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ESPERANÇA

'Sou uma baleia-azul, estou aqui': pesquisadores ouvem com alegria canções que sugerem o regresso da espécie à Antártida

7 de maio de 2024
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Divisão Antártica Australiana

Após séculos de devastação causada pela caça industrial, a baleia-azul antártica estava à beira da extinção, com apenas algumas centenas sobreviventes na vastidão do Oceano Antártico. No entanto, novas pesquisas sugerem que essa majestosa espécie pode estar experimentando uma notável recuperação.

Durante duas décadas, cientistas australianos e seus colegas internacionais empreenderam uma missão de escuta, monitorando os distintos cantos e chamados desses gigantes dos mares. Utilizando avançados microfones subaquáticos e dispositivos de escuta submarinos, originalmente desenvolvidos para uso militar, eles registraram milhares de horas de áudio.

Brian Miller, pesquisador sênior da Divisão Antártica Australiana, relata que a análise desses dados indica que a população de baleias está estável ou até mesmo aumentando. “Antes deste trabalho iniciar, tínhamos poucos encontros com esses animais, e agora podemos produzi-los sob demanda”, afirma Miller.

Os registros revelam um aumento na frequência das vocalizações das baleias entre 2006 e 2021, indicando um possível incremento populacional ou, pelo menos, uma melhoria na capacidade de detecção. Para Miller, ambos os cenários são motivo de otimismo.

A baleia-azul-antártica, outrora à beira do desaparecimento, quase foi varrida da Terra devido à caça indiscriminada até meados do século XX. Os esforços dos pesquisadores se concentraram em decifrar seus complexos padrões de vocalização, como os chamados “Z” e “D”, em uma tentativa de rastrear e estudar esses magníficos cetáceos criticamente ameaçados.

“A mensagem que captamos é clara: ‘Sou uma baleia azul, estou aqui'”, diz Miller. Esse testemunho acústico ressoa como um lembrete comovente da resiliência dessas criaturas, que lutaram à beira da extinção.

Os cientistas viajaram quase 150.000 quilômetros pelo Oceano Antártico, monitorando as baleias em seu habitat. Para o professor Robert Harcourt, da Universidade Macquarie, esta é a primeira vez que temos uma visão abrangente da espécie em cerca de duas décadas, fornecendo um contraponto vital às observações limitadas das décadas de 1950, quando a caça às baleias era generalizada.

O estudo atraiu uma colaboração internacional significativa, dada a distribuição global das baleias azuis, que viajam extensivamente entre as águas antárticas e regiões mais quentes. Miller espera que esses esforços conjuntos impulsionem os esforços de conservação liderados pela Comissão Baleeira Internacional.

“Somente através de um esforço colaborativo internacional seremos capazes de desvendar o mistério de onde estão e se estão se recuperando”, conclui Miller, destacando a importância de uma abordagem global na proteção desses icônicos gigantes marinhos.

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