(Da Redação)
Jornalistas da Rede Globo alardeiam a crueldade e a violência. Dois repórteres do programa Globo Esporte comem zebras, girafas, impalas, entre outros animais, e ainda relatam com orgulho o feito gastronômico.
A África do Sul é berço de muitas espécies do planeta. Lá vivem os maiores mamíferos do mundo. Por suas savanas andam livremente os ‘big five’ – leões, elefantes, búfalos, leopardos e rinocerontes, animais protegidos que dividem o território com girafas e hipopótamos. Nos mares do país habitam baleias, tubarões brancos e golfinhos. Esses e outros animais são símbolos da África do Sul. Mas há muito mais na fauna do lugar. O país é um dos mais ricos em biodiversidade, com inúmeras espécies de pássaros, mamíferos, cobras, lagartos, aranhas e insetos.
Um cenário perfeito não fosse a crueldade humana. Uma barbaridade gastronômica praticada no país sede da Copa do Mundo de 2010 está sendo divulgada com orgulho por jornalistas da TV Globo. Uma churrascaria ampliou o cardápio e passou a servir animais como impalas, kudus (espécie de antílope), zebras e girafas. Só não oferecem os “Big Five”, porque são os únicos animais da África do Sul protegidos pelo governo. Se não fosse isso estariam no cardápio.
O restaurante considerado por eles como exótico é, na verdade, um antro de crueldade. O restaurante “Carnivore” fica um pouco afastado do centro de Joanesburgo. Logo no hall de entrada ele chama a atenção com figuras ilustres locais, como o ex-presidente Nelson Mandela, e ostenta também fotos de animais selvagens. Este é um dos três restaurantes da rede fundada há 22 anos; os outros dois estão no Quênia e no Egito.
Com absoluta falta de senso ético, dois jornalistas do Globo Esporte, Thiago Dias e Zé Gonzalez, relatam orgulhosamente sua experiência no restaurante, exaltando os sabores da carnes, o exotismo do cardápio, e ridicularizando, claro, os vegetarianos.
A matéria revela o sarcasmo e sadismo dos dois profissionais, quando dizem que “Ao degustar a zebra é impossível não pensar no simpático bichinho que corre livre pelas savanas ou que alegra os nossos filhos na série de desenhos Madagascar no cinema. Mas o remorso vai embora cedo.”
Comentam com base “no paladar brasileiro” que “A carne de zebra é diferente. Bem assada, com uma leve casquinha crocante, mas com um gosto um tanto quanto amargo. Pelo paladar do brasileiro, dificilmente alguém trocaria uma picanha bovina pela tal da zebra.”
E completam, “Logo em seguida, quase como num esquema de rodízio brasileiro, outros espetos começam a chegar à mesa: crocodilo, impala, kudu… Dessas, o kudu – uma espécie de antílope – foi a unanimidade na mesa dos brasileiros. Por 175 rands – o equivalente a R$ 42 – a experiência vale a pena. É conhecer a fauna africana, digamos, sob um outro olhar.”
Veja a reportagem original do Globo Esporte aqui.
Nota da Redação: A falta de ética e a arrogância de muitos jornalistas são absolutamente revoltantes. A Rede Globo, ao dar espaço a essa lamentável reportagem, é conivente com a violência, com a crueldade. Não bastasse já fazerem parte de toda uma cadeia de sofrimento ao divulgarem e consumirem bois, vacas, galinhas, coelhos, ovelhas e tantos outros animais, ajudam a espalhar a “nova moda gastronômica” no intuito de que mais pessoas adiram a esse abjeto paladar. A ANDA se pergunta por que os jornalistas não comem carne de gente? Esse questionamento é tão ou menos chocante que o texto do repórter. A esquizofrenia da Rede Globo precisa ser tratada. Qual a posição da emissora de TV diante de reportagens como essa? Por que pautam essas atrocidades e, o pior, veiculam como coisas legais, exemplos interessantes? Para depois produzirem programas “fofinhos” sobre animais?… A Rede Globo se exalta como uma empresa jornalística pautada pela ética, pelo humanitarismo. A ética se estende a todas as formas de vida. O ato de matar é sempre criminoso, o que muda é a vítima. Quanto mais indefesa, ainda mais cruel é o ato assassino.