Por Fernanda M. Pereira (da Redação)
Recentemente foi publicada uma matéria no site da revista Void, incitando e defendendo a zoofilia. O texto, intitulado como “Tire os Filhotes da Sala”, de autoria de Gabriela M. O., choca e causa indignação pela forma com que o assunto é abordado, como se tal ato de violência fosse algo natural.
O artigo defende o quanto pode ser interessante manter relacionamentos sexuais com animais, e chega a dizer que “a zoofilia nada mais é do que a simples manifestação de ternura aos animais”. Afirma, também, que o ato não é crime, e que “já dizia o filósofo australiano Peter Alber David Singer, no texto Deares Pet: On Bestiality, que a relação entre humanos e outras espécies não tem nada de criminoso, desde que seja mutuamente gratificante – e isso inclui o sexo com animais”.
A autora segue romanceando o ato perverso, sugerindo que a zoofilia seria uma prática adotada principalmente nas cidades do interior, embora atualmente também nas cidades grandes, onde o homem é mais solitário e tem como seu principal companheiro o cão. Na continuidade, ela ensina passo a passo como se relacionar sexualmente com diversas espécies, a exemplo do cachorro, dos animais rurais, como os porcos, cavalos e vacas, e até com os golfinhos. A matéria chega a citar sites da internet onde os supostos interessados poderiam se informar e assistir a vídeos sobre a prática.
O artigo cita ainda um filme, produzido por José Mojica Marins – conhecido como Zé do Caixão – em 1985, no qual o “astro” do filme é um cachorro, que contracena com uma atriz em várias cenas de sexo explícito. De acordo com a matéria, o longa-metragem 24 Horas de Sexo Explícito fez “sucesso” na época em que foi lançado, chegando a ter repercussão na Folha de S. Paulo, no Estadão e até no Fantástico. Em sua matéria, inclusive, Gabriela mostra várias imagens chocantes do filme, como a que segue abaixo.
Por mais que se estude o comportamento humano e as motivações que levam as pessoas a cometer atrocidades, nada consegue ser tão repulsivo quanto essa reportagem feita por Gabriela – que, por incrível que pareça, se diz protetora dos animais.
Zoofilia como crime de abuso a animais
Segundo o promotor de justiça Laerte Fernando Levai, colunista da ANDA, que atua na cidade de São José dos Campos (SP), a zoofilia, também conhecida como bestialidade – prática sexual cometida por seres humanos em detrimento de animais – pode ser considerada como crime previsto na Lei Ambiental. Ele afirma: “Basta analisar os verbos do artigo 32 da Lei 9.605/98 (abusar, maltratar, ferir ou mutilar animais) para concluir que a zoofilia, mesmo que o animal seja induzido ou obrigado a participar, é uma forma típica de abuso. Ora, abuso é o uso indevido, desproporcional, exagerado, que viola as leis da natureza e a própria dignidade daquele que o sofre. Parece-me evidente que, se deixados em condição natural, os cães jamais procurariam uma mulher para copular, assim como uma égua não aceitaria ser penetrada por um homem. Se isso acontece, é porque os animais foram levados a essa situação aberrante, tornando-se, na realidade, vítimas da ação abusiva humana. Vale lembrar, aliás, que a Constituição brasileira veda a crueldade para com animais, mandamento este que acabou sendo acolhido pelo legislador ambiental ao incriminar – dentre as condutas típicas – os atos de abuso em prejuízo deles”.
Laerte alerta sobre o perigo dos argumentos utilizados para justificar essa prática perversa: “Há quem diga que manter relações sexuais com animais é um costume comum no mundo rural, e que inexiste crueldade alguma, por exemplo, no fato de um pênis humano ser introduzido na vagina de uma vaca, dada a flagrante desproporcionalidade entre esses órgãos. Há quem diga, também, que a sexualidade de homens e mulheres não deve ser reprimida, lembrando que a violência ou a tortura até podem fazer parte disso, de modo consensual, como se vê no sadomasoquismo. Há, finalmente, aqueles que insistem em dizer que não existe mal algum em produzir e comercializar filmes de zoofilia, sob o argumento de que os ‘animais atores’ gostam do que estão fazendo ou recebendo, o que afastaria do suposto crime”. Ele ressalta que nenhum desses argumentos serve para justificar a submissão de outras espécies aos interesses dos seres humanos sobre os seus corpos.
“A zoofilia, na realidade, é uma prática bizarra que sugere certo desvio moral da pessoa que a comete. De uma forma ou de outra, pouco importa, o animal nela utilizado está sempre em posição de vulnerabilidade ou subjugação. Mesmo quando os cães e os cavalos se excitam na presença da fêmea humana, o abuso se faz presente pelo simples fato de o animal ter sido levado a um comportamento anômalo que, naturalmente, jamais teria. E o pior de tudo é propagar tais condutas como se elas fossem absolutamente normais, em autêntica apologia de crime. Por isso que, a meu ver, aquele que se utiliza sexualmente de animais incorre em abuso previsto no artigo 32 da Lei Ambiental, da mesma maneira que aquele que faz apologia de fato criminoso pode ser enquadrado no artigo 287 do Código Penal. Qualquer pessoa que porventura tenha conhecimento dessas práticas escabrosas pode registrar ocorrência policial ou, se preferir, encaminhar representação ao Ministério Público Estadual”, finaliza o promotor.
Pessoas protestam indignadas contra o artigo
Vários internautas uniram-se em uma verdadeira mobilização pela rede contra o conteúdo do artigo, publicado pela repórter da revista Void. Com a pressão da sociedade, a matéria acabou sendo retirada do ar, mas há alguns dias foi recolocada, com a supressão de algumas fotos e uma longa nota explicativa da redação antes da matéria, que agora está escondida no site: http://www.avoid.com.br/magazine/index/id/41/itemId/258.
A autora, Gabriela, isentou-se de qualquer responsabilidade sobre o conteúdo do texto, afirmando que quaisquer indagações a respeito da reportagem devem ser direcionadas à revista.
Todos podem e devem se manifestar contra esse ato repugnante. Foram disponibilizados contatos dos responsáveis para que cada um possa expressar sua indignação. Divulgue e mobilize a sociedade.
Contatos Gabriela M.O.
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