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O teatro como movimento criativo na disseminação do veganismo

28 de março de 2014
4 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Chris Cordovil, 47 anos, se define como uma pessoa em processo de formação, já que seu descobrimento contínuo pela arte começou aos 15 anos, quando fazia aulas de dança. Após participar de uma Oficina de Teatro com o Grupo de Teatro Ventoforte, seu gosto pela atuação aflorou ainda mais e logo começou a frequentar oficinas de interpretação e movimento, como a Dança Contato-Improvisação, o Circo, o método Body-Mind, a Mímica Corporal Dramática de Decroux e Capoeira Angola. Vegana desde 2012, a artista dá aulas e cursos para quem deseja não só aprender mais sobre o teatro, mas quem procura o caminho da arte para disseminar o respeito a todos os animais.

Confira o bate-papo da atriz com a ANDA:

1 – Como foi seu primeiro contato com o veganismo?

Sempre me incomodou o uso de animal em entretenimento, então quis fazer um trabalho de teatro que pudesse abordar o assunto. Foi aí que notei a necessidade de pesquisar sobre exploração animal e recebi um convite para assistir uma palestra sobre Direitos Animais, oferecida pelos grupos de estudos abolicionistas GEDA e GEFRAN. Lembro que as primeiras palestras as quais assisti foram dadas pelos ativistas biólogos Sérgio Greif e Luis Martini, e o filósofo educador Leon Denis. A cortina se abriu! (risos). Percebi que a exploração animal é muito mais abrangente e virei vegana.

2 – Como a arte pode ajudar o movimento?

A arte é um movimento criativo revolucionário contra tudo que oprime a livre expressão do ser. E acredito que o potencial de sua ferramenta educativa holística é fundamental em todo movimento abolicionista de libertação. Concluo, citando o filósofo Gilles Deleuze, que define a arte como um ato de resistência à sociedade de controle.

3 – As peças que produz são indicadas para crianças também? A partir de qual idade a criança já começa a ter compreensão sobre as mensagens transmitidas nas peças?

Há performances que interajo com um público de todas as idades, pelo fato do trabalho em si e o espaço propiciar isso, como por exemplo, as ruas e certos eventos. A linguagem lúdica tem o potencial de atingir as crianças de uma forma diferenciada, que independente de suas idades, pois sentem e percebem facilmente que uma nova realidade está sendo apresentada a elas, e, quase sempre ficam chateadas e preocupadas com os animais quando percebem e entendem a mensagem animalista. Geralmente trabalho mais com o público adulto, mas acredito ser de extrema importância o trabalho com o público infantil, que além de ser a nova geração, já reconhece os animais como seres de direitos morais, sem antes precisarmos explicar isso a elas.

4 – Já teve que enfrentar algum tipo de censura durante uma apresentação? Qual?

Sim. Em uma exposição sobre meio ambiente num shopping em SP, a qual a ONG VEDDAS foi convidada a participar com várias de suas atividades, sendo uma delas o Teatro Veddas. Minutos antes de apresentarmos a peça “A Vaca” – que conta a estória da rotina de uma vaca na indústria leiteira e os malefícios do leite para nossa saúde – a organizadora do evento, para não desagradar os lojistas, pediu para eu mudar o texto que falava sobre os malefícios do leite, pedido que foi, obviamente, negado. Então, a ONG VEDDAS decidiu se retirar do evento.

5 – Qual a peça teatral que mais te marcou até hoje? Por quê?

Creio que várias, mas cito uma peça que faz parte do repertório da artista Denise Stoklos, que se chama “Mary Stuart” – retrata a liberdade do oprimido na mão do poder de seu opressor.

6 – Quantas peças já encenou?

Participei de alguns trabalhos como atriz e como preparadora corporal, como: “Valsa N˚6”, “Rambô”, “Lázarus”, “Bailando nas Alturas”, “Os Belos Elementos”, “Olhos Invisíveis”-P.U.L.T.S- Teatro Coreográfico, “A Vaca”, entre outros.

7 – Qual o diferencial do teatro para os outros tipos de arte dentro do veganismo?

O que difere o teatro das outras áreas artísticas é que sua matéria-prima é humana – o ator em contato com o seu público no tempo-espaço – presente- e qualquer possibilidade desse registro é impossível. Vejo no veganismo ainda pouquíssima presença do teatro, mas espero que aos poucos esse palco de “ação” aumente cada vez mais.

8 – Está participando de algum projeto no momento? Qual?

Sim. Trabalho como coordenadora e diretora do TEATRO VEDDAS, uma das atividades da Ong VEDDAS- Vegetarianismo Ético Defesa dos Direitos Animais. Trabalho que desenvolvo junto com os ativistas e pessoas que se interessam na atividade do teatro como forma de ativismo. A proposta do trabalho de criação é coletiva, onde um repertório de performances vem sendo montado e apresentado conforme a possibilidade de atuação de cada participante. O local de atuação é todo lugar que pudermos apresentar nosso trabalho.

9 – Quais são os seus planos para o futuro?

Espero cada vez mais desenvolver e unir meu trabalho de teatro com o ativismo pela luta pelos Direitos Animais.

11 – Como os interessados em trabalhar com esse tipo de arte podem lhe procurar

Email: [email protected] face: Chris Cordovil

 

 

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