Nathalia Julia Scan
[email protected]
O programa da Rádio Metropolitana FM, Chupim, está no ar há anos. Entre as centenas de propagandas e poucas músicas tocadas no horário, são passados trotes, muitas vezes repetitivos e que usam sempre a mesma técnica: ligam para pessoas simples, pessoas pobres, que colocam anúncios nos jornais, já na intenção de humilhar quem possivelmente não saberá argumentar e que será feito de idiota pelo apresentador, Marcelo (Apelido Beby). Essa é a graça dos trotes, humilhar pessoas simples, que procuram emprego, ou vender alguma coisa.
Assim fica fácil, né? Sim, pois se tentassem ao menos uma vez, passar os mesmos trotes para alguma pessoa que não se encaixa nesse perfil, provavelmente quem faria o papel de idiota seria o apresentador que, finalmente, teria alguém para debater as piadas velhas e sem graça que faz, há anos e anos.
Cheguei a ouvir o programa algumas vezes na adolescência e na sexta-feira (11), ao passar pelas rádios, percebi que era o mesmo programa que continuava no ar. Sintonizei no momento em que estavam ao final de uma discussão sobre pessoas que tratam animais como humanos e o quanto todos eles repudiam isso. Logo após, uma das integrantes, com o apelido de Barbie (que faz o papel nada inovador da patricinha burra), mencionou que sua mãe vende cachorros (obviamente de raça) e que várias vezes vão pessoas a casa dela para comprar os animais.
Em seguida, o apresentador Beby, fez aquele velho comentário, que todo protetor de animais teve de ouvir muitas vezes na vida… o de que se deve ajudar humanos, crianças e não perder tempo com animais. Como se uma coisa realmente estivesse diretamente ligada à outra ou impedisse que ambas fossem feitas. Chegou a dizer também que sente vontade de cuspir na tela do computador, quando vê aviso de um animal, com expressão triste na foto, para adoção. Falou também que com tantas crianças para adoção, não suporta que venham falar de cachorros abandonados para serem adotados. Antes eles…
Como se realmente, uma pessoa passasse por esta dúvida “será que adoto uma criança? ah, nossa, recebi este e-mail, acho que vou adotar um cachorro”.
O fato de existiram tantas crianças para adoção, não tem ligação nenhuma com essa mesma situação que há com cachorros. E a adoção de uma, não elimina a possibilidade de adoção de outro. Agora, ele, que se diz tão incomodado, já adotou quantas crianças? Já divulgou em seu programa (tão sério e solidário, nossa!), quantos orfanatos?
Eu, como “protetora”, já ajudei como pude alguns animais, o que não me impediu nunca de fazer doações ou qualquer outro tipo de ação para ajudar humanos também.
Qual o grau de inteligência de uma pessoa, para sair gritando essas idiotices e fazer este desserviço em uma rádio? Ainda, com risadas ao fundo dos outros integrantes do programa.
No mundo em que vivemos, qualquer ajuda e solidariedade é bem-vinda. Seja para animais, humanos ou meio ambiente. O que não é bem-vindo, é aquele que não faz, mas critica. Gostaria que alguma empresa de ração ou produtos animais, e possivelmente anunciante de rádios, estivesse ouvindo e pensasse bem antes de fazer publicidade nesse tipo de veículo de comunicação(?). Só sentindo no bolso para que esse tipo de pessoa consiga aprender uma ou duas coisinhas sobre a vida.
Nathalia Julia Scano