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Resenha - ZOO

17 de abril de 2010
4 min. de leitura
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Nestablo Ramos é um autor corajoso. Não é por menos, para fazer um livro como ZOO (16,5 x 24 cm, papel couchê em cores, 136 págs, R$34,90) é preciso colhões. Não só o autor, mas a própria editora, no caso a HQM Editora, por apostar em um tema tão espinhoso como a exploração animal. Pelo andar da carruagem tudo indica que colocaram ficha no páreo certo. De acordo com o autor já há outros livros dele na fila da HQM, fora a prometida continuação de ZOO – ainda sem datas definidas.

Talvez o que chame mais atenção no álbum, fora o tema, seja os traços de Nestablo. Todos muto limpos, bem delineados e agradáveis de se ver. Apesar de usar animais antropomorfos, a anatomia é muito bem construída, aproveitando de forma convincente as características naturais de cada animal. As cores também são muito bem aplicadas. O único porém é o pouco uso de cenários. Há cenas que, para destacar um personagem ou ação, é usado um fundo totalmente branco. Devido ao bom traço de Nestablo, ele poderia ter se dedicado mais aos cenários, enriquecendo em muito o trabalho. Nada que prejudique demais a obra em si. Mas vale a pena se ater nesse quesito para as próximas edições. Para finalizar o álbum, há nada menos do que mais de 20 páginas de esboços, pin-ups e mini posteres para serem apreciados, além de uma pequena galeria de “Arte dos Leitores.

Além dos desenhos, como dito acima, o mais importante é sem dúvida a trama. Principalmente quando se tem em mente criar uma obra engajada, como é o caso. Nestablo usa do método de inversão, isso quer dizer que, num mundo onde os animais são os dominantes, na verdade os humanos são os animais. Ou seja, tudo aquilo que os humanos de hoje fazem aos animais, eles sofrem em ZOO. Por exemplo, o início da história se passa no ZOO Fashion Week, talvez uma analogia ao São Paulo Fashion Week ou algo do gênero (confira entrevista com o autor contando o caso aqui). Nesse evento uma famosa modelo, a qual havia comentado nunca usar roupas de pele humana, irá participar de um desfile em que a o charme está justamente nessas peças e adereços. Outros pontos interessantes abordados por Nestablo é a questão da criação de humanos para abate e exposição. Algo comum nos dias atuais, mesmo podendo ser totalmente evitando sem, necessariamente, haver prejuízos a cultura do homem.

Destaque para quando o autor chama atenção aos abusos cometidos pela civilização no que tange a sua “racionalidade”. Para isso foram usadas algumas imagens reais, as quais dão um clima totalmente diferente a essa ficção. Ainda sobre os aspectos interessantes levantados pela obra, há de frisar a parte em que é colocado um humano para brigar, “em uma luta justa” contra um “tigre”. Como mostrado, o homem está longe de se equipar a qualquer animal no quesito força e adaptabilidade ao meio ambiente natural.

Já sobre a linha narrativa, ela versa sobre um grupo ambientalista dos direitos humanos que lutam pelo fim da exploração humana. No meio disso o leitor acaba sendo jogado num turbilhão de informações sobre o mundo ZOO tendo mais questões levantadas do que respostas. Parai ilustrar, ao fim da obra há perguntas como: O que é ZOO? Quem são os humanos? De onde vieram esses animais? Nestablo garante que no próximo volume a maioria dessas, e outras, indagações serão respondidas. “Mesmo assim a trama continuará, dando destaque para o universo de ZOO”, garante o autor.

Aos partidários dos direitos dos animais, esta é uma obra que merece ser conhecida sim. Já para os que têm birra de ouvirem falar em ambientalistas e fim da exploração animal, este também é um livro que merece ser apreciado. Talvez assim se tornem mais sensíveis e percebam que, como eles mesmos, todos os animais do planeta também têm sua sensibilidade, em maior ou menor grau.

Para aquirir seu exemplar, basta visitar o site da editora aqui. Ou escrever para o próprio autor pelo email [email protected] . Mais a respeito de Nestablo Ramos e ZOO pode ser acessado no blog particular aqui.

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