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Caça dizima 30% de elefantes africanos

2 de setembro de 2016
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Tony Karumba, AFP
Foto: Tony Karumba, AFP

A caça tem impulsionado um grande declínio de elefantes nas savanas da África e os animais devem ser extintos rapidamente. Segundo um censo inédito, 30% da espécie foi dizimada entre 2007 e 2014.

Neste período, 144 mil animais foram assassinados em 15 países africanos, o que representa uma diminuição de 8% ao ano. Hoje, a população de elefantes nestes países é de 352,271 indivíduos.

Angola, Moçambique e Tanzânia foram os países que apresentaram a maior taxa de mortes, com números surpreendentemente baixos de animais encontrados no nordeste da República Democrática do Congo, no norte de Camarões e no sudoeste da Zâmbia.

O ambicioso Grande Census Elephant (GEC) durou três anos e foi financiado pelo filantropo e bilionário da Microsoft Paul Allen. Para localizar e contar o número de elefantes, foi usada uma frota de pequenos aviões.

O censo estima que há um total de 352,271 elefantes em Angola, Botsuana, Camarões, Chade, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Quênia, Malawi, Mali, Moçambique, África do Sul, Tanzânia, Uganda, W-Arli- Pendjari (Níger, Burkina Faso e Benin), Zâmbia e Zimbábue. O Sudão do Sul e a República Centro-Africana serão examinados até o final de 2016.

Os elefantes africanos enfrentam uma crise gravíssima. Somente em 2014, cerca de 20 mil deles foram mortos por suas presas de marfim, o que é um ritmo mais acelerado do que a taxa de nascimento dos animais.

No início do século XX, as estimativas apontavam que havia 1 milhão de elefantes, mas milhares deles foram assassinados pelo marfim entre 1970 e 1990.

As populações se recuperaram em alguns países após a CITES proibir o comércio de marfim em 1989. Porém, desde o início dos anos 2000, a ascensão das classes médias no Extremo Oriente tem alimentado uma nova demanda por produtos de marfim.

A perda de habitat, conflitos com humanos, conflitos armados e de mineração também representam outras ameaças para os animais.

Segundo Mike Chase, um dos líderes do GEC e fundador da organização Elephants Without Borders, estabelecer uma visão clara dos números e da distribuição dos elefantes das savanas africanas irá ajudar nos esforços de conservação.

“Até este levantamento aéreo, não havia evidências sólidas sobre o estado de elefantes. Como as pessoas podem conservá-los quando não sabem quantos existem ou onde eles estão? Estamos armados de informação agora e temos estimativas sólidas que servirão como uma referência e também para despertar as pessoas da apatia”, afirmou.

De acordo com o The Guardian, o censo – realizado pela empresa de Allen, a Vulcan – é o primeiro levantamento aéreo em todo o continente de elefantes africanos feito com a coleta de dados padronizados e métodos de validação técnica. A pesquisa envolveu mais de 90 cientistas, seis ONGs e muitos voluntários e ambientalistas.

“Este projeto exigiu um esforço hercúleo por parte de muitos parceiros desde o seu lançamento em dezembro de 2013, com 81 aviões e 286 membros da tripulação que sobrevoaram cerca de 463 mil quilômetros”, declarou o diretor de conservação da Vulcan James Deutsch.

Os resultados do censo foram revelados  durante o Congresso da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) no Havaí, nos Estados Unidos.

Mais de 80% dos dados do GEC serão incorporados ao relatório Status dos Elefantes Africanos da IUCN que será utilizado para moldar as grandes decisões políticas sobre o futuro da espécie.

A divulgação do censo ocorre a menos de um mês antes da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES), realizada em Joanesburgo, na África do Sul, que debaterá três propostas sobre o comércio internacional de marfim.

“O comércio de marfim é um problema internacional e necessita urgentemente da implementação global de medidas adequadas. Este relatório é muito oportuno, já que este será um grande tema da discussão da CITES no próximo mês. Precisamos que a comunidade internacional tenha um debate construtivo e aborde o que irá ajudar a combater a caça e o comércio de marfim, estabeleça legislações mais rígidas, medidas contra a corrupção, além de mais vigilância em pontos-chave de contrabando”, enfatizou Heather Sohl, da WWF do Reino Unido.

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