“Neste ano, tivemos uma alteração do calendário, saímos da normalidade em função de problemas acontecidos no ano passado. Tivemos uma quantidade de reações adversas superior à esperada, o que levou o ministério a rever a vacina utilizada. Nós não queremos correr o risco de se repetirem os problemas”, afirma o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch. Apesar disso, ele disse que todos os estados receberão as doses ainda neste semestre.
No ano passado, a Secretaria da Saúde suspendeu a aplicação das vacinas antirrábica de cães e gatos depois dos casos de reações adversas. Por causa desses eventos, o ministério definiu junto ao laboratório responsável pelo fornecimento das vacinas a realização de novas análises neste ano. Os testes provocaram o atraso do cronograma da entrega das doses, que deveriam começar em maio. “É para que se possa ter confiança que a vacina produzida não traga eventos adversos como no ano passado”, disse Maierovitch.
Ele afirmou ter sido feita uma parceria com o laboratório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) para a validação das doses da vacina. “Assim que se conclua a validação do lote de vacina, iniciaremos a distribuição”, contou.
Enquanto é realizada a análise, o ministério importou, em caráter de urgência, 10 milhões de doses, o total disponível no mercado mundial para aquisição imediata. Foram definidos como estados prioritários para a aplicação da vacina aqueles que apresentaram casos de raiva canina ou humana nos últimos três anos: Maranhão, Ceará, Pernambuco, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Alagoas, Sergipe e Mato Grosso do Sul.
“Neste ano, nós preferimos dar prioridade para a região Nordeste, porque é lá que ainda há circulação do vírus da raiva canina e, nos meses seguintes, faremos a vacinação nas demais regiões”, disse. Segundo ele, a campanha começou pelo Maranhão por causa de um caso registrado no estado e deve se estender aos outros citados entre julho e agosto. “A segurança que nós temos é que todos os estados que fazem campanha terão as vacinas disponíveis ao longo deste semestre.”
São Paulo ficou em uma segunda etapa da vacinação porque não apresenta casos de raiva humana transmitida por um cachorro desde janeiro de 1997. Em 1998, houve o último caso registrado de transmissão de cão para cão. O ministério diz que possui um estoque de cerca de 1 milhão de doses para bloqueio de eventuais focos no Brasil, no caso de o vírus da raiva com transmissão por cães voltar a circular em alguma região.
A Secretaria da Saúde disse que emitiu um alerta para os municípios paulistas intensificarem a vigilância em relação a eventuais casos da doença.
Fonte: G1