Os maiores mamíferos terrestres do mundo atraem turistas nos dois continentes. Embora os elefantes africanos sejam mais facilmente encontrados em vastas reservas naturais, seus primos asiáticos têm menos sorte.
Uma indústria de multimilionária aumentou nas últimas décadas, alimentada por turistas que fazem passeios nas costas dos animais ou que patrocinam a crueldade de shows de circo.
Durante dois anos, ativistas da World Animal Protection visataram 220 locais que exploram elefantes em toda a Ásia, no que descrevem como a pesquisa mais abrangente até o momento de um setor com crescimento rápido e lucrativo.
Os dados mostraram que o bem-estar dos animais está sempre em segundo lugar porque os exploradores querem lucrar o mais rapidamente possível.
Três quartos dos elefantes mantidos em cativeiro na Ásia vivem condições que foram classificadas como pobres ou inaceitáveis.
A Tailândia se destacou como o epicentro global desta terrível indústria. Dos 2.923 elefantes que a organização documentou serem explorados pelo turismo na Ásia, 2.198 estão no país.
A segunda maior indústria é a da Índia, com aproximadamente 617 elefantes, seguida pelo Sri Lanka com 166, Nepal com 147, Laos com 59 e pelo Camboja com 36.
Todos os locais visitados, que os pesquisadores disseram representar 90% da indústria, foram classificados em uma escala de 1 a 10 no que se refere às condições.
Nessa escala, 77% obtiveram nota de um a cinco – o que os pesquisadores classificaram como pobres ou inaceitáveis.
“Quando não realizavam passeios ou performances, os elefantes eram tipicamente acorrentados dia e noite, na maioria das vezes com correntes com menos de três metros de comprimento. Também eram alimentados com dietas precárias, recebiam cuidados veterinários limitados e eram regularmente mantidos em pisos de concreto em lugares estressantes. Os turistas podem impulsionar a mudança”, afirmou o documento.
As piores condições de vida dos elefantes estão na Índia, que teve uma pontuação média de 4.4, seguida da Tailândia com 4.6, Nepal com 4.8, Sri Lanka com 4.9 e o Laos com 5. O Camboja teve uma média de 6,5, mas os pesquisadores observaram que havia 36 elefantes na região.
Jan Schmidt-Burbach, especialista do World Animal Protection, com sede na Tailândia, destaca que os turistas possuem o poder de acabar com o cativeiro dos animais, que deveriam viver na natureza.
“Como regra geral, se você pode andar, abraçar ou tirar uma selfie com um animal selvagem é cruel e você simplesmente não deve fazer isso”, ressaltou à AFP.
Os ativistas acrescentaram que o aumento de 30% na população de elefantes abusados pelo turismo na Tailândia desde 2010 baseou-se principalmente em locais com más classificações.
A indústria de entretenimento de elefantes do país deflagrou na década de 1990, após as autoridades proibirem o uso de elefantes na exploração madeireira e a procura por outras formas de lucrar com o abuso dos animais.
A maioria daquela geração de elefantes já desapareceu, mas o número de animais envolvidos no comércio continua aumentando. O país tem mais indivíduos da espécie confinados do que na natureza.
O World Animal Protection está particularmente preocupado com os circos da Tailândia, onde os elefantes são forçados a andar em triciclos, em cordas-bambas e até a jogar basquete.
“O treinamento necessário para que os elefantes façam esses truques é particularmente cruel e estressante”, concluíram os ativistas.