As baleias orcas poderão ser extintas em breve devido à interferência humana em seus habitats. Essa é a conclusão de diversos estudos que examinam as ameaças enfrentadas pelas orcas residentes do Sul que vivem no noroeste do Oceano Pacífico, na costa dos Estados Unidos.
Especialistas alertam que medidas devem ser tomadas o mais rápido possível para salvar a espécie de ameaças causadas pela ação humana.
Os principais prejuízos são os ruídos causados pelo excesso de barcos, que impossibilita a comunicação entre os animais, a escassez de salmão, peixe mais consumido pelas orcas, e a poluição da água por produtos químicos industriais.
Esses grandes mamíferos marinhos foram adicionados à lista de espécies ameaçadas de extinção em 2005. Um plano de recuperação foi concluído em 2008, porém a população de orcas ainda enfrenta dificuldades e já diminuiu mais de 10 por cento nos últimos 13 anos.
A reprodução o animal foi diretamente prejudicada. Nenhuma orca nasceu nos últimos anos, uma vez que a quantidade normalmente esperada é de quatro ou cinco crias a cada ano. As orcas também têm problemas de gravidez ligados ao estresse nutricional causado pela pequena disponibilidade de salmão chinook, segundo um estudo recente.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) atenta-se especialmente às atividades das orcas residentes do sul. Recentemente os estudiosos da instituição elaboraram uma estrutura estatística para tentar aumentar as populações do salmão. A iniciativa é um grande esforço da agência para salvar as espécies marinhas que correm maior risco.
Em uma declaração, a bióloga da NOAA, Lynne Barre, disse: “A ameaçada orca do sul é um ícone do noroeste do Pacífico. Isso inspira amplo interesse público, curiosidade e admiração em todo o mundo. Infelizmente, o seu nível populacional é o mais baixo que já vimos em várias décadas. Estudamos como as ameaças estão afetando as baleias e nossa pesquisa informa ações de conservação e gerenciamento para lidar com essas ameaças”.
Produtos químicos industriais, incluindo o pesticida altamente tóxico e agora proibido, DDT, são absorvidos pelo salmão, e consequentemente são passados para as baleias ao se alimentarem dele. Cerca de 85 por cento desses produtos tóxicos são transferidos para os filhotes através da lactação, dizem os especialistas.
As substâncias tóxicas tornam as baleias mais suscetíveis a doenças, prejudicando seus sistemas imunológicos e reduzindo suas chances de sucesso reprodutivo.
Mas nem tudo está perdido para as icônicas orcas.
Em março, o governador do estado de Washington, no noroeste dos EUA, Jay Inslee, ordenou que as agências estaduais adotassem medidas imediatas e de longo prazo para proteger as orcas de perturbações humanas.
A ordem visa tornar o salmão mais disponível para as baleias, dar-lhes mais espaço, tornar as águas mais calmas, garantir que elas tenham água limpa para nadar e protegê-las de possíveis derramamentos de óleo.
O estado também aprovou um orçamento suplementar que inclui US $ 1,5 milhão para os esforços. O dinheiro será investido no aumento das patrulhas marinhas para garantir que os barcos mantenham distância das orcas e um aumento na produção de salmão.
Uma força-tarefa voltada para a proteção das orcas se reunirá pela primeira vez em abril do ano que vem e apresentará recomendações finais até novembro.
“Não estamos tão atrasados. Do ponto de vista da biologia, ainda há animais reprodutores suficientes, mas precisamos agir em breve”, disse Barry Thom, administrador regional da Costa Oeste da NOAA Fisheries.