Aos 25 anos, mais de 17 cachorros já passaram pela vida de Thaila Ayala. E o amor pelos animais não é recente. Nascida em Presidente Prudente, interior de São Paulo, a atriz foi criada em meio aos animais e aprendeu com sua família a importância de recolhê-los das ruas. “Meu pai trabalhava em um barracão e levava os animais que encontrava pela rua para casa. Tive isso como exemplo”, contou ao iG.
A atriz usa sua notoriedade para fazer a diferença em prol dos animais sempre que pode e é uma das modelos escolhidas para estampar o calendário 2012 da AMPARA Animal, que em parceria com a TV Bicho, vai trazer 12 mulheres famosas posando com diferentes espécies de animais.
O iG acompanhou os bastidores do ensaio fotográfico em que Thaila posou para a campanha com a cachorra Mel e Jacques Dequecker foi o fotógrafo responsável. Antes de começar as fotos oficiais para o calendário, a atriz se mostrou em casa. Cuidou do cabelo, maquiagem e ainda almoçou com a equipe de produção, narrando divertidas histórias sobre o seu cachorro, entre outros assuntos. Além de fornecer importantes dicas sobre sustentabilidade e vegetarianismo.
Depois do almoço, Thaila resolveu brincar um pouco com a cachorra parceira de fotos e as duas ficaram íntimas. Mel acompanhou a atriz por todos os passos e Thaila não deixou por menos: pegou a cachorra no colo e até deu beijinhos nela. A atriz revelou que já teve diversos tipos de animais na infância e comentou que usar casaco de pele é “vestir a morte”.
Confira o bate-papo com Thaila Ayala:
iG: Thaila, você sempre gostou de animais? Quantos animais já teve?
Thaila Ayala: Difícil de contar quantos animais eu já tive. Já criei de barata cascuda a calango, gato e outros animais que nem dá para imaginar. De cachorro que dá para contar até agora, são 17 no total.
iG: E atualmente, quantos animais estão em sua vida?
Thaila Ayala: Vou viajar em lua de mel com o Paulo (Vilhena) e quando voltar vamos adotar outro. No momento só tenho um cachorro, um Bulldog Francês, o Zacharias. Nós ganhamos esse cachorro, ele já veio com esse nome. Mas ele tem cara de Zacharias mesmo (risos).
iG: O que você pensa sobre adoção de animais?
Thaila Ayala: Acho fundamental adotar, mas quero ter mais espaço. A minha vontade mesmo é a de ter um lugar para pegar todos os cachorros da rua e levar para casa. Todos os meus 17 foram assim. Meu pai trabalhava em um barracão e levava os animais que encontrava pela rua para casa. Tive isso como exemplo.
iG: Por que você acha tão importante a adoção?
Thaila Ayala: Quando me perguntam se quero ser mãe, eu falo que quero. Mas mais do que isso, eu quero adotar. Porque eu acho que o amor dobra. E tem tanta criança por aí querendo colo, carinho. Penso assim com os cachorros também. É uma gratidão, uma troca tão infinita, tão bonita. É algo que você dá e não precisa pedir de volta. É lindo. Adote, você não vai se arrepender. Tem muito cachorro pedindo amor, pedindo carinho sem querer nada em troca. Adote, castre, cuide bem do seu bichinho. Tem tanto cachorro por aí.
iG: O que você pensa a respeito de quem usa casaco de pele?
Thaila Ayala: Eu não uso casaco de pele nem em foto, nem em nada. Não me lembro, mas acho que no começo da carreira também nunca precisei posar com pele. Eu não gosto nem de pele, nem de sintético, acho horrível. Estampa de onça eu já acho cafona. Acho um absurdo a pessoa tirar a pele viva de um animal. A pessoa que tem essa maldade, para mim, é um lixo. Tenho dó. Ou então as pessoas não têm consciência de como é feito isso e chego a ter dó. Não vamos vestir a morte.
iG: Você sempre teve essa consciênica sustentável ou a adquiriu após se tornar vegetariana?
Thaila Ayala: Confesso que minha consciência animal veio um pouco depois. Aliás, tanto animal, quanto ambiental. Viajei para diversos países, então fui para culturas que comem cachorro, para outras que comem insetos. Acho que aqui temos um racismo, porque uma pessoa come porco e ama cachorro. Os dois são exatamente iguais. Se você parar para pensar, o porco é mais inteligente do que o cachorro, então chega a ser um preconceito com os animais. Se você deixar o radicalismo de lado, entende que é apenas uma questão cultural.
iG: Há três anos o vegetarianismo entrou em sua vida. Você é vegan? Foi fácil o processo de parar de comer carne?
Thaila Ayala: Não sou vegana, acredito que isso é uma evolução e só na próxima encarnação vou chegar a esse nível. É punk pra mim, porque não como queijo, tenho intolerância à lactose. Então não como pizza, derivados do leite, quase nada. Ovo eu não como porque é um pintinho lá dentro. Se você abrir mão de um pouquinho que seja das coisas que está acostumado, faz bem para o meio ambiente e para o seu corpo. É um processo. Antes de morrer viro vegana. Sempre comi muita carne, amava comer até bife cru. Parei pelos animais. É um ato de amor diário, porque eu adoro carne. As pessoas não pensam no planeta, porque comer carne não é só o animal que vai morrer. A Amazônia está destruída por causa da soja plantada para alimentar o gado. Está tudo errado.
iG: Você mudou depois que virou vegetariana? Como se interessou por esse assunto?
