Moésio Rebouças
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Em maio de 2009 a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), inaugurou o novo Centro de Controle de Zoonoses da cidade afirmando que o local era moderno e de referência nacional, e que passava a abrigar os cerca de 100 animais que estavam no antigo canil do CCZ.

No entanto, dias atrás, depois de visitar o túmulo do meu pai no cemitério municipal, na saída, escutei vários latidos e uivos lacriminosos. Falei para mim mesmo: “estes ruídos só podem estar vindo do antigo canil da prefeitura”. O cemitério fica praticamente colado a este canil. Curioso, fui olhar pelas frestas do portão. E qual a minha desagradável surpresa? Dezenas de cães continuavam lá, confinados em pequenas “casinhas”. O cheiro no local é muito forte. Em dias de calor e frio os animais devem sofrer naquele ambiente infernal e insalubre. Do que deu para perceber de longe os animais dormem no chão frio e úmido, sem nenhuma caminha, e provavelmente devem ficar lá permanentemente.

Hoje (1º de setembro), contando esta história para um amigo, ele me lembrou que no ano passado o site da Câmara de Cubatão divulgou uma matéria que descrevia que três vereadores da cidade constataram que ainda permaneciam cães infectados por carrapatos no antigo canil da prefeitura, acomodados em péssimas condições de higiene. Fui pesquisar na internet e realmente a notícia era correta. Um parlamentar disse na época, 26 de junho de 2009, que a grande quantidade de carrapatos nos animais e até nas paredes do canil são assustadores: “Algo necessita ser feito com urgência. As fotos estão aí, elas não mentem. Se nada for feito denunciaremos ao MP (Ministério Público)”.

Porém, mais de um ano depois, como ficou esta história? Foi resolvido o problema? Caiu no esquecimento? Atualmente, quem for ao antigo canil verificará com os próprios olhos que os animais continuam lá, em condições inadequadas.

Quando foi inaugurado o novo CCZ , em 23 de maio de 2009, com muita pompa pela prefeita cubatense, o secretário municipal de Saúde, Vandejacson Bezerra de Andrade, disse: “Não tenho dúvidas de afirmar que o nosso está entre os melhores do País. Passaremos a ser uma referência no tratamento dos animais domésticos”.

Mas se o novo canil do CCZ foi implantado em maio, por que um mês depois diversos cães continuavam no antigo canil em condições abjetas? Está claro que todos os animais não foram transferidos para o novo canil.

E se o novo canil “está entre os melhores do país”, por que mais de um ano depois animais continuam sobrevivendo em condições precárias no antigo canil, privados de condições de vida digna que todos os seres merecem ter?

Quem conhece um pouco e gosta de animais, sabe muito bem que este novo canil de Cubatão (que fica próximo do antigo) não está entre os melhores do Brasil, nem é moderno ou referência nacional, como sugere a prefeita e o secretário de saúde.

Um canil que não tem nem solário jamais poderá ser considerado maravilhoso. Nem um site com imagens de animais para adoção este novo canil tem.

Aliás, existe na cidade um grupo chamado “Associação de Defesa da Vida Animal de Cubatão”, que até mesmo esteve presente, com palavra, na festa de abertura deste novo canil. Mas até hoje, que eu saiba, nunca fez uma denúncia pública, na mídia, sobre o antigo canil ou o novo, e muito menos a respeito dos maus-tratos aos animais no minizoológico do Parque Ecológico Cotia-Pará. Acredito que isso se deva ao fato de que o grupo é muito próximo da prefeita Marcia Rosa, alguns de seus membros, como a ex-presidente da associação e outros, têm cargos de direção ou são comissionados na prefeitura. Por outro lado, este grupo não cansa de fazer denúncias, com razão, a propósito dos animais abandonados por causa do Programa Habitacional de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, promovido pelo governo estadual, do PSDB. Mas, quando se trata de assuntos envolvendo a prefeitura petista, reina um silêncio cúmplice e vergonhoso. Animais não podem ser objetos de politicagens e oportunismos partidários.

Este meu amigo também contou que o cidadão comum que quiser conhecer as novas instalações do CCZ é proibido de entrar; e que no canil só tem dois tratadores e funciona em condições duvidosas. Ele explicou ainda que a legislação paulista, e de outros estados brasileiros, proíbe a eutanásia de animais, mas, pelo Brasil afora, muitos cães e gatos que chegam aos canis públicos atropelados, doentes ou debilitados, são sacrificados, pois é mais cômodo e barato matar um animal do que tratá-lo por longos dias, semanas ou meses. Será que esta prática não acontece também em Cubatão?

Nas fotos do novo CCZ podemos ver que ele é feio, com um aspecto negativo. No local não há grama, jardins ou árvores, só concreto e aço. Até a rede de esgoto do lugar já está exposta. Definitivamente, o arquiteto que escolheu este local e projetou este novo canil não gosta de animais, principalmente cachorros.

Com o dinheiro que possui, tantos milhões anuais, Cubatão deveria ter sim um canil exemplar, num sítio amplo, limpo e higienizado, com muito verde, lago, com um belo solário, onde os animais ficassem soltos a maior parte do dia, passeando, brincando e se exercitando, e à noite dormissem em corredeiras confortáveis, comendo ração de qualidade, castrados, vacinados, com uma rede de funcionários, tratadores, banhistas e veterinários cuidando deles com carinho, de domingo a domingo, em regime de revezamento. E bonitos e saudáveis, prontos para adoção, ou passarem o resto de suas vidas num lugar agradável.

Mas…

A prefeita Marcia Rosa prefere gastar R$ 2.000.000,00 por ano com a empresa “Entrelinhas Publicidade” para fazer marketing e propaganda das ações da Prefeitura Municipal de Cubatão.

Se os animais votassem será que as autoridades, os políticos, se preocupariam com eles?