Marcus Borelli
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Tudo começou em 1977 quando decidi parar de comer carne de boi e de porco. Estava estudando no antigo segundo grau e tinha um colega que era judeu libanês que passou a dividir comigo um pão francês com queijo prato que comprávamos na padaria perto do nosso colégio. Eu gostava muito de não comer mais boi e porco, mas continuava a comer de vez em quando frango e peixe. Passaram alguns anos e resolvi não comer mais carne alguma e fiquei assim por dois anos. Mas não me lembro bem porque e voltei a comer frango e peixe. Assim os anos foram passando e descobri a comida japonesa. Que tentação! Comecei a comer cada vez mais salmão. E os anos foram passando.
Um belo dia, depois de muita informação, percebi que não podia comer mais nenhum tipo de carne, pois senão não seria um vegetariano de fato. E aí, todo orgulhoso, me tornei um vegetariano e dizia aos quatro ventos que não comia cadáver. E o tempo foi passando.
Como gosto muito de limpeza lavo as mãos várias vezes por dia e gostava muito de lavá-las com um sabão em pedra glicerinado que
deixava as minhas mãos limpinhas e macias. Até que um dia, por curiosidade, fui ler a embalagem e ver os ingredientes do sabão em
pedra. Estava lá feito com “sebo bovino”. Na hora a minha reação foi de surpresa e indignação, como é que pode usar sebo de boi para fazer um sabão?
Para terminar esta breve história resolvi ir numa loja aqui perto de casa que vende material de limpeza e fui pesquisar a fórmula dos
sabões em pedra. Todos usam sebo, com exceção do sabão de coco. Ainda vou confirmar com o fabricante do sabão de coco mas nunca mais uso sabão em pedra feito de sebo.
Moral da história, o que é que adianta não comer cadáver se lavamos as mãos com sabão feito de sebo bovino? Fica aqui a pergunta.