As imagens no vídeo mostram um pequeno cão de pelos cor de caramelo, com orelhas enormes, sobre uma mesa abanando o rabo. Então, uma voz ordena: “Vá”.
Em um movimento rápido, um homem agarra o cão pelo meio do corpo levanta-o e o vira de ponta-cabeça sobre um barril de prata.
“Vamos lá, keg stand!” alguém grita enquanto outro homem segura uma torneira (esguicho) preta perto da boca do cachorro. O cão agora se contorce e chuta com suas patas no ar. De repente, uma corrente de líquido espumoso esguicha da torneira, batendo na cara e na boca do cachorro.
Keg stand é um termo usado para descrever uma atividade ligada a ingestão de bebida alcoólica em que o participante usa normalmente um barril de cerveja para beber o máximo possível de uma vez ou beber pelo máximo de tempo possível. Outras pessoas ajudarão a segurar as pernas do bebedor e segurarão a torneira do barril na boca do participante.
Embora grotesco, o comportamento de ingestão da bebida em jatos entre humanos, conta com o poder da escolha, mas no caso do cão, o animal foi claramente obrigado e submetido de forma covarde à uma situação cruel da qual não tinha como escapar enquanto os demais participantes riam da situação.
O incidente, que foi gravado em vídeo e compartilhado nas mídias sociais no fim de semana, não foi nada engraçado para a Sociedade do Condado de Nassau para a Prevenção da Crueldade contra os Animais ou para os administradores da Universidade de Hofstra (EUA).
A Universidade que ficam em Long Island confirmou no início da semana que suspendeu o membro da fraternidade Alpha Epsilon Pi (responsável pela festa), aguardando os resultados de uma investigação após o vídeo de cinco segundos envolvendo supostamente alguns dos membros da mesma fraternidade, que provocou uma reação violenta nas redes sociais.
O vídeo, que foi visto mais de 100 mil vezes no Twitter no momento da publicação, também chamou a atenção da SPCA do condado de Nassau, levando a organização a iniciar sua própria investigação.
“Foi muito errado e em tantos níveis diferentes”, disse Gary Rogers, porta-voz da SPCA do condado de Nassau, ao Washington Post. “É óbvio que não foi ideia do cachorro, ‘Ei, eu quero um pouco de cerveja’.” Animais não fazem essa escolha “.
O cão, raça cavalier king charles spaniel que se acredita ter entre 5 e 10 meses de idade, estava morando em uma casa associada à fraternidade, mas agora está sob os cuidados da ONG SPCA, disse Rogers.
O filhote pertence a um veterano de 21 anos que vive em Hofstra (universidade), e que era uma das pessoas mostradas no vídeo, disse ele.
“Nossa maior preocupação é a segurança do cão”, disse Rogers. “O cachorro não está mais nesse ambiente”. Ele acrescentou que quando os investigadores visitaram a casa na segunda-feira, o cão “parecia estar em boas condições” e tinha comida, água e uma cama.
O vídeo do filhote teria sido filmado em uma casa de fraternidade fora do campus em Hempstead, Nova York, no sábado e compartilhado no Snapchat (aplicativo de vídeos), segundo a NBC News. No fundo do vídeo, as pessoas podiam ser vistas em pé em um quintal.
Não demorou muito para que uma gravação do vídeo postada no Snapchat fosse enviada ao Twitter, onde foi rapidamente alvo de críticas severas e condenações dos espectadores.
“Aparentemente está tudo bem em forçar os cães a beber cerveja, mesmo que isso possa matá-los?” a pessoa que postou o clipe escreveu, marcando as contas oficiais do Twitter da Hofstra, a sede internacional da fraternidade e a ONG que atua em prol dos direitos animais, PETA.
O tweet já foi retweetado quase 1.400 vezes, com pessoas expressando repulsa pelo tratamento do cão filhote e acusando os estudantes envolvidos de “crueldade animal”.
“Horas já se passaram desde que eu vi esse vídeo e meu estômago ainda está embrulhado”, escreveu uma pessoa nos comentários da publicação.
Em uma declaração ao The Post, A universidade de Hofstra disse que o comportamento mostrado no vídeo é “inaceitável” além de ser uma “violação do Código de Padrões Comunitários da Universidade”.
A universidade disse que tem estado em contato com a sede internacional da Alpha Epsilon Pi, bem como com demais membros da fraternidade.
Além da suspensão do membro da fraternidade, o comunicado dizia que “qualquer aluno identificado no vídeo também estará sujeito ao código da universidade, o que pode resultar em várias ações, dependendo da investigação”.
A sede internacional da fraternidade disse que o membro mostrado no vídeo também foi colocado em “cessar e desistir” (status de suspençao) devido a suspeitas de violações das políticas de saúde e segurança da entidade.
Alpha Epsilon Pi é uma fraternidade judaica fundada em 1913.
“Durante este período de investigação, não pode haver atividades entre os membros da fraternidade”, disse Jon Pierce, porta-voz da Alpha Epsilon Pi, em uma declaração ao The Post. “Esperamos poder usar isso como um momento de aprendizagem para ajudar a construir jovens melhores e comprometidos com nossas políticas e nossa missão de desenvolver os futuros líderes das comunidades judaicas do mundo”.
Na segunda-feira, o Sr. Rogers disse que a investigação da SPCA sobre o incidente ainda está em andamento. Uma vez que todas as provas tenham sido reunidas, uma “resolução será tomada” sobre se as acusações serão apresentadas, disse ele.
“Foi uma péssima atitude e deve ser desconsiderada”, disse ele. “Você simplesmente não segura um animal assim e coloca cerveja na boca dele”.
Embora não seja claro pelo vídeo se alguma cerveja chegou a ser ingerida pelo filhote, especialistas dizem que há riscos potenciais à saúde associados ao consumo de bebidas alcoólicas, desde deixá-los “um pouco agitados” até uma internação hospitalar, segundo o petMD.
Mas os casos de intoxicação alcoólica em cães são raros, disse Steven Friedenberg, professor assistente do departamento de ciências clínicas veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Minnesota, ao petMD.
“Não vemos muito disso na medicina veterinária porque o álcool tende a ser desagradável (não atraente) para a maioria dos animais”, disse Friedenberg. “Eles não costumam procurar bebidas alcoólicas, e a maioria dos donos não oferecem deliberadamente álcool a seus animais.”
Em suas décadas de experiência, o Sr. Rogers disse ao The Post que assistir ao vídeo do “keg stand” foi a primeira vez que ele viu um cachorro naquela situação.
“Já vimos muito e lemos muito sobre trotes de fraternidade, mas por que eles estavam fazendo isso com um animal?” ele disse.
“Violência gera violência e a atitude deliberada desse estudante mostra um caráter propenso à crueldade e desrespeito. Medidas punitivas e correcionais são esperadas e bem vindas”, disse o professor.