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ESTUDO

Tartarugas-marinhas percorrem cerca de 800 km em dez dias

As tartarugas foram monitoradas por satélite e percorreram cerca de 800 quilômetros em dez dias entre Fernando de Noronha e Ceará. A pesquisa inédita evidencia um estudo informativo sobre a migração dos animais e foi realizada por equipes brasileira e norte-americana

7 de março de 2022
Felipe Cunha | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Pesquisadores obtiveram, no terceiro ano do estudo, informações inéditas sobre a migração das tartarugas de Noronha. A rota foi identificada com transmissão via satélite colocados em 20 machos que percorreram cerca de 800 km em dez dias, até chegar ao Ceará.

O biólogo Armando Barsante, coordenador da pesquisa, declarou que “esse é um grande achado. Nós não tínhamos informações da migração. Nunca um macho marcado em Noronha foi recapturado em outro lugar. No monitoramento, esperamos saber até onde esse animal irá”.

Segundo os estudiosos, os machos usam o litoral do Nordeste em busca de alimentação. No fim do ano, eles chegam ao arquipélago em busca das fêmeas para o período reprodutivo.

Em três temporadas do monitoramento, 20 transmissores foram instalados, sendo que um foi instalado no primeiro ano, oito no ano passado e onze colocados em 2022.

O estudo analítico foi realizado pelas universidades Florida State University, University of Massachusets, Oregon State University e o Projeto Tamar, com financiamento da Fundação de Ciência Nacional dos Estados Unidos.

O objetivo do monitoramento é para acompanhar a migração animal e o impacto das mudanças climáticos na espécie Chelonia mydas, tartaruga-verde.

As mudanças climáticas, de acordo com os estudiosos, são uma ameaça para o equilíbrio do ecossistema.

G1 Pernambuco | Estudiosos fazem inventário dos ninhos | Foto: Michele Roth | Divulgação

O sexo dos filhotes das tartarugas tem influência pela temperatura da areia onde os ovos ficam incubados. Com a temperatura mais alta, cresce o índice de nascimento de fêmeas.

Segundo informações do portal G1, os estudiosos se revezam na Praia do Leão para demarcar os animais e colher o material genético. Com isso, são recolhidas amostras da pele das fêmeas, que desovam à noite, e dos filhotes.

Em 2019/2020 foram realizadas 1002 coletas de material genético. Já em 2020/2021, 3561 coletas, e na temporada de 2021/2022, foram feitas até então, 4563 coletas.

Até o momento  o estudo já identificou 25 fêmeas e 62 ninhos de tartarugas. A desova deverá acontecer em março. Cada ninho tem cerca de 106 ovinhos com nascimento de em média 90 filhotes.

O material genético coletado será levado aos Estados Unidos para análise. Com isso, será possível saber quem é o pai de cada filhote. Os pesquisadores tem o objetivo de identificar o perfil do macho e se existe um animal predominante.

G1 Pernambuco | Pesquisadores registram cópulas das tartarugas Foto: Ana Clara Marinho | Reprodução

A importância do estudo

De acordo com os pesquisadores, o trabalho realizado em Noronha é importante para todo o o mundo, segundo o coordenador do estudo: “Essa pesquisa é de interesse biológico para o planeta. Noronha foi escolhida por ter a facilidade de encontrar os machos, que podem ser capturados e monitorados. Essas informações são relevantes para o mundo inteiro. Queremos saber como as tartarugas podem se adaptar às mudanças climáticas”.

Os animais dependem do ambiente litorâneo para se reproduzir, e o pesquisador relembra que as tartarugas existem há milhões de anos.

“Muitos humanos estão concentrados no litoral e as tartarugas usam essa área também. Com o aquecimento global, regiões de desova podem desaparecer em função de elevação do nível do mar. O estudo pode indicar a mudança de comportamento da espécie, com adaptações e novas áreas de reprodução”, disse Armando.

G1 Pernambuco | Pesquisadores fazem mergulhos para observar as tartarugas | Foto: Luis Felipe Bortolon | Divulgação

Tubarões-tigres

Segundo alguns estudiosos, podem aumentar a frequência do aparecimento dos tubarões-tigres em Noronha no período da reprodução das tartarugas.

O portal g1 informou que os pesquisadores, que analisam o comportamento das tartarugas, realizaram nos últimos três anos, 172 mergulhos e encontraram seis tubarões-tigres neste trabalho.

Armando não considera que ocorra um desequilíbrio ecológico em Noronha, com um número desproporcional de tartarugas e tubarões.

“Não acredito em desequilíbrio, a população de tartarugas varia conforme o ciclo natural”, disse Armando Barsante.

 

 

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