde não têm como escapar, os golfinhos se aproximam uns dos outros até se tocarem, como forma de se confortarem perante o destino iminente


 

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

Um vídeo feito pela ONG americana de proteção aos cetáceos, The Dolphin Project, em Taiji, no Japão, mostra um grupo de golfinhos (espécie também conhecida como baleias-piloto ou golfinhos-piloto) muito próximos uns dos outros, reunidos, assustados e encurralados em uma enseada por caçadores japoneses.

As imagens comoventes mostram a família se aglomerando como forma de se proteger pouco antes de ser cruelmente morta.

A filmagem, descrita pela ONG, como uma das cenas mais difíceis de assistir já presenciada por eles, se desenrolou nas águas da enseada. Na quarta-feira última (11) o grupo de golfinhos foi cruelmente perseguido por horas e depois conduzido por barcos de caça até águas rasas. Exausta e traumatizada, a família veio à tona para espiar ao redor e recuperar o fôlego.

Após as redes terem sido jogadas, seu destino foi selado, e eles nadavam em um círculo apertado, sempre se tocando. A matriarca do grupo também podia ser vista nadando ao redor dos demais, sempre se esfregando contra os demais membros de sua família. Sem comida ou abrigo, os caçadores deixaram a família sozinha da noite para o dia.

Os golfinhos foram levados pelos barcos de caça para uma enseada (um beco sem saída no mar) perto de Taiji, no Japão, enquanto esperavam seu destino cruel.

No dia seguinte, logo após o nascer do sol, os caçadores chegaram à enseada para começar o dia de trabalho. Os golfinhos ainda estavam nadando juntas, tentando entender o que estava acontecendo. Os barcos começaram a separar a família, a fim de iniciar a seleção dos animais em cativeiro.

Os golfinhos estavam desesperados para fugir dos caçadores, mas também para ficarem juntos. Os observadores da ONG contam que o som da luta dos cetáceos no mar ecoou na direção deles, que estavam na colina assistindo às tentativas desesperadas dos animais que lutavam pela liberdade e pela vida. Alguns golfinhos desta família foram levados para passar o resto da vida em cativeiro. Eles provavelmente nunca mais conhecerão a liberdade do oceano aberto e agora terão que implorar e ganhar suas refeições, fazendo truques antinaturais para uma plateia.

Observadores dizem que oito dos animais foram capturados para serem levados para cativeiros, enquanto o restante foi morto.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

Relatos da ONG contam que último grupo de golfinhos ficou esperando na margem da enseada até que um barco veio para levá-los embora. Enquanto os cetáceos estavam presos e esperando, os caçadores começaram a matá-los. Aqueles que tinham sido capturados ficaram ali mesmo presos, assistindo e ouvindo enquanto sua família era morta bem ao lado deles.

“Foi comovente testemunhar isso e saber como essa família estava emocionalmente ligada”, diz o The Dolphin Project em um post no Facebook.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

Os animais cativos que foram levados para as baias marítimas no porto também tiveram que assistir a família morta sendo arrastada por eles no caminho para o porto. Os barcos eram carregados com mais cadáveres antes de seguir em direção ao porto. Outros golfinhos e baleias que estão em cativeiro nas baias do porto ouvem e observam massacres semelhantes todos os dias.

“Eu imagino que eles possam reviver esse trauma e nunca esquecer o que aconteceu com eles”, escreve a ONG.

O processo de morte dos animais foi longo, sangrento e barulhento. Os golfinhos se debatiam muito contra a água enquanto estavam morrendo. A ONG transmitiu ao vivo todo o horror do massacre. A entidade conta que os caçadores mataram essa família em fases, provavelmente por causa de seu tamanho.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

“Eles pareciam matar três a quatro indivíduos de cada vez; portanto, aqueles que esperavam sua vez na morte precisavam nadar em águas ensanguentadas e testemunhar sua família morrendo lentamente. A matriarca foi morta sozinha, ela foi levada para o açougue. Pudemos ver o corpo dela flutuando na superfície enquanto o barco se preparava para levá-la embora”.

Os observadores responsáveis pelas imagens contam que ver seu corpo flutuando na água foi uma das imagens mais comoventes que eles presenciaram. Apenas 24 horas antes, ela estava guiando sua família através do oceano, enquanto o grupo cuidava dos filhotes e uns dos outros.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

“No final, parecia que os membros do grupo que foram mortos por último também para de lutar e resistir. Os sons de suas batidas não eram tão altos quanto os membros da família mortos antes deles e isso nos fez pensar se eles tinham acabado de ceder ao seu destino. Eles haviam visto toda a família e sua líder corajosa e bela morta diante de seus olhos e os membros da família que não foram mortos foram levados à força para nunca mais serem vistos”, dizia o texto da ONG em seu site.

Os eventos que acontecem em Taiji são massacres de crueldade indescritível contra a vida de seres indefesos, inteligentes e capazes de sentir, amar e sofrer.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

As caças realizadas em Taiji são legalizadas no Japão, os golfinhos e baleias são perseguidos e mortos por pescadores que recebem uma permissão (licença) do governo japonês.

Postes de metal, que criam uma parede de som, confundem os animais e os direcionam para a enseada (cove), onde são presas fáceis.

Quase 16 mil golfinhos e baleias são mortos em todo o Japão durante as caçadas, que ocorrem de setembro a fevereiro.

Foto: The Dolphin Project
Foto: The Dolphin Project

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