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RISCO DE PANDEMIA

Uma a cada 5 amostras de leite nos EUA contém vestígios genéticos da gripe aviária

26 de abril de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ruth Fremson/The New York Times

A FDA, agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, encontrou fragmentos do vírus da gripe aviária em cerca de 20% das amostras de leite testadas no país. Os exemplares provenientes de partes dos EUA com rebanhos leiteiros infectados com o vírus tinham maior probabilidade de testar positivo, segundo a agência.

Apesar da descoberta, a FDA e especialistas afirmam que isso não significa que este leite represente um perigo para os consumidores ou que o vírus vivo está presente no leite à venda nos estabelecimentos comerciais.

“As autoridades americanas usaram uma técnica chamada PCR para detectar material genético do H5N1 na amostra. A confirmação da presença do genoma do vírus na amostra indica que, em algum momento, o vírus entrou nessa amostra. Mas isso não significa que o vírus está ativo. Pode ser apenas vestígio de um vírus morto e, neste caso, não há risco para a população”, diz o geneticista Salmo Raskin, colunista do GLOBO e diretor do Centro de Aconselhamento e Laboratório Genetika, em Curitiba.

Especialistas acreditam que o processo de pasteurização, realizado antes que o alimento seja comercializado, inative o vírus da gripe aviária, conhecido como H5N1. Nesse processo, o leite é brevemente aquecido.

Donald A. Prater, diretor interino do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada da FDA, destacou em coletiva de imprensa realizada essa semana que até hoje nenhum estudo foi concluído sobre os efeitos da pasteurização do leite no vírus da gripe aviária no leite.

Descobrir se a presença do material genética do H5N1 no leite equivale à presença de vírus vivos demanda a realização de outros testes, como tentar fazer o cultivo do vírus para ver se há replicação, explica Raskin. Esses testes estão em andamento.

Mas evidências apontam que o processo é eficaz para eliminar o vírus. Jeanne Marrazzo, diretora do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que recentemente que alguns pesquisadores patrocinados pelo governo federal analisaram a presença de vírus vivos em amostras de leite vendido no varejo, mas não encontraram nada. Isso pode ser considerado um sinal de que a pasteurização matou o vírus.

Por outro lado, encontrar vestígios do vírus numa taxa tão elevada de amostras de todo o país indica que o surto de gripe aviária em vacas leiteiras é mais extenso do que a contagem oficial de 33 rebanhos infectados em oito estados. Um surto generalizado em vacas representaria um risco maior para os trabalhadores agrícolas, para a indústria leiteira e para a saúde pública em geral.

A propagação sustentada do H5N1 entre vacas daria ao vírus mais oportunidades de adquirir mutações que o tornariam mais transmissível entre humanos.

“A grande preocupação é que esse vírus seja transmitido para humanos e, em seguida, entre humanos. Para isso acontecer, precisam acontecer mutações e a presença do vírus da gripe aviária em mamíferos já é um indício de que ele está sofrendo mutações que podem evoluir para se adaptar ao organismo humano”, avalia o geneticista.

Até quarta-feira, 23 pessoas haviam sido testadas para o vírus, enquanto 44 pessoas estavam sendo monitoradas após exposição ao vírus, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Mas apenas um caso em humano foi confirmado até agora e o paciente se recuperou bem.

No Brasil, até o momento, foram confirmados 163 casos da doença, sendo 160 em aves silvestres e três em aves de subsistência, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A boa notícia é que alguns desenvolvedores de vacina já se adiantaram e começaram os estudos para um imunizante contra o H5N1.

Fonte: O Globo

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