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Zoológicos são ruins e deveriam ser fechados, diz microbiologista

27 de outubro de 2010
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Pedro Ynterian com um dos chimpanzés de seu santuário; microbiologista defende fechamento de zoológicos (Foto: Arquivo pessoal)

O cubano naturalizado brasileiro Pedro Ynterian, 71, presidente internacional do “Great Ape Project”, que luta pelo bem-estar dos grandes primatas, defende que os zoológicos devem fechar. Ele diz que os animais passam por tortura psicológica com visitação pública. 

Empresário, microbiologista e dono de um santuário ecológico em Sorocaba (SP) — com 200 animais, entre 50 chimpanzés, nove leões, dois tigres e dois ursos –, diz que uma criança aprenderia mais assistindo a documentários. 

Ele luta pela libertação do chimpanzé Jimmy, do zoológico de Niterói (RJ), cujo habeas corpus será julgado em novembro. Ynterian defende que gorilas, chimpanzés e orangotangos tenham garantias como a de não serem mortos ou enjaulados. 

Folha – Os zoológicos brasileiros deveriam ser fechados? 

Pedro Ynterian – Sim. Nenhum zoológico brasileiro é de primeira linha. Se você visitar cada um deles e reparar onde os animais comem e dormem, irá encontrar coisas terríveis. Muitos só são alimentados de noite e passam o dia em espaços exíguos.

A quantidade de mortes é absurda. Só metade está na regularidade, o resto funciona sem autorização do Ibama. 

Para onde iriam os animais? 

Os zoológicos poderiam virar centros de resgate e cuidado, mas sem visitação. Existe essa necessidade. Eu recebo mensalmente pedidos do Ibama para abrigar animais apreendidos. 

A visitação é um problema? 

Exibir publicamente uma galinha não é o mesmo que um primata ou um elefante, animais com inteligência superior. Um chimpanzé tem 99,4% do nosso DNA, se relaciona com as pessoas, odeia algumas e ama outras.É tortura colocá-lo num recinto fechado. Em pouco tempo fica louco. 

É comum recebermos chimpanzés que se mutilam, arrancam pedaços da perna e dos braços com os dentes. 

Os zoológicos são considerados espaços de lazer e educação para as crianças. 

Os animais que estão ali não são representantes legítimos da sua espécie. São estressados. A criança pode ver o leão no zoológico, mas o comportamento dele é falso. Acho mais válido assistir a um documentário. 

O habeas corpus para o macaco Jimmy é uma tentativa de mudar esse quadro? 

A iniciativa é de um grupo de advogados e promotores. Há três anos conseguimos decisão favorável para libertar uma chimpanzé em Salvador. Quando fomos buscá-la, tinha morrido. 

Com o Jimmy queremos desafiar a Justiça a se pronunciar sobre a criação de uma figura jurídica intermediária para os grandes primatas. Por lei, os animais são considerados objetos e os humanos sujeitos de direito. 

Queremos que os grandes primatas tenham direitos básicos como o de não serem enjaulados, mortos e que ninguém possa ter propriedade sobre eles. 

Isso já existe em algum lugar do mundo? 

Não. Mas o Brasil tem condições de dar o exemplo. Não pode esperar isso dos países desenvolvidos.

Fonte: Folha de SP

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