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Veganos exibem na rodoviária do DF vídeo da morte de animais para consumo humano

15 de julho de 2015
4 min. de leitura
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Foto: Divulgação/Vídeo G1
Foto: Divulgação/Vídeo G1

Todos os sábados, um grupo de ativistas veganos de Brasília exibe na plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto um vídeo de dez minutos que mostra a morte de suínos e bovinos para o consumo humano. O objetivo, segundo eles, é que as imagens funcionem como uma “parede de vidro” das instalações industriais do país. Gravado em um matadouro de Minas Gerais, o vídeo é reproduzido durante toda a tarde.
Os veganos não consomem produtos que têm como matéria-prima ovos, carnes e laticínios. Eles afirmam ser contra a exploração animal de todos os tipos, de testes farmacêuticos e uso de animais para fins de entretenimento em circos, zoológicos ou rodeios. No panfleto distribuído na rodoviária, eles afirmam que “nem tudo que é prazeroso é correto” e que é “um dever pensar nas consequências”.
“Seguimos muito a linha que o Paul McCartney defende. Ele fala que se os abatedouros tivessem paredes de vidro, boa parte da nossa sociedade não iria aceitar o que é feito com os animais. Então, é como se a gente usasse essa televisão para que as pessoas possam ver o que acontece com os animais dentro desses abatedouros e toda a covardia que há por trás disso, que não tem nada de humanitário”, diz Bruno Pinheiro, da Frente de Ações pela Libertação Animal (Fala).
“As imagens mostram os animais numa linha de montagem, de cabeça para baixo, erguidos, esperneando e sendo abertos ainda vivos, com o sangue jorrando. É o abate humanitário”, diz Pinheiro. Nos suínos, o processo é feito com eletrochoque na região do pescoço para que eles percam a sensibilidade antes de serem mortos. “A maioria deles recupera a sensibilidade e fica consciente, e por mais que não consigam se levantar, e as imagens mostram isso, ficam esperneando, sentindo tudo.”
Para fazer a exibição, o grupo transporta para o terminal uma televisão, um aparelho de DVD, uma mesa, um conversor e uma faixa com os dizeres “A verdade dói”. Tudo foi adquirido por meio de uma “vaquinha” online. Eles também tiveram de comprar um carregador e baterias para a televisão porque não têm autorização para usar a energia elétrica da rodoviária. Durante o dia, eles distribuem panfletos e DVDs com o documentário “Terráqueos” e aproveitam para conversar com os passageiros que se aglomeram em torno da televisão.
“O que ocorre na verdade é uma grande covardia. É uma tortura do início ao fim. O animal continua esperneando, querendo sobreviver, porque, assim como nós, quer continuar vivo. Defendemos que chegou a hora de dar um basta nisso. A gente precisa parar de matar quem quer continuar vivo.”
Reação
O ativista afirma que algumas pessoas desmaiam durante a exibição dos vídeos. “Algumas ficam muito emocionadas, já desmaiaram mesmo. Desabaram no chão”, diz. “Aqui tem muitos policiais que estão sempre de passagem. E nesse dia, em dez segundos, chegaram mais de dez para ver se era uma confusão [em volta da televisão]”, diz. “Mas nunca teve.”
Visivelmente emocionado, o pintor Adonel Ribeiro disse que nunca tinha visto como os animais eram mortos e que estava “arrepiado”. “Não consigo nem entender isso aí. É a primeira vez que estou vendo o abate. É horrível. Não tinha nem noção de como eles matavam os animais. Eles cortam os animais vivos. Tiram o couro vivo. Os animais estão sofrendo ali. Até arrepio. Estou arrepiado.”
“É uma crueldade com os animais”, disse o auxiliar de serviços gerais Francisco José. “Observei que eles estavam fugindo mas não tinha como, estava tudo cercado. O rapaz me falou que aquele choque não mata ele por completo. Depois ele ainda fica esperneando, depois enfia a faca no pescoço, na barriga, para terminar de matar. É muito triste. Nunca tinha olhado isso.”
Pinheiro disse que o objetivo de atingir um estado de reflexão nas pessoas é atingido. “No início ficamos assustados, são cenas chocantes. A gente ficava com medo de agirem com agressividade com relação à gente. Só que grande parte das pessoas, quase a totalidade que para aqui para ver, fica muito impressionada, muito surpresa com algo que nem imaginava que acontecia. Então elas acabam ficando muito mais em um estado de reflexão que agressividade, começam a refletir muito e, nesse momento, aproveitamos para conversar com eles, explicar o que está acontecendo, distribuir panfleto, DVD.”
Fonte: G1

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