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Biólogos alertam sobre importância de construir travessias alternativas nas rodovias do Texas (EUA)

10 de junho de 2010
3 min. de leitura
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Por Cassio Mosqueira  (da Redação – Canadá)

Para o motorista que o matou, o animal pode ter sido um caso infeliz de uma morte noturna na estrada, uma “coisa” perdida na vegetação de uma vala de irrigação na estrada para South Padre Island. Mas o transeunte que encontrou a carcaça junto à estrada, na manhã seguinte, sabia que se tratava de uma jaguatirica selvagem – uma das menos de 50 remanescentes nos Estados Unidos.

foto de uma jaguatirica
Foto: Reprodução/Chron.com

Tristeza para a comunidade de biólogos que luta para manter a espécie viva.

“Quando há tão poucas jaguatiricas, estamos sempre preocupados em não perder mais uma”, disse Kelly McDowell, líder do projeto para o Complexo de Refúgio do Sul do Texas, que vem realizando uma extensa pesquisa e campanha de sensibilização da população sobre as jaguatiricas. “Esperamos que talvez estejamos apenas ouvindo mais coisas… Mas isso pode ser ingênuo, também.”

As jaguatiricas costumavam vaguear a pradaria litoral do Texas até Louisiana e Arkansas, mas a fragmentação do habitat e a caça reduziram drasticamente seus números. Houve alegria semana passada, quando uma câmera capturou, no refúgio de vida selvagem, em Atascosa Laguna, um segundo gatinho nascido de uma fêmea chamada Esperança, mas a maior parte da subespécie norte americana está morrendo.

Veículos são responsáveis por cerca de metade das mortes das jaguatiricas documentadas nos últimos 30 anos no Sul do Texas.

Seis meses atrás, uma jaguatirica foi encontrada morta em uma estrada que conduz ao Refúgio. Os funcionários do parque responderam adicionando sinais, redutores de velocidade e o tempo de fechamento da estrada nas madrugadas.

No mês passado, a morte de um jovem macho com cerca de 3 anos causou um  “eu te avisei” para os funcionários de transporte do estado. A estrada Texas 100 vai de leste a oeste, atravessando o caminho de norte a sul das jaguatiricas jovens, que buscam o delta do Rio Grande, ou  o norte do México, para o relvado e um companheiro para acasalamento.

Em 2007, engenheiros subdividiram a rodovia em partes com barreiras de concreto, transformando o que tinha sido um obstáculo ao espaço aberto em um verdadeiro labirinto para os gatos.

Biólogos defenderam o levantamento de seções ao longo da pista, permitindo a travessia da vida selvagem em áreas de vegetação densa conhecidas, para permitir que os animais passassem por baixo, disse McDowell. O Departamento de Transporte do Texas colocou em uma passagem subterrânea, mas usou uma série de aberturas retangulares baixas como o resto da parede.

O projeto, segundo ele, “não era o que estávamos propondo.”

Vias de tráfego elevado são como tiro ao alvo para a vida selvagem, disse John Bissonette, um pesquisador ecólogo para o Geological Survey, na Universidade do Estado de Utah.

Há cerca de 215 mortes humanas originadas de colisões entre veículos e animais a cada ano nos Estados Unidos, além de muito mais lesões. Então, a travessia não visa beneficiar apenas apenas os animais, ele disse. Porém, nos últimos dez anos a sua utilização tem se expandido para cobrir espécies menores, que não representam muita  ameaça aos motoristas, tais como bueiros para répteis.

O porta-voz do Departamento de Transportes dos Estados Unidos, Doug Hecox, disse que dotações federais permitem que os estados tenham bastante margem de manobra na concepção das estradas, com 10% da fatia dos fundos para estradas disponível para essas opções, tais como ciclovias, percursos para pedestres e travessias para animais silvestres.

“O Texas tem sido um dos grandes estados que implementam travessias para vida selvagem”, disse ele. “É um desafio permanente, mas estamos sempre procurando maneiras de melhorar.”

Fonte: Chron

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