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Pesquisa sobre veganismo para universidade de Portugal

5 de dezembro de 2009
8 min. de leitura
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Susana Barroso Santos, aluna da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, Portugal, está fazendo um trabalho sobre veganismo, e pede a participação de brasileiros interessados. As respostas devem ser enviadas o mais breve possível para [email protected].

  • Para si o que é o veganismo?
  • Qual a importância do veganismo na sua vida?
  • Por que é que optou por ser vegano?
  • Goza de toda a filosofia do veganismo?
  • No que diz respeito à saúde, quais as preocupações de um vegano?
  • Qual o método utilizado para curar uma gripe?
  • É excluído ou sofre algum tipo de preconceito por parte da sociedade por ser vegan?
  • Ser vegan altera o modo como vê o mundo? Considera-se uma pessoa melhor por ser vegan?

Minhas respostas:

Veganismo

  • Para si o que é o veganismo?
    Para mim  veganismo é um estilo de vida que respeita os animais de uma maneira prática e verdadeira, que é não os utilizando como produtos ou coisas. O vegano não come animais, nem suas partes, ou derivados. Também faz parte do veganismo não usar peles como o couro de animais ou pele de animais selvagens ou domesticados. Não usamos produtos testados em animais. Claro que nem sempre é possível saber se algo foi testado nos animais, por isso ser vegano é uma tendência, não algo absoluto. Quando vamos ao dentista, por exemplo, sabemos que todos os aparelhos e tecnologias já foram testadas, mas é necessário ir ao dentista. Por isso ser vegano é uma tendência. Tentamos estar o mais próximo do não uso absoluto dos animais, por respeito a eles.
    Abominamos as práticas bárbaras de diversão usando animais, como rodeios, vaquejadas, rinhas de galo, cães e mágicas usando animais, circos e toda sorte de idiotices que usam os animais como palhaços da miséria humana.

 

  • Qual a importância do veganismo na sua vida?
    O veganismo mudou tudo na minha vida, minha forma de ver o mundo e a humanidade. Principalmente minha forma de ver a ciência. Cientistas que usam animais na maior parte das vezes  para promoverem seus currículos e renovarem suas bolsas são coisas que eu já conhecia  na universidade, pois sou bióloga e sei bem como essa prática é comum. Mas, durante a faculdade, nunca havia me dado conta de que o número de cientistas que fazem pesquisas inúteis com animais é astronômico, assim como é o número de animais usados em experimentos científicos, não científicos e também as experiências ilegais, aquelas que são feitas na obscuridade, não respeitando nenhum código de ética com relação aos animais.
    Alguns cientistas escrevem métodos em seus trabalhos, mas na prática a metodologia é outra e causa dor aos animais. Muitos estudantes relatam esse tipo de soberba que professores usam para mostrar seu pseudopoder.
    Mudou também a questão saúde. A saúde da alma e do corpo. Não sinto nenhuma vontade de voltar a comer carne, pois aqui em nossa cidade (Porto Alegre – RS) temos muitas opções de leite de soja, iogurte de soja, tofu temperado (tofu é um tipo de queijo de soja), pizza vegana e diversos restaurantes e até bar vegano. Em Porto Alegre temos uma grande variedade de alimentos e lugares para frequentar. Em outras cidades também há muitas opções no supermercado, de modo que não há mais desculpas para voltar a comer carne e derivados.
    Até na praia que frequentamos há um supermercado que vende produtos sem ovos, massa sem ovos, proteína de soja, leites de soja, coisa que há alguns anos era raridade.

 

  • Porque é que optou por ser vegano?
    Primeiro por que ser vegetarianos e comer ovos e leite ainda é explorar os animais. Meu motivo de ser vegana é pelos animais, não pela saúde ou motivo ecológico. Embora eu saiba que é uma das melhores e mais efetivas formas de ser ecológico, dado a destruição que a pecuária provoca no mundo, como o desmatamento, aquecimento global e fome, o motivo mais importante é o sofrimento dos animais que minha atitude e meu exemplo podem evitar. É algo que faço pelos animais, por acreditar que toda a natureza se restabelecerá ao longo dos milhares de anos, depois que a espécie humana não existir mais sobre a Terra, mas o sofrimento dos animais é algo que ocorre agora, e para tal não há justificativa alguma que me impeça de fazer algo.
    É uma causa urgente, visto que os animais não são ouvidos por ninguém, como outros grupos de minorias são.
    Outras minorias podem se articular e buscar seus direitos, os animais não podem fazer isso. Nós é que temos que fazer, e em muitos casos, ainda somos poucos.

