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Queijos vegetais ajudam a sedimentar um futuro sem leite

25 de março de 2020
4 min. de leitura
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Embora o mercado de queijos vegetais não seja acessível à grande parte da população de países em desenvolvimento como o Brasil, há indicativos de que essa realidade pode mudar nos próximos anos com o aumento da oferta e demanda associada à redução nos custos de produção.

Previsão de movimentação de R$ 6,46 bilhões até 2024

Hoje o mercado global de queijos sem leite de origem animal já conta com diversidade – versões do tipo muçarela, cheddar, feta, provolone, minas, ricota, prato, parmesão, brie, gouda, azul, suíço e cream cheese, entre outros. Por ora, as matérias-primas predominantes são soja, amêndoas, castanha-de-caju e outros tipos de oleaginosas.

Queijo vegetal da marca grega Violife, que chegou ao Brasil em agosto de 2019 (Foto: Violife/Divulgação)

Algumas opções como a muçarela e o cheddar já estão além de hipermercados e lojas especializadas e ganhando espaço por meio do food service e das redes de fast food, que recebem cada vez mais demandas por opções sem nada de origem animal.

Isso se tornou primeiro uma tendência e realidade na América do Norte e Reino Unido, mas que hoje também encontra mercado no Brasil e em muitos outros países. Como consequência, há uma previsão de movimentação global de R$ 6,46 bilhões em queijos vegetais até 2024, segundo dados da empresa de pesquisa de mercado Infiniti Research Limited.

Em janeiro deste ano, a Chr. hansen, a maior fornecedora mundial de bactérias lácteas, com sede ao norte de Copenhague, disse que as alternativas à base de plantas precisam fazer parte de sua estratégia. “Você pode questionar o quanto vai crescer, mas não pode dizer que é uma moda passageira”, anunciou. 

Mais diversidade de empresas e marcas

Além disso, os queijos vegetais terão uma taxa de crescimento anual composta de 8%, percentual superior à soma de crescimento de todos os ingredientes lácteos, considerados inovadores ou não, até 2024 – que juntos não devem ultrapassar 5,1%.

Também há uma estimativa da Research and Markets de que até 2024 o mercado global de alternativas aos laticínios passe a valer o equivalente a R$ 193,4 bilhões. Nos últimos anos, o setor vem conquistando consumidores que estão substituindo os laticínios por produtos à base de vegetais ou que já não se restringem aos produtos lácteos, e a tendência é que esse crescimento se acentue cada vez mais em médio e longo prazo, e por diferentes razões.

Outro ponto positivo é que as alternativas não lácteas têm permitido um cenário com mais diversidade de empresas e marcas no mercado, favorecendo não apenas grandes grupos, como ocorre no setor leiteiro, que passa por grave crise principalmente nos países mais desenvolvidos – com fechamentos de muitas fazendas e laticínios nos últimos três anos, como registrado nos EUA.

É preciso conquistar o consumidor tradicional de queijo

Por outro lado, é a qualidade e a capacidade dos queijos vegetais conquistarem um crescente número de consumidores que determina o crescimento desse mercado, considerando alcance e possibilidade de ser oferecido no varejo e também não somente no varejo.

Nesse aspecto, se o fabricante tem a intenção de conquistar um mercado mais amplo, ele deve oferecer opções que estimulem os consumidores de queijos tradicionais a experimentarem e adotarem o seu produto em vez daqueles à base de laticínios.

Para isso é importante não apenas priorizar sabores e texturas que imitem queijos tradicionais, mas também oferecer diferenciais na qualidade nutricional do produto, inclusive em relação às proteínas e concentração de sódio.

Meta não deve ser se igualar ao que existe no mercado 

Outro fator de importância e diferenciação é a honesta dissociação de sua produção com substâncias artificiais e outros ingredientes nocivos à saúde, assim podendo categorizá-los como mais saudáveis que as versões lácteas industrializadas.

Tudo indica que esse mercado pode ter um potencial ainda maior do que estimado pelas mais recentes projeções, mas desde que reservada uma preocupação ética perante o consumidor.

Ou seja, a meta não deve ser se igualar ou referenciar o que existe hoje no mercado de produtos lácteos, mas oferecer produtos que os superem em todos os aspectos, e que ao mesmo tempo passe por um aperfeiçoamento na linha de desenvolvimento que garanta sua circulação e consumo por diferentes camadas sociais, assim realmente deixando os queijos tradicionais para trás.


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