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CASO CUNHA

Tratamento dos 300 bezerros resgatados em situação de maus-tratos será estendido

1 de maio de 2022
4 min. de leitura
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Foto: Divulgação | Polícia Ambiental

Os mais de 300 bezerros resgatados em situação de maus-tratos em uma fazenda em Cunha (SP) devem ficar ao menos até agosto na cidade para que tenham condições de se recuperar para serem transferidos a um santuário de animais em MG, segundo a ONG Santuário Vale da Rainha, responsável legal por eles.

Os animais foram encontrados em fevereiro e o prazo inicial era de que eles precisariam de ao menos dois meses para receber tratamento, ganhar quadro de saúde estável e conseguir resistir ao transporte até o santuário de animais em Camanducaia (MG).

Porém, devido ao estado debilitado de parte significativa dos animais, a entidade, que tratava eles em uma área cedida temporariamente pela prefeitura, alugou uma nova fazenda em Cunha para realizar o tratamento necessário até que os animais se recuperem e possam ser transportados sem riscos.

“A viagem é longa. Não pode expor a risco de cair ou ser pisoteado. O problema que estamos enfrentando, que foi constatado com exames, é que devido ao tempo que ficaram sem se alimentar e sem ter acesso a água, eles perderam propriedades do estômago. Os bovinos têm uma porosidade que é o que retém a proteína do alimento. Como ficaram nessa situação, essa porosidade sumiu, o que dificulta a absorção de nutrientes e, consequentemente, a recuperação”, disse Vitor Favano, fundador-presidente do Santuário.

Tratamento

Foto: Divulgação | Santuário Vale da Rainha

Na nova fazenda onde os animais estão, locada pelo santuário em Cunha, foi montado um espaço de atendimento onde estão 130 animais em observação. Este é o grupo que se alimenta com dificuldade e muitos têm infecções causadas por parasitas – geralmente entre orelha e olhos.

Outros 60 bovinos têm papilomatose bovina, que é uma verruga com um tumor benigno, mas que pode se espalhar pelo animal, é contagiosa e pode chegar a causar cegueira se não for tratada de forma eficaz.

Na separação feita no local ainda há cerca de 40 animais maiores que estão em um pasto isolado e o restante é composto de fêmeas que estão em outra área.

“Só de estarem no pasto já é um alívio. O problema deles é a recuperação. Dos óbitos que tivemos, a necropsia foi feita na USP, o que identificou o problema no estômago”, disse o gestor do santuário.

Boletim de Ocorrência

A ONG chegou a registrar um boletim de ocorrência após integrantes terem passado por uma tentativa de intimidação. O caso ocorreu em março e foi registrado como não criminal pela Delegacia de Cunha. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação da reportagem.

Histórico

Foto: Divulgação | Santuário Vale da Rainha

Os animais formam encontrados no início de fevereiro na propriedade pela Polícia Militar Ambiental após denúncias de maus-tratos. Cerca de 300 bezerros foram encontrados sem acesso a alimentação, água e em áreas inadequadas. O dono da fazenda foi multado em cerca de R$ 900 mil, além de responder a processo por crime ambiental.

Após os animais serem encontrados, houve uma disputa judicial pela guarda dos animais para que fossem retirados da fazenda e recebessem tratamento. Voluntários de vários estados do Brasil se reuniram na cidade para o resgate.

Os animais foram levados a um hospital de campanha montado no recinto de exposições da prefeitura em uma operação de mais de 24 horas. Já no transporte para o local, alguns dos bezerros não resistiram e morreram.

Foto: Divulgação | Santuário Vale da Rainha

Investigação

A fazenda pertence a um grupo que oferecia investimento em explorados para consumo, como uma oportunidade lucro no agronegócio “sem colocar os pés na lama”.

De acordo com a investigação, em anúncios da internet os guardiões apareciam oferecendo um negócio em que o animal era comprado por R$ 2 mil e em um ano os compradores receberiam R$ 2,5 mil. A fazenda fazia a engorda e depois vendia em suas próprias lojas a carne do animal – eles têm uma casa de carnes e churrasco.

A suspeita é de que, com a estrutura de investimento, o negócio se tratasse de uma pirâmide. No esquema, quem entra primeiro fica no topo, e recebe o dinheiro dos que vão chegando e permanecem na base. Sem novas entradas, o negócio quebrou. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.

O advogado do proprietário da fazendo nega que os animais estivessem em situação de abandono. Informou que eles recebiam alimentação, água e que tinham veterinário no local para o acompanhamento, apesar das imagens dos bezerros desnutridos e mortos.

Fonte: G1

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