Com os abrigos municipais lotados, cães resgatados por voluntários em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, enfrentam dificuldades para encontrar um lar temporário. Diante da situação crítica, voluntários amarraram os animais em estruturas improvisadas, como carretas, postes e passarelas, evitando que eles fiquem soltos e corram o risco de serem atropelados.
Ana Paula Schmitt, líder da ONG Pata Santa, compartilhou um vídeo em suas redes sociais exibindo mais de vinte cachorros que ela teve de prender temporariamente nessas estruturas até encontrar um local seguro para todos. A ativista acusa a prefeitura de “lavar as mãos” na situação. Segundo ela, a administração municipal deu orientações para “largar” os animais resgatados na rua.
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— Estamos deslocando esses animais para abrigos de outros municípios porque a prefeitura não está fazendo nada para tirar os animais que ainda estão presos dentro de casas e, mesmo após sete dias, continuam vivos— diz Ana Paula, acrescentando que seis animais morreram atropelados na BR-116 nesta sexta-feira. — Nós amarramos eles ali até conseguir abrigo —completa ela.
A voluntária e ativista relata que tem feito buscas diárias por animais nos últimos dias. Até o momento, ela já resgatou mais de 300 cães, número que aumenta a cada hora. Em vídeos compartilhados em sua página do Instagram, Ana Paula mostra o resgate de cães que estavam presos nos telhados ou dentro de casas praticamente submersas na água.
“A gente entra na água, invade as casas e tira os animais que estão morrendo. Depois, fazemos uma triagem e encaminhamos para abrigos temporários”, conta ela.
Superlotação
A prefeitura de São Leopoldo ressaltou, em nota, que está passando pelo momento mais difícil da sua história com uma cheia nunca antes vista.
“A preocupação com as vidas se estende também aos animais. A cidade possui uma secretaria de proteção animal que vem atuando desde o início das enchentes de forma articulada com bombeiros, ONG’s, protetores e demais voluntários para garantir o que é possível diante do atual cenário. A estimativa é de aproximadamente 20 mil animais igualmente desabrigados, muitos desses desencontrados dos seus tutores pelas mais diversas razões”, disse o poder municipal.
De acordo com informações da prefeitura, mais de 80% dos abrigos coletivos estão atualmente ocupados por famílias com seus animais. Um espaço na Escola Municipal Irmão Weibert tem sido utilizado como base de resgate de animais resgatados. No entanto, no final da noite desta quinta-feira, a capacidade máxima de operação foi completamente esgotada com a chegada de mais animais, restando apenas atender situações de emergência.
“Em função da superpopulação do abrigo, só estamos recebendo animais que estão correndo risco de vida e necessitam de tratamento urgente. Não existe estrutura nenhuma no mundo que consiga absorver a demanda de recolhimento que estamos absorvendo”, diz o secretário Walter Verbist.
“Não podemos correr o risco de mais uma tragédia causando uma epidemia de doenças em função da existência de animais doentes, inclusive alguns com sintomatologia de doenças infectocontagiosas, no mesmo espaço de animais sadios”, enfatiza o médico veterinário.
A prefeitura salientou que está em busca de áreas fechadas que possam ser cedidas para o abrigamento dos animais resgatados da enchente. Ela negocia uma loja fechada do Carrefour para ser utilizada de albergue provisório.
Fonte: O Globo