Por Amary Nicolau (da Redação)
Ashoo Mongia raramente visita o supermercado para abastecer sua geladeira. Sendo o chefe de uma equipe de proteção à vaca, ele regularmente fiscaliza as mercearias de Delhi e mercados ao ar livre, afim de encontrar produtos alimentícios que contenham carne bovina.
Nos últimos 15 anos, Ashoo e sua equipe de 120 voluntários, estão em uma batalha contra uma indústria de carne bovina que movimenta bilhões de dólares e também contra o comércio clandestino da mesma carne. Comércio que vai contra a ideologia dos hindus tradicionalistas que querem preservar o status sagrado das vacas.
“A vaca é a nossa mãe, é nosso dever protegê-la”, disse Ashoo, que monitora centenas de lojas, açougues e matadouros suspeitos de transportar, vender ou abater os abençoados bovinos da Índia. “Fazemos isso porque acreditamos no que a vaca representa para o nosso país, nossa cultura e nossa religião Hindu.”
Este ano, a Índia deve superar os Estados Unidos como o terceiro maior exportador de carne bovina do mundo, ficando atrás apenas do Brasil e da Austrália. Só no primeiro semestre de 2012, a Índia exportou 1,24 bilhões de dólares no valor da carne, o que representa um crescimento de 30% na receita de 2010.
A maior parte das exportações indianas é a carne de búfalo, tendo como destino os mercados do Sudeste Asiático e Oriente Médio. Mas uma crescente classe média em países árabes pede a carne bovina. O aumento na demanda pode tornar a Índia o maior exportador de carne bovina em 2013, de acordo com as estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).
Como a Índia continua em luta pelo domínio econômico e político no Sul da Ásia, existe uma preocupação com as proibições hinduístas com relação a carne bovina, de forma que pode prejudicar o crescimento dessa indústria, como no estado de Kerala, onde a indústria da carne bovina é ilegal.
A vaca é considerada pelos hindus como gau mata, ou figura materna, e tem tido um papel central de longa data em rituais religiosos na Índia. Essas atitudes religiosas, no entanto, são vistas por alguns líderes empresariais indianos como um grande obstáculo ao comércio.
“A carne bovina pode ser um negócio muito lucrativo na Índia”, disse o Dr. SK Ranjhan, o diretor do Hind Agro Industries Limited, que acredita que as atitudes religiosas podem mudar uma vez que a extensão das oportunidades de negócios possa ser percebida pelos indianos. “Eu acho que entre 5 e 10 anos a partir de agora, as pessoas não ficarão tão escandalizadas com a venda de carne de vaca.”
A maioria dos 24 estados da Índia não permitem a matança das vacas, exceto sob circunstâncias atenuantes: por doenças contagiosas ou afim de evitar a dor e sofrimento. Vários outros estados – incluindo Delhi e Rajastão, entre outros – proíbem a venda e abate de vacas completamente.
As leis são severas contra o abate das vacas, mas na maioria das províncias da Índia existe um comércio ilegal de abate devido ao lucrativo comércio. Estima-se que 1,5 milhões de vacas, no valor de até US $ 500 milhões, são contrabandeadas para fora da Índia anualmente.
As informações são do site da CNN.