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Pelo menos 200 animais são mortos por mês em canil mexicano

20 de dezembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Loren Claire Canales (da Redação – Portugal)

O Departamento de Saúde Animal da cidade de Zapopan, vizinha de Guadalajara, “sacrifica” mensalmente 200 cães ou gatos em situação de abandono. Por ano, esta realidade se converte em mais de quatro mil animais, mortos cruelmente pelo descaso humano.

Foto: Reprodução/Milenio
Foto: Reprodução/Milenio

“A maioria das pessoas que abandona animais nas ruas, são pessoas com poucos recursos, que não os alimentam com ração e sim com restos de comida”, salientou o titular do Departamento. As informações são do Milenio.

As zonas onde estão registrados os maiores índices de abandono de animais são: Arenales Tapatíos, Meza Colorada, Tesistán, Santa Lucía, entre outras.

Sobre essa situação, a diretora do Departamento de Saúde Animal, comentou que sua operação é feita com base nos relatos de moradores da região que pedem o recolhimento de cães e gatos. Segundo a diretora, somente com uma solicitação deste tipo que o departamento pode agir, entretanto, os solicitantes não sabem o destino dos animais que pedem resgate.

A política do canil municipal é brutal, pois a partir do momento em que o animal ingressa, ele terá 5 dias para ser buscado e o tutor terá que pagar os gastos de manutenção gerados durante sua estadia, que são de 170 pesos (em torno de 31 reais), caso contrário, o animal é morto friamente.

Sua vida é tratada sem nenhum respeito ou consideração, uma vez que morto, “o corpo do animal é levado a uma empresa de manejo de resíduos biológicos infecciosos contratada pelo município que se encarregará de incinerá-lo”. Se trata unicamente de uma ação sanitária, de higiene urbana, para retirar aquilo que seria “propagador de doenças”. Se esquece que estes mesmos cães e gatos são vítimas de abandono, maus-tratos, estão desnutridos, doentes e precisam de cuidados.

Futuro incerto

Cabe ainda assinalar que após a iniciativa apresentada pelo governo federal de tributar com um Imposto de Valor Acrescido (IVA) de 16% os alimentos processados para cães, gatos e pequenas espécies consideradas animais domésticos, seu futuro se tornou incerto e se esta tão temida iniciativa for aprovada, as consequências serão irreversíveis.

Foto: Reprodução/Milenio
Foto: Reprodução/Milenio

“Muitas pessoas estão nos dizendo que necessitam se desfazer de seus animais. Chegam ao abrigo e nos dizem que se nós não recebermos os animais, serão abandonados na rua. Definitivamente haverá graves problemas se este aumento do IVA para a alimentação de animais acontecer”, disse a presidente da Associação Pró Direitos Animais, Martha Medrano.

Martha menciona também que os canis municipais não realizariam mais os “sacrifícios”, “porque teriam que destinar anualmente maiores recursos, contratar mais pessoal e adquirir mais quantidades de alimentos e medicamentos para ‘fazer dormir’ os animais que foram capturados”. Desta forma, evitar a morte dos cães estaria atrelada a mantê-los um uma situação indigna de abandono. O real problema, que é a política de morte dos canis, não seria resolvido.

Sobre o assunto, o médico veterinário zootecnista, Jaime de Jesús Gómez, advertiu “ com o aumento do preço da ração, haverá mais cães abandonados na rua e é isto que o governo está tentando evitar”.

Além disso, Jaime estima que as vendas cairiam cerca de 40% “para mim, as vendas cairão muito devido ao aumento. A ração mais barata que tenho é vendida a 135 pesos (cerca de 25 reais) o saco com 2 kg e a mais cara tem um custo de 1.500 pesos (cerca de 270 reais) o saco com 20 kg.”

No México, estudos revelam que 50% dos lares têm um animal de estimação e que gastam semanalmente uma média de 19 pesos (em torno de 4 reais) com eles.

Ações de Controle Populacional

Foto: Reprodução/Milenio
Foto: Reprodução/Milenio

As ações de controle populacional são a melhor forma de lidar com o crescimento do abandono de animais. Entretanto, o aumento do imposto sobre alimentos de animais, que foram considerados como um bem de luxo em uma recente modificação nas leis do México, o número de cães abandonados pode aumentar, segundo Associação Protetora de Animais M.I.C.A.S.A..

Rocío Martínez Patiño, fundadora da associação diz que o aumento dos custos com alimentação terão um papel chave no abandono de animais. Segundo Patiño, as famílias dos subúrbios mexicanos não terão condições de alimentar seu animais e irão abandoná-los por não terem mais possibilidade de cuidá-los.

Patiño ainda deduz que, com o aumento dos impostos, uma primeira reação será de deixar de comprar alimentos feitos para animais e começar a dar-lhes restos de comida ou alimentos de baixa qualidade, o que prejudicará sua saúde e poderá causar mortes e sofrimentos para os animais.

“Muitos animais domésticos ficam doentes porque os tutores dão sobras. As comidas destinada aos animais trazem vitaminas e proteínas que eles necessitam, quando você lhes dá algo que não tem as quantidades certas, suas defesas caem, a pele é afetada e, inclusive, seus rins também são. Eles não podem comer cebola e alho, pois este tipo de alimento já pode ser causador de doenças no fígado, já que esses animais não digerem bem alimentos de consumo humano”, disse a fundadora da associação de defesa animal.

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