A Polícia Civil de Poços de Caldas (MG) abriu um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para apurar um caso de maus-tratos contra um cão cometido, segundo denúncias, pelo delegado aposentado Lacy de Souza Moreira. Ele é suspeito de ter amarrado um cão no engate traseiro do próprio carro e ter arrastado o animal, com o veículo em movimento, pelas ruas do bairro Conjunto Habitacional Pedro Affonso Junqueira (Cohab).
O caso foi registrado na última segunda-feira (30) depois que o delegado aposentado procurou o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para deixar o animal no local.
Lacy de Souza Moreira foi procurado, mas não quis se manifestar sobre as denúncias de agressão. Por telefone, ele só disse que o cachorro era abandonado e que ele tinha recolhido o animal para levá-lo ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Segundo a coordenadora do órgão, a veterinária Sheila Patresi, Moreira ameaçou matar o animal diante da recusa do CCZ em abrigá-lo. De acordo com ela, o cão não pode ser acolhido, já que não apresentava ferimentos e o local não recebe animais sadios. “O ex-delegado chegou com o animal e disse que o cão tinha mordido outro cachorro. Nós explicamos que não recolhíamos animais sadios. Existe uma política que nos impede de ficar com o cachorro que não está ferido ou doente. Dissemos que ele tinha que procurar outra instituição para fazer a sociabilização dos animais e ele falou claramente que daria um jeito, da maneira dele, no cachorro. Ele é delegado e sabe, pela lei 9.605/98, que abandono e maus-tratos são crimes. Ele não era uma pessoa leiga e não poderia ter feito isso de forma alguma”, pontuou.
Moradores da região viram quando o ex-delegado amarrou o animal e o arrastou pelas ruas do bairro. “Eu vi aquele carro descendo e enxerguei a corda amarrada atrás. Quando eu vi o cachorro, fiquei muito desesperada. O animal estava muito machucado, com a língua de fora, entre a vida e a morte”, disse a dona de casa Maria Julieta Ferreira Moreira.
A Associação Protetora dos Animais de Poços de Caldas (AAPA) foi comunicada e acionou a Polícia Militar, que registrou uma ocorrência. “Além de registrar a ocorrência nós procuramos o Ministério Público para representar a denúncia. O caso não pode ficar impune. Tentamos também um mandado de busca e apreensão para tentar localizar o animal, que infelizmente deve ter morrido, mas ainda não conseguimos”, disse a representante da associação, Vera Facci.
De acordo com o delegado regional Gustavo Manzolli, o caso foi repassado à delegada Gisnéia Mirela Ramires, que vai ouvir todos os envolvidos. “Todas as testemunhas serão ouvidas e o réu responderá pelo crime de maus-tratos e se for condenado, poderá pegar até dois anos de cadeia, já que é um crime de menor potencial ofensivo”, destacou.
Ainda segundo os moradores do bairro e a AAPA, o animal foi procurado nas redondezas, mas não foi encontrado.
Fonte: G1