Existem mais de 5 milhões de animais selvagens em zoológicos por todo o mundo. A cada ano, 500 mil morrem em suas instalações, que nunca serão apropriadas para abrigar as espécies que têm o direito e a necessidade de viver em liberdade.
Os zoológicos foram criados na Inglaterra no início do século passado para exibir humanos, especialmente aqueles com deficiência e os de origem primitiva. Rapidamente perceberam que era uma burla contra a própria espécie e não era apropriado exibir suas deformidades e atrasos.
Aí os grandes primatas e animais de grande porte substituíram os humanos como objetos de exibição e diversão. Para alimentar a fome dos zoológicos, especialmente do mundo mais desenvolvido, encomendas se disseminaram pelos países do terceiro mundo, que possuíam as espécies mais procuradas.
Milhões de indivíduos de todas as espécies foram tirados do seu habitat natural e destinados a milhares de zoológicos em todos os continentes. Os zoológicos cresceram sem controle e criaram também um incentivo para que pessoas com mais recursos montassem seus próprios zoológicos particulares. De ditadores a artistas, passando até por chefes do tráfico de drogas, como o colombiano Pablo Escobar, tiveram e têm seus próprios zoológicos, arrancando animais importantes do seu habitat natural para enriquecer suas coleções.
A paranóia chegou a um ponto que hoje, por exemplo, existem mais de 7 mil tigres em quintais de residências norte-americanas, mais do que os que existem em vida livre, que não passam de 5 mil.
Quando os zoológicos perceberam que estavam sendo atacados e expostos na sociedade por sua atividade predatória de devastar a fauna selvagem, a fim de enriquecer suas coleções, criaram uma justificativa para sua existência: educar a juventude, preservar as espécies ameaçadas de extinção e mostrar às crianças as espécies mais exóticas que existem na natureza. Porém, a verdadeira função dos zoológicos é divertir o público e isso ficou escondido, visto que não era justificável que para divertir o público se depredasse a natureza dessa forma.
Se não existisse reposição de espécies, hoje possivelmente os zoológicos brasileiros não teriam 1/3 dos grandes primatas que possuíam 10 anos atrás; mais de 70% dos grandes primatas em zoológicos brasileiros morreram nos últimos 10 anos e não morreram mais porque os Santuários do GAP resgataram uma boa parte dos que estavam marcados para desaparecer.
Quando o Zoológico de São Paulo tentou nos silenciar judicialmente 5 anos atrás, por denunciar a morte de todos seus grandes primatas em poucas semanas, usou como argumento que “nossa denúncia tinha impedido que eles substituíssem as espécies mortas procedentes de outras fontes e zoológicos”. Meses mais tarde recebeu oito chimpanzés de Portugal e dois orangotangos de Europa, substituindo aqueles que morreram precocemente, possivelmente por uma infecção viral transmitida por ratos e que nunca ficou totalmente esclarecida.
O caso agora do gorila Idi Amin e das duas fêmeas, trazidas a um custo substancial da Inglaterra, para acompanhar o gorila que vive há mais de 25 anos solitário, tem só um fim: “dar publicidade ao zoológico mineiro e aos políticos que gerem o destino da cidade e do Estado. Uma matéria veiculada domingo passado num programa de TV de grande audiência prova isso, quando o apresentador repetia incessantemente “o único Zoológico da América do Sul que tem um grupo de gorilas”.
O que a sociedade deve discutir e debater é para que é necessária a existência dos zoológicos da forma que existem, que os força a ser predadores de espécies na natureza para preencher suas coleções. O ser humano hoje não tem divertimentos suficientes, especialmente, com os últimos lançamentos eletrônicos e o que a cibernética lhe oferece, para continuar engaiolando milhões de seres inocentes, que morrem prematuramente, porque não resistem a vida fora do seu habitat natural? É ético, humano, correto, lógico ou legítimo condenar à morte 500 mil animais selvagens a cada ano para divertir a humanidade?
Pense, debata, discuta, reaja e impeça que este massacre continue!