Thaila Ayala: Depois que eu comecei a ver documentários e ter essa consciência sobre os animais, sou muito outra pessoa. Meu cachorro aprendeu a fazer xixi numa fraldinha, mas dois meses depois e olhei o tanto de lixo que a gente fazia com aquela fraldinha. E aquele plástico? Quanto tempo demorava para se decompor? Foi então que eu falei ‘meu, que fraldinha? Vamos comprar jornal’ e agora ele faz no jornal. Ele já sabe onde tem que fazer. O Zacharias fica na nossa sacada e pegamos os pedregulhos do jardim para colocar no jornal para não voar e hoje ele é todo acostumado com o jornal. Então, depois do vegetarianismo, depois da consciência animal, no meu caso, é que veio o ambiental. É fechar a torneira, é fazer xixi no banho para dar menos descarga.
iG: O que você faz para colocar a mão na massa e ajudar os animais?
Thaila Ayala: Eu tenho feito de tudo. Tinha um projeto de trocar de lugar com os animais, porque às vezes a gente tenta, mas precisa ser tocado. Você vê a propaganda de um peru todo feliz para ser a ceia de Natal. Você precisa ter a consciência de que isso não é legal. Também faço a campanha da ONG odeiorodeio.com, faço campanha em tudo o que sou convidada quando o assunto é animal e meio ambiente. Lá em Prudente tem duas moças que recolhem os animais das ruas e procuram pessoas para adoção. Elas não são ligadas a ONG, nem nada, aí comprei um monte de ração e fiz um trato com uma veterinária. Dei a minha imagem para ela e falei: você pode fazer o que quiser. Divulgar em comercial de tevê, se tiver grana para colocar na tevê eu faço o que você quiser que você cuida dos animais que elas (as duas moças) trazem para você. E ela cuida dos animais sem cobrar nada. Às vezes ela cobra só o custo quando outras pessoas procuram.
iG: Então você acredita que é positivo para o meio ambiente que as pessoas parem de comer carne?
Thaila Ayala: O importante não é parar de comer carne. Você pode diminuir. Tem também que prestar atenção em bons tratos. Vê se o seu vizinho está cuidando bem do cachorrinho, isso também ajuda. Pesquisar sobre o consumo da carne, sobre os maus-tratos nesses animais que viram comida. Se cada um fizer um pouquinho, isso vira uma coisa muito grande. Uma pessoa faz a diferença parao meio ambiente sim.
iG: Voltando a falar em cachorros. Você é a favor da castração?
Thaila Ayala: Sim. Às vezes você pensa: ‘vou castrar e não vou ter um filhote dele’, mas tem muito filhote por aí querendo tutor. Não vai fazer direfença nenhuma para ele, mas para o outro que está sendo adotado por não ter mais um na rua, vai fazer toda a diferença. Então ame e seja amado infinitamente. Seja feliz, pratique amor. Não tem mais nada mais puro nessa vida. Faça a diferença, adote.
iG: O seu cachorro ficou diferente após a castração?
Thaila Ayala: Nós castramos ele porque ele sofria muito. E o Paulo não queria castrar. Aquelas coisas de homem, sabe? De perder a virilidade (risos). Da primeira vez ele levou, mas não teve coragem. Só que ele viu que o animal estava sofrendo muito, então fomos nós dois juntos para castrar. Castrar só tem efeitos positivos. Ele não engordou, não mudou nada. Só ficou mais tranquilo.
iG: Como é o seu relacionamento com o Zacharias?
Thaila Ayala: A gente que dá banho nele, não costumamos levar ao pet shop. Ele é supereducado, não pula na cama porque o Paulo não deixa. Mas meu cotidiano é muito maluco por conta do trabalho. Às vezes venho de carro para São Paulo só para trazer o cachorro. Fico com pena de trazer ele no avião, não tenho coragem. A gente deixa ele em um hotelzinho com piscina, ele adora. Às vezes fica até tristinho quando a gente vai buscá-lo (risos) por causa das mordomias. Também gosto de levar ele pra dar um rolê de skate comigo. Ele fica no meio da gente no carro. Temos uma ligação muito forte.
iG: O que você diz para quem tem vontade de ajudar animais e não sabe o que precisa fazer?
Thaila Ayala: Eu acho que qualquer bem que você tem no seu coração, qualquer vontade que você possa ajudar, faça. Por exemplo, eu moro num apartamento. É uma sala e um quarto e uma cozinha americanazinha pequenininha, eu e o Paulo, não dá para ter muito cachorro ali. Eu tava lá no Guarujá esse fim de semana, e tinha um monte de cachorro na rua. Procurei ração e não tinha, então comprei restos de carne que seriam jogados fora. Até fiquei naquele dilema: ‘compro carne, não compro’. Nunca comprei carne, nem quando comia. Minha mãe que comprava e estava tudo ótimo, mas como ia jogar fora mesmo, percebi que estava fazendo o certo. Alimentei todos os cachorros que estavam lá. Eu não podia levar para casa, mas então alimentei um por um que estava na rua, fiz isso toda amarradona. Uma sensação tão boa de saber que eles dormiriam de barriguinha cheia. Não precisa fazer muito, um pequeno ato já ajuda muito.
iG: Para finalizar, qual animal silvestre você mais gosta?
Thaila Ayala: Cada um tem uma coisa pássaro é uma coisa de louco, porque tanta gente gostaria de voar. A maioria das pessoas simpatiza com pássaros, porque quer ter asas e voar. Mas gosto de tantos animais que é difícil escolher um. O cachorro, por exemplo, não é silvestre, mas tem um lado tão fiel, tão lindo. O gato também, que é esteticamente a coisa mais linda do mundo. Os pássaros voam, o cavalo é forte, não consigo escolher um.
Fonte: IG