 

  • Goza de toda a filosofia do veganismo?
    O veganismo é essencialmente o que coloquei na primeira questão. Há muitas coisas divulgadas pela internet que nada têm a ver com veganismo. O vegano é vegano pelos animais e apenas isto. Se alguém não come carne, ovos e leite pela sua saúde, mas segue usando couro, não é vegano.
    Leio apenas a filosofia abolicionista, isto para mim é filosofia vegana. A que estuda formas de libertar os animais de forma definitiva da tirania humana. O resto é perda de tempo, e apenas leio para conhecer e contestar.
    Digo perda de tempo, pois o tempo de nossa vida que usaremos para ajudar os animais é sempre muito pouco, como diz a filósofa Sonia Teresinha Felipe.

 

  • No que diz respeito à saúde quais as preocupações de um vegano?
    Apenas a manutenção da B12, que alguns estudos asseguram que até quem come carne deveria se preocupar. Mas apenas os vegans acabam preocupados com isso.
    Antes de ser vegana eu tinha a B12 baixa, devido a bebidas alcoólicas, que é o principal retirante da B12 do organismo. Depois que fiz a reposição e sendo vegana, minha B12 está perfeitamente normal.

 

  • Qual o método utilizado para curar uma gripe?
    Normal, tomar chás de limão, se alimentar bem, deixar passar. Tomar uma aspirina quando muito grave.

 

  • É excluído ou sofre algum tipo de preconceito por parte da sociedade por ser vegan?
    Sim, mesmo que eu saiba colocar as pessoas em seus lugares, muitos acham-se no direito de vir falar no assunto de modo inconveniente. No início, quando almoçava com pessoas que não conheciam o assunto, elas sem nenhum senso faziam de tudo para que eu parasse de comer e tivesse que dar discurso sobre isto, mas aprendi rapidinho a exigir respeito. Pois se alguém não come açúcar por que é diabético, ou não bebe por que é de alguma religião, ninguém vai encher o saco da pessoa. O curioso que uma atitude nobre que é se abster de comer animais por respeito genuíno aos animais faz as pessoas terem verdadeiras convulsões, demonstrando que o caráter da humanidade é muito fraco e tem muitos limites.
    Mas ultimamente aprendi que podemos ter amigos e ter relações sociais sem precisar almoçar juntos ou compartilhar a mesa. Só compartilho a mesa com quem me respeita e faço a extensão da mesa para toda a minha vida.

 

  • Ser vegan altera o modo como vê o mundo? Considera-se uma pessoa melhor por ser vegan?
    Considero-me uma pessoa melhor por ser vegan, com toda a certeza. E mesmo que me julguem arrogante ou prepotente, sei que sou hoje muito melhor do que eu era antes de conhecer este modo de vida e antes de olhar para o modo como o ser humano trata os animais. Não posso achar que a humanidade seja superior, pois trata os animais de maneira mesquinha e miserável. Por isso só acredito que a humanidade melhorará no dia em que acordar para este fato. Podem me considerar o que for, sei que quem usa os animais como objetos é mesquinho, eu já fui assim e posso falar hoje pois vivi os dois lados da moeda.
    Uma humanidade que faz dos animais seus escravos não pode vir me apontar o dedo e dizer que estou sendo prepotente. Se as pessoas ao meu redor quiserem ajudar os animais, eu as respeitarei mais.
    O veganismo muda radicalmente a maneira de ver o mundo. Não há como voltar atrás, a mudança é substancial e para melhor. Procuramos cuidar mais da saúde, escolhemos melhor as pessoas com quem iremos nos relacionar, mudamos nossa maneira de trabalhar e nos mostrar ao mundo. Nem todos os veganos passam pelas mesmas mudanças, obviamente nem todos se transformam da mesma forma. Isto porque cada ser humano é de um jeito e tem alguns vegans que são bem desagradáveis, pois são humanos como qualquer outro.
    O que acho mais interessante é que as críticas vão para os veganos mais facilmente, por preconceito puro. Há muitas pessoas sem caráter que comem carne, mas, se encontram uma pessoa mal educada que é vegana, parece que o motivo de ela ser mal educada é o veganismo.
    Preconceito apenas, pois gente mal educada e prepotente tem em qualquer lugar, e o número de pessoas que comem carne e são insuportáveis é muito maior do que as que não comem.

 

Nome: Ellen Augusta Valer de Freitas
Profissão: Bióloga
Cidade: Porto Alegre
Idade: 30 anos

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