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Humane Society pede o fim das “caças ao troféu” como a de Walter Palmer

6 de agosto de 2015
3 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Brent Stapelkamp
Foto: Brent Stapelkamp

Há poucos dias, foi divulgado que as autoridades do Zimbábue irão pedir a extradição do dentista norte-americano Walter Palmer, envolvido no assassinado do leão Cecil, que foi atraído para fora de uma reserva zimbabuana e ferido com um arco e flecha em uma área onde a prática é proibida. Palmer matou o animal depois de 40 horas de perseguição, segundo informações do site da Humane Society.
A Humane Society exige que os Estados Unidos cooperem com os esforços de extradição de Walter Palmer, para que ele possa responder perante a justiça. As autoridades já denunciaram o guia envolvido no incidente e pretendem processar também o dono do terreno onde o assassinato aconteceu.
Palmer, um ativo praticante de “caça esportiva”, possui todo um museu repleto de carcaças de animais que assassinou, desde leões a ursos polares. A maior parte dos animais foi morta com arco e flechas. Ao longo de sua vida, Palmer vem intencionalmente procurando os maiores espécimes de animais selvagens para fazer sua fama como um “caçador de troféus.” Cecil era um dos maiores leões da reserva onde vivia, o que certamente despertou a cobiça de Palmer.
Para os defensores de animais, a indignação generalizada diante do caso de Walter Palmer é um sinal positivo. O assunto está sendo discutido por jornalistas e pessoas “comuns” (não familiarizadas com a causa animal) ao redor do mundo. Porém, se a indignação se esgotar em Walter Palmer, será difícil abordar o problema em toda sua amplitude.
Felizmente, uma iniciativa de parlamentares norte-americanos do Partido Democrata pode ajudar nesse quesito. Em carta recente destinada ao Serviço de Pesca e Vida Selvagem, 50 parlamentares democratas exigiram que a agência passe a classificar o leão africano como espécie ameaçada, o que colocaria esses animais sob a proteção da Lei de Espécies Ameaçadas dos Estados Unidos.
A Assembleia Geral da ONU também agiu nesse sentido, ao aprovar uma resolução que condena a caça “ilegal” e o tráfico de animais selvagens, num apelo aos governos de todo o mundo para que tomem atitudes contra essas práticas.
Além disso, o senador democrata Robert Menendez apresentou nessa segunda-feira (3) um projeto para banir toda e qualquer importação de “troféus” e partes do corpo de leões africanos e de outras espécies ameaçadas. O projeto de lei recebeu o nome de CECIL (Conserving Ecosystems by Ceasing the Importation of Large Animal Trophies Act). Se aprovada, a nova lei impedirá que esses artigos sejam levados aos Estados Unidos.
A Humane Society assinala que Walter Palmer é só um dentre milhares de norte-americanos abastados que têm como hobby tais “caçadas esportivas”. Indivíduos de diversas nacionalidades percorrem o mundo atrás dos maiores espécimes de animais selvagens raros, para assassiná-los em parques cercados (as famosas “canned hunts”) e se valendo de diversas artimanhas, como iscas, ou mesmo drogando os animais para que o assassinato seja mais fácil.
Esse “hobby” é praticado diariamente ao redor do mundo, com a assistência de guias profissionais e fiscais de conservação coniventes com a prática, quando não diretamente beneficiados pelas inclinações sádicas de certos turistas endinheirados.
Sobre o Zimbábue, a Humane Society afirma que se trata de um país “atormentado por lideranças terríveis na era pós-colonial, profundamente corrupto, autocrático e brutal no que concerne ao tratamento da vida selvagem.” A entidade atesta que Palmer foi ao Zimbábue porque existem muitos fiscais corruptos no país, dispostos a “vender” os animais selvagens a quem esteja disposto a pagar. Por exemplo, o Zimbábue permite que estrangeiros matem elefantes para recolher “troféus”. A prática é tão comum, que o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos suspendeu a importação de partes do corpo de elefantes (ou “troféus”) para o país em duas ocasiões, em 2014 e 2015.
Segundo a Humane Society, o Zimbábue deveria seguir o exemplo de Botswana, que aboliu completamente esse tipo de caça, substituindo o modelo anterior pelo eco-turismo, que possui grande potencial econômico e de conservação. Países como Quênia, Ruanda e Uganda já vêm trilhando esse caminho, segundo a entidade.

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