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Quênia aumenta matança de burros para vender a pele e a carne dos animais para a China

30 de agosto de 2017
3 min. de leitura
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Burros explorados no país
Foto: Reuters/Antony Njuguna

O matadouro de propriedade chinesa de US$ 6 milhões exporta os animais e é um dos três que abriu no Quênia nos últimos 18 meses. Desde a abertura desses locais que processam centenas de burros diariamente, em menos de dois anos, o preço de um burro adulto no país subiu para um valor que varia entre US$ 90 e US $ 130 frente ao custo anterior de US$ 40.

A venda de burros para o local se tornou a principal fonte de renda para Yebei, que reúne quinze burros a cada trajeto.

Em apenas alguns anos, a exportação de peles e carne de burro para a China aumentou na África. Os animais são usados no ejiao, um remédio chinês tradicional e considerados uma fonte de alimento nutritiva.

O Donkey Sanctuary, uma organização de proteção de burros sediada no Reino Unido, informa que a demanda anual de burros é de 10 milhões, um quarto da população global estimada dos animais.

Há aproximadamente 20 anos, a China tinha em torno de 11 milhões de burros, mas hoje existem aproximadamente seis milhões. O país recorreu à África nos últimos anos para compensar o déficit, informa a reportagem do Quartz.

A demanda pela exportação dos animais é tão alta que vários países africanos proibiram o assassinato de burros em resposta à caça generalizada e para diminuir o impacto sobre os agricultores locais, que exploram animais para a subsistência.

Consequentemente, o sequestro e o tráfico transfronteiriço dos animais é muito grande, particularmente no Quênia, onde ainda é proibido matar burros. Os comerciantes usam trajetos informais e não existem estatísticas oficiais sobre o tráfico. Porém, os matadouros admitem que os vizinhos do Quênia são uma importante fonte de abastecimento.

“Existem burros que são trazidos desde a Somália. Muitos dos burros que são trazidos para o matadouro pelos comerciantes das regiões fronteiriças vêm do outro lado da fronteira, especialmente da Tanzânia”, afirma Lu Dong Lin, diretor-gerente do Goldox.

Veterinários e ativistas pelos direitos animais temem que a população de burros no país possa ser extinta em uma década ou menos. Cerca de 400 burros são mortos nos matadouros existentes todos os dias.

“Com a enorme demanda na China, a população de burros do país agora está em perigo”, explica Samuel Kahariri, presidente da Associação Veterinária do Quênia e membro do Conselho de Veterinária do Quênia.

Os ativistas dizem que durante o último ano, pelo menos 100 mil burros foram  mortos em matadouros. Alguns são mortos ilegalmente por caçadores e suas carnes são vendidas no mercado local, onde comer carne de burro é considerado um tabu.

Organizações criminosas capturam e assassinam cruelmente os animais antes de esfolá-los em matagais ou em matadouros improvisados. Botswana, Burkina Faso, Mali, Níger e Senegal proibiram as exportações de produtos de burro nos últimos anos.

Em Abril, após protestos contra a matança dos animais, a Etiópia, que abriga cerca de 7,4 milhões de burros, proibiu o comércio da pele de burros e cancelou a licença de um matadouro de propriedade chinesa no país, dizendo que era “contra os valores e a cultura da sociedade”. A Tanzânia seguiu o exemplo em Maio.

Há comerciantes quenianos que traficam burros de países vizinhos e adquirem licenças das autoridades locais antes de transportá-los para os matadouros.

Com a diminuição da população de burros, programas de reprodução têm sido colocados em prática para atender a demanda pelos animais. Dois matadouros de burros no Quênia já possuem programas em pequena escala. O Goldox possui uma fazenda de 100 acres para a reprodução dos animais que fica situada perto do matadouro.

 

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