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AVENTUREIRA

Savannah, a primeira cadela a dar a volta ao mundo após viajar 7 anos caminhando ao lado de tutor

Os dois juntos percorreram cerca de 30 mil quilômetros a pé cruzando continentes e bateram meta do livro dos recordes.

8 de julho de 2022
Vivian Guilhem / Redação ANDA
12 min. de leitura
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Foto: Instagram/Theworldwalk
Savannah é uma cachorrinha sem raça definida, de 7 anos, adotada ainda filhote, que conquistou o título de primeiro cão a dar ao volta ao mundo, e ainda, a pé.
 
E seu tutor Tom Turcich, de Nova Jersey (EUA), tornou-se a 10ª pessoa registrada a realizar esse feito notável.

 

Durante a caminhada, a dupla percorreu seis continentes e 38 países, passando a maioria das noites acampando. Os dois caminharam a pé 18 mil milhas (cerca de 30 mil quilômetros). O Guinness World Records considerou uma nova meta superada.

Em um dia normal, Tom e Savannah caminhavam de 18 a 24 milhas (cerca de 29 a 38 quilômetros).

 

Foto: Instagram/Theworldwalk

Em 21 de Maio de 2022 a dupla finalmente voltou para casa e foi recebida com uma grande festa de boas-vindas com a presença de muitos amigos e familiares de Tom. Além de fãs e simpatizantes que os seguiram e caminharam com eles até o ponto final, a casa de seus pais em Nova Jersey.

“Foi muito surreal”, disse Tom à CNN Travel. “Eu imaginava há muito tempo como seria o final. E quando aconteceu, havia pessoas nas ruas andando com a gente. A emoção principal era apenas alívio. A vontade de fazer essa viagem dominou minha vida por 15 anos, e finalmente eu ser capaz de executar, foi incrível.”

A inspiração para a viagem veio de uma trágica perda em 2006, quando sua melhor amiga morreu em um trágico acidente.

“[Sua morte] foi muito tocante para mim”, explica ele. “Ela era uma pessoa muito melhor do que eu. E percebi que ia morrer [um dia] e isso poderia acontecer a qualquer momento. E comecei a reavaliar tudo.”

Tom, que foi comparado a Forrest Gump, o personagem interpretado por Tom Hanks no filme de 1994, decidiu que precisava viajar e se aventurar em sua vida e começou a procurar todas as maneiras de fazê-lo.

“[Viajar] parecia a melhor maneira de entender o mundo e poder chegar a novos lugares”, diz ele. “Eu não queria apenas ir a Paris e Machu Picchu, eu realmente queria entender o mundo e ver como as pessoas viviam no dia a dia.”

Uma vez comprometido com a tarefa, Tom começou a planejar a rota, ao mesmo tempo em que tentava arrecadar fundos para suas viagens. Foi então que conseguiu um patrocinador que ajudou a tornar seu sonho, realidade. Quase nove anos depois que a ideia lhe ocorreu, Tom deu o primeiro passo de sua caminhada ao redor do mundo.

Ele partiu em 2 de abril de 2015, pouco antes de seu aniversário de 26 anos, empurrando um carrinho de bebê contendo equipamento de caminhada, um saco de dormir, um laptop, uma câmera DSLR e uma caixa de plástico que ele usava para guardar sua comida. Tom diz que planejou sua rota com dois fatores principais em mente: ele queria “chegar a todos os continentes e viajar com o mínimo de problemas burocráticos” possível.

Foto: Instagram/Theworldwalk

Sua fiel companheira

A viagem inteira acabou levando sete anos, principalmente devido a dois atrasos significativos. A primeira ocorreu quando Turcich adoeceu com uma infecção bacteriana, da qual levou vários meses para se recuperar, e a segunda foi devido à pandemia de covid-19.

Ele inevitavelmente experimentou vários altos e baixos ao longo do caminho, incluindo ser convidado para casamentos locais na Turquia (ou Türkiye) e Uzbequistão e ser ameaçado com uma faca enquanto estava no Panamá. Tom diz que não tinha muita experiência com caminhadas, mas nada o impediu. Na primeira etapa da viagem, ele caminhou de Nova Jersey (EUA) ao Panamá.

Foi então que, quatro meses depois de sua partida, Tom adquiriu sua parceira, a filhote Savannah, em um abrigo de animais em Austin, no Texas (EUA).

A cadelinha adotada, Savanah, companheira de viagem de Tom pelo mundo. Reprodução/ CNN

Embora inicialmente não tivesse a intenção de ter um cachorro, Tom estava tendo problemas para descansar, principalmente enquanto dormia em acampamentos, acordando constantemente durante a noite acreditando que poderia “ouvir algo estranho”.

Ele sentiu que ter uma companhia ao seu lado faria toda a diferença, e isso provou ser verdade.

“Ela tem sido fantástica”, diz ele sobre Savannah. “É bom ter alguém com quem compartilhar momentos.”

Foto: Instagram/Theworldwalk

Assim que chegaram ao Panamá, o homem e sua cachorrinha sobrevoaram o Darién Gap, um traiçoeiro trecho de selva entre o Panamá e a Colômbia. Após esse primeiro ano de viagem, Tom  abriu uma conta na plataforma de doações Patreon para que seus seguidores tivessem a opção de ajudar a financiar suas viagens.

