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Vídeo revela maus-tratos praticados em granja americana

13 de julho de 2015
3 min. de leitura
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Por Augusta Scheer (da Redação)

Foto: MFA
Foto: MFA

Os Estados Unidos parecem estar passando por uma onda de denúncias contra fabricantes de carne. Recentemente emergiu mais um vídeo gravado secretamente, dessa vez numa granja em Dagsboro, estado de Delaware.
Representantes do Departamento de Agricultura e do fabricante em questão estão analisando as imagens. A empresa tem milhares de funcionários na região sul da região, segundo o Delaware Online.
As imagens foram gravadas entre março e abril na fazenda McGinnis, próxima à estrada US Route 113. Ativistas disfarçados vinculados à entidade Mercy For Animals, baseada em Los Angeles, foram até o local para conduzir a investigação.
Representantes da fazenda McGinnis se recusaram a dar entrevista.
No vídeo, o narrador afirma que galinhas são animais sociais, “como os cachorros e gatos que amamos”, mostrando as condições horríveis em que são alojados os animais na granja. A gravação retrata as técnicas empregadas para fazer os animais crescerem e ganharem peso o mais rápido possível.
“Se os consumidores souberem desses abusos, ficarão enojados,” segundo Matt Rice, diretor de investigações da Mercy for Animals. “Infelizmente, isso que registramos é considerado normal na indústria avícola. Os padrões da indústria deixam a desejar.”

Rice conta que o investigador trabalhou por dois meses com serviços gerais, atendendo a uma população de 290 mil galináceos, alojados em sete celeiros. O investigador, que usou uma câmera escondida, estima que cerca de 17% dos animais da fazenda morrem antes de atingir a idade adulta.
A empresa Tyson Foods Inc., principal cliente da fazenda McGinnis, se pronunciou por meio do porta-voz Gary Mickelson. Por email, afirmou que “o bem-estar animal é uma prioridade” para a empresa.
Argumentou ainda que, quando o vídeo foi gravado, os animais da fazenda estavam acometidos por uma epidemia respiratória, e que as imagens não representam fielmente as condições do estabelecimento. “Não toleramos o tratamento impróprio de animais e levamos a sério esse tipo de denúncia,” acrescentou.
A região conta com 1.500 granjas, além de 4.600 pequenos produtores, que somados matam mais de 244 milhões de aves. Segundo uma associação de produtores, o valor movimentado pela indústria avícola da região chegou a quase 3 bilhões de dólares em 2013.
A organização Mercy for Animals já divulgou cerca de 40 vídeos similares, gravados em estabelecimentos da indústria frigorífica por todo o país. Na Carolina do Norte, também já denunciaram abusos contra galináceos. No estado de Ohio, expuseram o assassinato violento de porcos, num frigorífico também fornecedor de Tyson Foods Inc.
Matt Rice afirma que a entidade manda investigadores a esses estabelecimentos, concorrendo às vagas de empregos disponíveis no local. A ONG PETA também utiliza táticas similares.
Com o advento das discretas câmeras de celulares e dispositivos similares, tais investigações ficaram muito mais fáceis. O uso desse recurso para denunciar abusos na indústria pecuária já se converteu em questão polêmica nos Estados Unidos, onde diversos estados aprovaram legislação para coibir a prática, penalizando os ativistas.
O senador republicano Brian Pettyjohn, do estado de Delaware, afirmou que estudará as medidas de outros estados para seguir o exemplo na região. “Isso é propaganda. Eles pegam as piores imagens e fazem as coisas parecerem piores do que são.”
Rice afirmou que tais restrições infringem direitos garantidos pela Constituição.
“É liberdade de expressão. Nossos investigadores conseguem esses empregos usando seus nomes verdadeiros, fazendo o trabalho designado para eles e documentando as condições com câmeras. É direito de todo e qualquer cidadão,” diz Rice. “Essas fazendas industriais gigantescas removeram os animais da consciência e da visão do público. É necessário que um investigador entre para informar as pessoas.”

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