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COMPORTAMENTO

Veterinária dá dicas para facilitar a adaptação de um animal adotado a um novo lar

23 de maio de 2024
5 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Ao adotar um animal abandonado ou resgatado, existe a necessidade da criação de novos laços entre o novo tutor e o animal, porém, nem sempre é um processo fácil. Cada animal reage a esse período de forma diferente e é importante analisar o comportamento dele para criar um ambiente confortável e propício à adaptação.

Quando adotamos um animal um pouco mais velho, muitas vezes não sabemos qual é o seu passado: se ele já foi vítima de maus-tratos e abandono, por exemplo. Por isso, é importante ter paciência e entender que a fase de acolhimento é longa e delicada.

A hipervigilância é algo comum em animais que já sofreram algum tipo de maus-tratos no passado. Ela é um sinal de medo e receio, em que o bichinho fica sempre em situação de alerta a tudo que acontece ao seu redor, pois tem medo de que algo possa afetá-lo mesmo em uma situação em que não há perigo.

Em entrevista à TV TEM, a médica veterinária Jaqueline Azevedo, de Birigui (SP), deu algumas dicas de como lidar com esse comportamento:

“A palavra principal é paciência. Nós queremos adotar um animal e já ir direto brincando, queremos que ele se adapte rapidamente à nossa família, à nossa casa. Às vezes, não é assim. Temos que ir devagar, dando petiscos, oferecendo comida, mostrando para o animal que não oferecemos perigo.”

Resgate, amor e doação

A decisão de adotar um animal requer amor, doação de tempo e também de recursos financeiros. Pudim é um gatinho que foi resgatado há dois anos por Marcela Morabito, moradora de Catanduva (SP).

A tutora conta que encontrou o felino em uma clínica após ser resgatado das ruas, em estado crítico de saúde. Marcela lembra que Putim estava quase morto e ela sentiu que poderia fazer algo pelo bichano.

Na época, o gato se recuperava de uma broncopneumonia gravíssima, que deixou sequelas permanentes. O tratamento durou cerca de um mês e uma rifa foi usada para pagar as despesas da clínica.

Quando foi levado para a casa de Marcela, Pudim enfrentou dificuldades na aceitação ao novo lar e aos outros animais que já viviam no local.

“A adaptação dele foi bastante lenta. Tanto porque ele chegou bem debilitado, então isso foi um fator para ele se excluir. O Pudim ficou pelo menos 20 dias embaixo da minha cama – lá ele se alimentava, tomava água, fazia as necessidades na caixa de areia. Se não tivesse sido nossa paciência e persistência, ele não teria reagido por ter muito medo, principalmente de homens. Na época, meu irmão mais novo morava comigo e com a minha mãe”, conta Marcela.

Com bastante tempo e paciência, Pudim conseguiu se adaptar ao lar de Marcela e se tornou um gato bastante amoroso. No entanto, ela conta que ter cautela e entender a situação foi muito importante durante o processo:

“Se eu posso dar um conselho para adaptação de um animal com traumas é ter paciência, respeito pelo tempo dele e um lar cheio de amor. Sem isso, nada é possível, e é muito fácil desistir. Não desistam dos animais traumatizados, é tão gratificante quando você consegue fazer ele se adaptar totalmente; são suspiros de alívio”, explica.

Respeito e empatia

Outro reflexo de maus-tratos do passado é o comportamento agressivo. É o caso de Lord, um cachorro adotado por Vanessa Flores junto com o marido, há pouco mais de um ano.

Quando chegou à casa da família, Lord chorava bastante e destruía tudo que era deixado no quintal. Além disso, demorou para aceitar os outros animais do casal e, até mesmo, chegou a atacá-los.

“Foram conflitos muito grandes que a gente não esperava. Não estávamos preparados. Nós tínhamos uma ideia de que ele possuía uma bagagem pesada e teve uma vida sofrida, mas não imaginávamos que aqui ele teria essa agressividade”, disse Vanessa em entrevista à TV TEM.

Antes de ser adotado, Lord foi vítima de maus-tratos no sítio onde vivia e carrega até hoje os traumas e uma cicatriz nas costas, ocasionada por golpe de machado.

Apesar do comportamento agressivo e destrutivo, Vanessa conta que nunca considerou doar Lord novamente:

“Quando nós adotamos um animal, principalmente depois de grande, um animal que já vem com uma bagagem e isso acontece, essa parte de agressividade que nós não esperávamos, claro que se livrar do problema é a primeira coisa que passa pela nossa cabeça, mas nós temos que entender que a decisão de colocar ele aqui foi minha, eu sou responsável por ele, então não posso simplesmente tomar a decisão mais fácil. Eu tenho que entender essa bagagem dele e tentar preenchê-la com amor, com dedicação, com paciência e compreensão. Apesar de passar pela cabeça, nunca foi uma opção”, confessa.

Em situações assim como a de Lord, em que o animal é bastante agitado, os veterinários recomendam que o tutor encontre maneiras de gastar a energia dele, fazendo passeios longos e oferecendo uma variedade de brinquedos, além de interagir bastante com o animal.

“Você agredir ou gritar só vai gerar ainda mais trauma no animal. Eu gosto sempre de trabalhar o contrário. Por exemplo, você pode colocar para o animal um brinquedo ou algo que ele tem costume de destruir. Se ele escolher o que é errado, você não dá um reforço positivo para ele. Caso escolha a melhor opção, ou seja, o brinquedo, você oferece um petisco, um carinho na cabeça para mostrar que essa escolha foi melhor”, explica Jaqueline Azevedo.

Ainda segundo ela, recomendação é simples: independente do comportamento do animal, é importante recebê-lo com paciência e carinho, sempre com o acompanhamento de um profissional para conseguir identificar e entender o comportamento do animal.

Fonte: G1

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