Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 350 milhões de hectares ocupados por atividades agropecuárias. Desse total, 200 milhões são apenas de pastagens, e um grande percentual dessas áreas já sofre as consequências da degradação associada ao mau uso da terra.
De acordo com a divisão de monitoramento por satélite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de um total de 172 milhões de hectares de pastagens avaliadas, mais de 60% está em estágio de degradação. Isso pode explicar o interesse cada vez mais crescente de agropecuaristas de várias regiões do Brasil pelas terras ainda virgens da Amazônia.
No entanto, esse interesse não é recente considerando que a floresta amazônica se manteve intacta só até a década de 1970, quando a quantidade de gado equivalia a um décimo do rebanho da atualidade. Com o passar dos anos e a intensificação do desflorestamento, hoje encontramos uma área que pode ser comparada à extensão territorial da França desmatada. Desse total, 66% transformada em pasto.
Até mesmo o solo da maior floresta tropical do mundo tem sofrido as consequências da agropecuária, e não apenas pela associação da atividade com o desmatamento, mas também porque muitas áreas amazônicas ocupadas pela agropecuária já estão comprometidas pelo mau uso da terra – assim como aconteceu em outras regiões do país.
Segundo a Embrapa, só na Amazônia Legal cerca de 40% das pastagens estão degradadas ou em processo de degradação. Isso prova que a agropecuária não tem apenas derrubado a mata nativa e contribuído com quase 70% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, conforme dados do Observatório do Clima, mas também danificado o solo, inclusive o tornando pobre e até mesmo improdutivo.