Nesta quinta-feira (8), uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Marabá seguiu para Brejo Grande do Araguaia para investigar dois irmãos de um vereador que aparecem em um vídeo trucidando um jacaré com machado, maltratando o animal e depois tirando a carne e o couro em via pública, na frente de crianças.
Os dois homens aparecem em um vídeo de 1 minuto e 18 segundos terminando de matar um jacaré de 5 metros de comprimento. A crueldade foi fotografada em Brejo Grande do Araguaia e o crime não seria isolado. Segundo a denúncia anônima, os irmãos preparam armadilha com anzol às proximidades da Praia Santa Rita, no Rio Araguaia, lá mesmo no município de Brejo Grande.
O denunciante informou que o crime aconteceu há poucos dias. Os acusados, depois de fisgarem o jacaré no rio, colocaram-no na carroceria de um caminhão e o levarão para uma rua. É neste local que acontece a gravação do vídeo. Os maus-tratos com o jacaré ainda vivo acontecem na frente de várias crianças menores de 12 anos, que assistem a tudo absortas e sem esboçar qualquer tipo de reação.
Uma corda está amarrada na boca do jacaré enquanto outra imobiliza as patas traseiras e o rabo. Em um dado momento, um dos homens tira uma das cordas, tenta arrastar o animal, mas com pouco sucesso. Um segundo se aproxima com um machado na mão e começa a bater na cabeça do réptil. Após a primeira machadada, ele para, olha para as demais pessoas e sorri de forma “heroica”. Depois, dá mais três golpes e passa o machado para o colega. Este outro, sem piedade, vai massacrando o animal com outros tantos golpes. Várias outras pessoas passam em frente à filmagem, também registrando o momento de “diversão” através de seus celulares.
No finalzinho do vídeo, o segundo acusado passa a brincar com o animal, que já está agonizando no chão. Ele deita sobre o jacaré, segura em suas patas dianteiras e parece diverti-se, exibindo o animal como um troféu. Um dos agressores diz em tom de galhofa antes da primeira machadada: “Mata o boi, mata o boi”. Após a pancada inicial, uma mulher adverte: “Isso aí é cosquinha para ele”. Enquanto o espancamento continua com o machado, um terceiro homem dá uma lição: “Para você ter certeza que um jacaré está morto, trisca nele”.
A promotora de Brejo Grande do Araguaia, Mayanna Queiroz, ao assistir ao vídeo, ficou abismada com as imagens da crueldade praticada contra o jacaré. Ela reconhece que o caso é grave e antecipou que pediria para o Ibama investigar o caso e aplicar as sanções previstas em lei. “Trata-se de um crime ambiental que precisa ser punido”, observou.
O biólogo Fábio Reis Ribeiro identificou o jacaré em questão como da espécie jacaré-açu (Melanosuchus Níger), considerado o maior da fauna brasileira. Pela Lei 9.605/1998, “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória” é crime. A pena é detenção de seis meses a um ano e pagamento de multa.
Fonte: Surgiu