(da Redação)
Há quarenta anos, quando Mali, um bebê de elefante, estava aprendendo a nadar e encontrar a sua própria comida, ela foi arrancada de sua mãe e enviada para as Filipinas, como um “presente” para o presidente da época, Ferdinand Marcos. Sua casa, que antes eram os campos do Sri Lanka, passou a ser um invólucro estéril de paredes e chão de concreto no Zoológico de Manila. E, por essas quatro décadas, ela não viu mais a sua mãe ou qualquer outro elefante novamente. Mali vive totalmente sozinha desde 1977, e é evidente que ela nunca considerou este zoológico como o seu lar. As informações são do One Green Planet.
Um elefante aflito
Com o passar dos anos, a saúde mental de Mali entrou em espiral rumo a uma depressão crônica. Viver entre paredes de concreto sem nenhuma grama ou árvores ao seu redor também prejudicou a sua saúde física e ela sofre, como muitos outros elefantes que vivem confinados, de artrite e problemas nos pés. Para amenizar a dor nos pés, ela passa a maior parte dos dias encostada nas paredes de sua clausura. Na natureza, os elefantes costumam andar cerca de quarenta quilômetros por dia sobre pastagens e vários terrenos. O único terreno de Mali durante essas décadas foi o concreto, o que deixou as solas dos seus pés cheias de severas rachaduras.
Em 2012, o especialista em elefantes Dr. Henry Richardson examinou Mali. Seu relatório cita “patas rachadas”, “unhas partidas” e “cutículas anormalmente crescidas”. Richardson declarou: “Tenho a absoluta certeza de que Mali sente dor em suas pernas e pés”.
O zoológico, no entanto, não fez nada para ajudar, e continua a ignorar os problemas de saúde de Mali. Se a sua condição for deixada sem tratamento, há uma grande probabilidade dela ficar manca e não ser mais capaz de suportar o seu próprio peso. Essa é uma das principais causas de morte entre elefantes cativos. Quando eles têm um colapso e não conseguem mais se levantar, o peso de seus corpos esmaga os seus órgãos internos, levando-os à morte.
Liberdade negada
Assim como os humanos e todos os animais, os elefantes também precisam da companhia de outros de sua espécie para viver uma vida plena e feliz. Mas, por quarenta anos, Mali está em confinamento solitário. Isso, combinado com as doenças em seus pés, torna a existência de Mali incrivelmente miserável. Muitos estudos comprovam que o estresse mental e o desgaste físico que o cativeiro causa nos elefantes, especialmente os solitários, leva a altas taxas de mortalidade e doenças. Zoológicos são, sem dúvida, os piores lugares para os elefantes.
O Boon Lott’s Elephant Sanctuary (BLES), na Tailândia, ofereceu a Mali um lar e todo o cuidado de que ela necessita. Especialistas recomendam este santuário como o melhor lugar para Mali. Mas as autoridades das Filipinas recusaram-se a deixá-la ir. O governo filipino está negando qualquer esperança de vida melhor e sobrevivência à Mali. Até mesmo a ONG PETA ofereceu-se a pagar pelas taxas de transporte e cuidados, por isso pode-se afirmar que a única coisa que impede a liberdade de Mali são “seus sequestradores”.
Segundo a reportagem, o Boon Lott’s Sanctuary oferece tudo o que Mali precisa. Centenas de hectares de gramados, plantações de banana e rios. Diferente de Mali, que não tem sequer grama sob os seus pés ou árvores ao seu lado, os elefantes que vivem no local andam soltos, procuram pelos seus próprios alimentos, nadam e brincam uns com os outros.
Vitórias para outros elefantes
Apesar do caso de Mali parecer especialmente sombrio, não se pode perder as esperanças. Muitos elefantes que enfrentaram circunstâncias similares e raptores implacáveis encontraram o seu caminho para a liberdade, em grande parte graças à ação de pessoas que se uniram, indignadas com a situação.
Em 2007, um elefante chamado Sunder foi dado como presente para um templo da Índia. Ele ficava acorrentado em um barracão escuro e apanhava todos os dias. Seis anos depois, o mundo passou a comentar sobre o caso de Sunder e a PETA da Índia divulgou um vídeo secreto mostrando os abusos contra ele. Esse vídeo teve mais de 220.000 visualizações, e graças a pessoas de todo o mundo que escreveram cartas para autoridades pedindo a libertação de Sunder, a sua vida mudou para sempre. Em 2014, Sunder foi enviado para um santuário.
Outro elefante cuja história teve um final feliz foi Raju. Por cinquenta anos, Raju foi mantido acorrentado e abusado diariamente. Há alguns meses, conservacionistas da vida selvagem resgataram-no. Eles disseram que o elefante realmente chorou quando foi libertado. Raju agora vive em um centro de cuidados para elefantes em Mathura. Como um elefante pode viver mais de setenta anos, especialistas esperam que ele viva pelo menos mais dez anos.
Isso significa que Mali ainda pode viver por mais trinta anos. Mas, com os seus graves ferimentos nos pés, sua expectativa de vida pode não ser tão longa. Ao menos que ela receba cuidados médicos logo e suas condições de vida melhorem radicalmente, há uma chance real dela morrer sem sentir de novo a grama sob os pés.
Ajuda para Mali
O tempo está correndo para Mali, que já não tem muito mais a esperar. Por favor, ajude a pedir às autoridades a transferência de Mali para o santuário na Tailândia, assinando a petição. Divulgue a sua história e peça aos seus familiares e amigos que assinem também.
Outra forma de ajudar, para quem mora fora das Filipinas, é enviando um e-mail à embaixada das Filipinas em seu país. Encontre o contato nesse link.
Para demonstrar o seu apoio e acompanhar o andamento do caso, visite a página Free Mali, no Facebook.