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Workshop realizado em Joinville (SC) discutiu as novas diretrizes para os direitos animais

24 de agosto de 2010
4 min. de leitura
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Melanie T. Peter (Frada)
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Aproximadamente 65 pessoas de diversas cidades da região de Joinville (SC) participaram do workshop: Novas Diretrizes para os Direitos Animais, promovido pela Frada (Frente de Ação pelos Direitos dos Animais), no último final de semana, 21 e 22, na Câmara de Vereadores de Joinville.

A palestrante, a advogada Renata Fortes, de Florianópolis (SC), falou sobre sua experiência na área do Direito Ambiental e esclareceu sobre as regras que instituem um sistema legal de proteção, baseado na dignidade dos animais. Segundo a palestrante, a grande virada para quem quer proteger os animais hoje é ter o conhecimento das leis.

Durante sua fala, Renata enfatizou diversos tipos de crimes ambientais. Explicou que os animais podem ter seus direitos garantidos através de denúncias a serem encaminhadas por qualquer pessoa maior e capaz – e através de ações judiciais por seus tutores – pelo Ministério Público Estadual ou Federal, e pelas entidades de Proteção.  Em termos práticos, isso significa que os animais são sujeitos de direito e que todos têm o dever de respeitar e zelar pelos seus direitos. Na opinião da advogada, o ser humano precisa aprender a lidar com os outros seres vivos e estar sempre atento para as possíveis conseqüências dos seus atos.

“Animais não são inferiores, são apenas diferentes”. Segundo a palestrante, essa frase de P.R. Sarkar norteia toda a argumentação.  “Infelizmente o ser humano está passando por um processo de dessensibilização”, comentou. Embora o principal enfoque tenha sido dado aos casos de maus-tratos com animais de companhia, também foram abordados temas relacionados aos animais de circo e à questão da crueldade sofrida pelos animais criados para o consumo alimentício.

Renata, que é adepta da dieta vegetariana (vegana), falou dos processos de produção de alimentos e de como o sistema promove um desequilíbrio que, com o tempo, se tornará insustentável. Para ela, os animais criados dentro da cadeia produtiva, cada vez mais frenética e tomada pela tecnociência, sofrem imensamente com a crueldade humana. Isso traz graves problemas ao meio ambiente e também para a saúde dos seres humanos que consomem esses produtos. “Quando vemos as embalagens com carne, sempre limpas e bonitas, não imaginamos toda a crueldade e a falta de higiene do processo de produção destes alimentos”, enfatizou a palestrante.

A advocacia que Renata pratica apóia-se no Neo-humanismo. Para ela, as vias legais são a melhor forma de conseguir mudanças. Pensando nisso, elaborou um workshop que orientasse como a população pode denunciar os crimes de maus-tratos. Ela deu algumas dicas de como proteger os animais: 1)denúncia para órgão competentes.  2) participação em campanhas pela libertação animal. 3) ciberativismo.  4) controle social de políticas públicas.  5) ajuda para entidades de proteção animal.

Helen Rose Köning, de São Bento do Sul, veio com outras duas amigas representando a Associação de Proteção aos Animais (APA). A protetora considerou o nível da discussão excelente e considera esse tipo de troca de informações imprescindível para dar segurança nas ações desenvolvidas. “É importante saber quais são os direitos dos animais e como podemos agir para garanti-los”, comenta.

Estudantes marcaram presença no workshop
O maior número de participantes veio de São Francisco do Sul.  Foram 37 estudantes da sétima e oitava série e do Ensino Médio, acompanhados pela professora da disciplina de Biologia, Edilene Soraia da Silva. A iniciativa faz parte de um projeto que tem como principal objetivo impulsionar os estudantes a pesquisar e refletir sobre a relação entre os humanos e os outros animais.

Fundamentando-se nos preceitos da educação humanista, Edilene divide os estudantes em grupos e cada um pesquisa sobre um tema, entre os quais destacam-se o uso de animais para a alimentação, o vestuário, a experimentação animal e maus-tratos. Em seguida os grupos montam apresentações no PowerPoint e expõem para o restante da turma. As pesquisas são compiladas e apresentadas para as outras turmas da escola. Os alunos que se interessam – e tem vontade de continuar o projeto – fazem pequenas palestras sobre os temas nas outras escolas do município e até mesmo em empresas.

A professora considera a internet uma ferramenta fundamental para a difusão e a pesquisa dos temas relacionados à exploração animal. “Pude entrar em contato direto com o Sérgio Greif, presidente da Sociedade Vegana, ele me passou vários textos que ajudaram no meu embasamento teórico, antes da internet esse tipo de contato era muito mais difícil de acontecer”, esclarece a professora.

A realização do workshop “Novas Diretrizes para os Direitos Animais” faz parte dos objetivos principais da Frada que visam sensibilizar, buscar soluções e novos olhares através da educação.

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