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A falácia da vaquinha feliz

15 de setembro de 2009
9 min. de leitura
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A tentativa de arrumar desculpas para justificar nossos atos é corriqueira em quem deseja que o mundo mude, mas não começa a mudança em si mesmo. Ainda está esperando pela oportunidade de que o mundo se torne perfeito, mas os seus atos ainda são dos tempos arcaicos.

Isso ocorre com todos os assuntos escabrosos, como as mudanças climáticas, a violência contra crianças, mulheres etc. Tudo o que envolve mudanças de atitudes muitas vezes cai no vício da eterna conciliação e desculpas furadas.

Historicamente já percebemos que muitas mudanças tiveram que ser radicais (no sentido de abruptas, não no sentido preconceituoso que o populacho gosta de usar) para que houvesse um significado duradouro. E que a conciliação, as alianças nem sempre geraram o resultado que se esperava.

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Notou-se que após o sistema “vaquinha feliz”, “galinhas soltas”, as pessoas não só continuaram a comer animais, como ainda aumentaram seu consumo, alegando agora ter a consciência mais tranquila. Esta tranquilidade obviamente é só da parte do ser humano, pois os animais continuam morrendo e o mercado continua a aumentar cada vez mais.

Estas e outras informações podem ser encontradas no livro Libertação Animal, de Peter Singer, com dados precisos, porém desatualizados, pois a cada dia a humanidade, ávida por corpos de animais, vem consumindo cada vez mais. E aumentando cada vez mais – o que é um ponto importante, se pensarmos na sustentabilidade e na ética envolvendo a questão dos animais.

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Neste fim de semana, fui visitar familiares na região de Encantado, interior do Rio Grande do Sul. A visita à família, o retorno às origens me fizeram muito mais do que bem. Também me levaram à realidade da criação de animais no interior do nosso Estado. Coisa defendida, principalmente, por aqueles que não abrem mão do seu negócio e pelos que fantasiam um mundo de 6 ou 7 bilhões de pessoas vivendo às custas dos animais, mas de consciência tranquila (e sem impactos ambientais!).

Os animais de estimação não são alimentados, na maior parte dos lugares que visitei. Inclusive onde estava hospedada. A comida só chega se alguém se lembrar. Pauladas e pontapés eram comuns e um desprezo que me pareceu sintoma de algo que se distorceu na mente dessas pessoas em algum ponto de suas vidas.

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Chiqueiros e baias, como se podem ver nas fotos, mostravam animais magros ou excessivamente gordos – para o abate. Os magros para servir leite e seus derivados. Mas as hortas estavam cheias e os pastos abundantes, mostrando que comida não faltava, o que faltava era alguém alcançar os animais aprisionados.

Isto, e também a famosa pecuária sustentável, só tranquilizam o ser humano que explora sem questionar-se. E muitos questionam, mas não abrem mão da exploração.

É semelhante a querer que a escravidão continue, pois os escravos são bem tratados, ouvem música clássica e têm morte praticamente indolor… Isto porque não podem imaginar como é entrar na fila de espera de um matadouro. Mesmo que suas paredes sejam cor-de-rosa, a perspectiva da morte existe e é algo muito aterrorizante para qualquer espécie, principalmente grandes mamíferos.

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Para quem ainda vive em meio a preconceitos e dúvidas, o que é perfeitamente normal, sugiro que participe do Seminário que ocorrerá amanhã na UFRGS sobre animais e métodos substitutivos. Será nos dias 16 e 17 de setembro das 18h às 22h, no Auditório da Faculdade de Educação, Campus central da UFRGS. A entrada é franca e poderá esclarecer muitas dúvidas a respeito dos animais. Animais não são apenas usados na alimentação, são usados em muitas áreas e em todas elas há meios de substituição.

Os métodos substitutivos na área do ensino serão o tema deste evento, mas também haverá a possibilidade de esclarecermos outras áreas envolvendo animais, pois estarão presentes pessoas muito bem informadas sobre esses assuntos.

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É comum eu ouvir críticas de pessoas que sequer leram algo sobre o ativismo sério e sobre a filosofia pelos animais. Muitas vezes, surgem preconceitos de todo o tipo, especialmente pela distorção dos fatos. Orkut e demais meios de comunicação têm difundido os mais diferentes tipos de preconceitos contra os animais, incluindo o especismo.

Neste evento, poderemos contar com expoentes da questão animal, uma chance de esclarecer dúvidas, aprender e quem sabe tomar uma atitude ante a exploração generalizada.

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