O mundo entra em “números vermelhos” de recursos naturais a partir desta quinta-feira, 28 de julho, Dia da Supercapacidade da Terra, data que, segundo a Global Footprint Network, todas as décadas desde 1970 é antecipada por um mês, indicando que o “sistema econômico atual é insustentável”.
Isso é explicado à Agência EFE pelo cientista Alessandro Galli, diretor do programa para a área mediterrânea da Global Footprint Network, organização que, para tornar visível a super exploração da natureza do modelo de produção e consumo da sociedade atual, calcula todos os anos o Dia da Supercapacidade da Terra.
Se em 1971 aquele dia – ou seja, o momento a partir do qual a demanda da humanidade por recursos excede a capacidade natural do planeta de fornecê-los anualmente – ocorreu em 30 de dezembro de 2022, a data foi adiantada em seis meses.
O cálculo consiste em dividir a Bio capacidade da Terra pela pegada ecológica global – a pressão que a atividade humana exerce sobre terras agrícolas, pastagens, florestas e terras construídas, bem como áreas de pesca – e multiplicar esse resultado por 365 dias por ano.
Deve-se notar, como relatado no La Verdad Noticias; o aumento das ondas de calor, secas e inundações, ou seja, o aquecimento global excede a tolerância de plantas e animais, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O mundo esgotou o orçamento natural da Terra
A conclusão deste ano revela que entre 1º de janeiro e 28 de julho o mundo esgotou o orçamento natural da Terra para todo o ano de 2022. Assim, é um dia antes de 2021, dado que a pegada ecológica global aumentou 1,2%, enquanto a bio capacidade só aumentou 0. 4% no mesmo período.
Embora nas últimas cinco décadas a data não tenha parado de avançar, o ritmo desacelerou nos últimos anos, e em 2020 o Dia da Supercapacidade da Terra deu um salto repentino para trás (aconteceu em agosto, em vez de em julho) por causa das medidas contra a pandemia.
Naquele ano, como resultado do confinamento para evitar a propagação do corona-vírus, “houve, por exemplo, uma grande redução no uso de combustíveis fósseis para o transporte”, e a indústria florestal experimentou outra redução significativa, disse Galli.
No entanto, este especialista esclarece que, em termos gerais, o único período da história em que houve redução da demanda por recursos tem sido o momento mais crítico da crise financeira, “especialmente os anos de 2008 e 2009 para a região do Mediterrâneo”.
Esgotamento dos recursos da Terra por país
O esgotamento dos recursos não é equitativo a nível global, pois alguns países (geralmente os estados do norte) têm uma pegada ecológica muito maior do que aqueles agrupados no que é frequentemente referido como o sul global.
A Global Footprint Network calcula essa data ajustada a cada país: nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, este ano o dia foi 13 de março, enquanto para a Espanha foi em 12 de maio, e o do Equador ocorrerá em 6 de dezembro.
A equipe de Galli pesquisou há dois anos as diversas alternativas que se mostraram eficazes na minimização do impacto ecológico e compôs uma base de dados, uma espécie de gama de soluções chamada “O poder da possibilidade”, enquadrada na campanha “Mova a Data”.
Galli argumenta que seria necessário mudar a “inércia” que move os seres humanos e que “se acostumou a fazer as coisas de uma certa maneira”, e apostar em novas formas de produzir -e consumir- alimentos, além de mover e ocupar o território (em cidades mais compactas, por exemplo).
Por enquanto, porém, as soluções foram identificadas principalmente a nível local, e o principal problema, segundo Galli, é como trazê-las em escala global, “mas ainda não vejo que haja a vontade política necessária para isso”, conclui.
Fonte: La Verdad