Grande parte do segundo ano foi gasto caminhando de Bogotá, na Colômbia, até Montevidéu, no Uruguai, de onde eles pegaram um navio para a Antártida.

Foi nessa época que Turcich retornou brevemente para casa para adquirir a documentação necessária para viajar para a Europa com Savannah.

Depois de chegar à Europa, os dois atravessaram a Irlanda e a Escócia, mas foram forçados a fazer uma pausa prolongada quando Turcich ficou doente demais para continuar.

A dupla de viajantes. Reprodução / CNN

“Joguei a toalha lá [na Escócia] e fui para Londres”, diz ele, explicando que esteve dentro e fora do hospital por semanas enquanto estava no Reino Unido e acabou voltando para casa nos EUA para se recuperar.

Desafios da Viagem

Embora Tom tenha tido vários desafios pelo caminho e admita que começou a se perguntar se poderia seguir em frente, ele diz que nunca considerou seriamente desistir.

A cadelinha Savanah. Reprodução / CNN

Ele e Savannah então cruzaram para o norte da África, onde caminharam pelo Marrocos, Argélia, onde eles, inclusive, tinham escolta policial, e Tunísia.

Dali eles viajaram pela Itália, Eslovênia, Croácia, Montenegro, Albânia e Grécia. Depois da Grécia, eles seguiram para a Turquia, onde Tom se tornou o primeiro cidadão privado autorizado a atravessar a ponte do Bósforo a pé.

Eles então viajaram para a Geórgia, situada entre a Rússia e a Turquia nas montanhas do Cáucaso, e para o Azerbaijão, um país transcontinental localizado na fronteira da Europa Oriental e Ásia Ocidental, no momento da pandemia. Com isso, eles foram forçados a permanecer no Azerbaijão por pelo menos seis meses.

Foto: Instagram/Theworldwalk

o caminho de volta para casa

“Então tivemos que esperar até que pudéssemos entrar na Ásia Central”, diz Tom, que originalmente pretendia viajar pelo Uzbequistão, Quirguistão, Cazaquistão, Mongólia, antes de voar para a Austrália e depois voltar para os EUA.

Infelizmente, as rígidas restrições de viagem em vigor na época significaram eles tiveram que abandonar os planos de visitar a Austrália e a Mongólia (ambos os destinos foram fechados para visitantes internacionais por cerca de dois anos), juntamente com o Cazaquistão.

Depois de caminhar pelo Quirguistão, um pequeno país da Ásia Central que faz fronteira com a China, ele e Savannah voaram para Seattle em agosto de 2021 e começaram a voltar para Nova Jersey.

Foto: Instagram/Theworldwalk

De todos os lugares por onde passou durante a viagem, Turcich diz que Wyoming, o estado menos populoso dos EUA, foi o mais difícil.

“É solitário lá fora”, diz ele, lembrando como ele e Savannah caminharam por um fim de semana inteiro sem ver uma loja ou mesmo uma pessoa, antes de finalmente se depararem com um pequeno posto de gasolina.

“Isso me pegou totalmente de surpresa. Voltei para os EUA pensando: ‘Estou de volta em casa.

Sobre caminhar tantos anos ao lado de uma cadelinha, Tom diz: “Savannah sempre tinha mais energia do que eu, sempre”. “Isso [andar de um país para outro] já é tranquilo para ela, pois é tudo o que ela conhece na vida.”

Foto: Reprodução / CNN

“Houve momentos em que íamos para o deserto e eu desmaiava no final do dia e ela vinha com um pau e queria brincar.”

Uma vez que estavam firmemente de volta ao solo americano, Tom estava mais ansioso do que nunca para completar a longa jornada e retornar à vida normal.

“Sete anos é muito tempo”, diz ele. “Uma vez que o fim estava à vista, eu mal podia esperar para voltar. Eu estava pronto para sair com meus amigos e familiares novamente, e não ter que arrumar minha barraca todas as manhãs.”

 

 

 

Foto: reprodução / CNN

Agora que está de volta à sua cidade natal, Tom gosta de se reconectar com os amigos, passar o tempo com a família e junto com a namorada, que conheceu na última parte da viagem e sua cachorrinha companheira.

Por enquanto, ela se concentra em escrever suas memórias de sua viagem, enquanto Savannah se adapta a estar no mesmo lugar o tempo todo.

“Meu pai a leva para uma caminhada de seis quilômetros ao redor do rio todas as manhãs”, diz ela.

“Então isso ajuda a tirar um pouco da energia dela. Ela volta, pula no sofá e tira uma soneca. Ela parece bem feliz aqui.”

Foto: Instagram/Theworldwalk

Quando perguntado se ele está ansioso para voltar à estrada, Turcich diz que é a coisa mais distante de sua mente. Na verdade, ele não tem planos de ir a lugar algum por um longo tempo.

“Quero aproveitar a vida sem andar e nem viajar”, diz ele. “Eu superei isso neste momento. Eu só quero estar em um lugar e entrar no ritmo.”

 

 

Com informações de CNN Espanol

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