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Quatro espécies de aves endêmicas em São Tomé e Príncipe estão no limiar de extinção

12 de maio de 2015
3 min. de leitura
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Ibís-de-são-tomé (Bostrychia bocagei)
Ibís-de-são-tomé (Bostrychia bocagei)

Entre as aves em vias de extinção está a Galinhola que “só existe em São Tomé e nenhuma outra parte mais do mundo”, o Anjolô e o Picanço, ambos que também só existem em São Tomé. A quarta espécie é o Tordo do Príncipe, que também só existe naquela ilha.
“Estas quatro espécies estão na categoria do mais alto perigo de extinção. São de populações pequenas e o seu habitat é só no Obô (floresta densa)”, disse Hugo Sampaio, atribuindo a iminência do desaparecimento dessas aves à “desflorestação para aproveitamento agrícola”.
“Por si só, os seus habitats já são reduzidos, porque são ilhas pequenas, mas havia muito mais florestas primárias, tanto em São Tomé, como no Príncipe. Depois de o homem ter reduzido ainda mais o seu habitat com a desflorestação para a introdução de algumas culturas, esses pássaros correm sério risco de desaparecer”, disse Hugo Sampaio.
Outro fator de perigo para estas espécies, segundo o investigador, “está nos predadores”.
“As espécies quando aqui evoluíram, não evoluíram com predadores, havendo casos de aves em que o homem pode chegar e apanhá-las com a mão, tal como acontece, por exemplo nas ilhas Galápagos”, explicou.
“Mas agora existem os ratos, gatos, lagaias, macacos e cobras pretas e esses animais alimentam-se das aves e dos seus ovos”, acrescentou.
A equipa da Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves está a trabalhar mais focada nas três espécies em vias de extinção em São Tomé, prevendo a deslocação para a ilha do Príncipe no período da gravana (junho, julho e agosto) para trabalhar sobre a quarta espécie que é o Tordo.
“Começámos a trabalhar em São Tomé em 2013, e como sabe, havia aquele problema da desflorestação pela Agripalma (projeto de plantação de palmeiral para produção de óleo de palma) e com isso havia mais urgência em permanecer aqui para tentar evitar que houvesse a desflorestação toda”, explicou.
Além da desflorestação e dos predadores, existe, segundo o investigador, outro problema que contribui para o desaparecimento das aves endémicas são-tomenses, que são os caçadores.
“Normalmente são os caçadores de porcos selvagens que matam as galinholas. Elas vivem muito para o interior das florestas e os porcos também estão a ficar cada vez mais escassos. Dá-se o caso de muitas vezes os caçadores penetrarem nas florestas e não encontrarem porcos. E para não regressarem de mãos vazias, caçam algumas galinholas para comerem”, explicou Hugo Sampaio.
Das três espécies existentes na ilha de São Tomé em vias de extinção a galinhola é a que está mais ameaçada, segundo a sociedade portuguesa, que estima a sua população entre apenas 50 e 250 membros.
De acordo com a SPEA, em São Tomé e Príncipe existem pelo menos 28 espécies que só existem nestas ilhas.
A Sociedade portuguesa para o estudo das aves é membro da BirdLif International, que agrupa várias organizações do género espalhadas em 110 países. Trabalha para a conservação das aves e seus habitats, particularmente as aves em vias de extinção ou o grupo das aves mais ameaçadas.
A SPEA pretende implementar em São Tome e Príncipe um “projeto de conservação direta” destas espécies, criando, conjuntamente com a Direção do Ambiente, um plano de gestão nos parques naturais das duas ilhas, que inclui guardas, vigilantes e monitorização constante de seguimento das espécies.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Diário Digital
 

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